O Que Foi a COP 23?
A COP 23, ou 23ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), foi realizada em Bonn, Alemanha, entre os dias 6 e 17 de novembro de 2017. Pois bem, a COP 23 ocorreu em Bonn, mas foi organizada sob a presidência das Ilhas Fiji. Sendo a primeira vez que um pequeno estado insular particularmente vulnerável às mudanças climáticas, presidiu uma conferência do clima. Isso trouxe um foco adicional para a situação das nações mais afetadas pelo aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos. Por exemplo: ciclones e inundações.
A conferência realizou-se em um momento de incertezas políticas, principalmente após a decisão dos Estados Unidos de se retirar do Acordo de Paris. Apesar disso, a COP 23 conseguiu reafirmar o compromisso global com o combate às mudanças climáticas. Em suma, aais uma vez destacando a necessidade de intensificar os esforços para limitar o aquecimento global a níveis seguros.
O principal objetivo da COP 23 era avançar na criação do chamado Livro de Regras do Acordo de Paris. Ou seja, definiria as orientações práticas para a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e os mecanismos de monitoramento das emissões. Esse livro de regras deveria ser finalizado e aprovado na COP 24, em 2018, o que fez da COP 23 um evento preparatório crucial.
Neste artigo, vamos explorar o que foi a COP 23, seus principais resultados e como ela contribuiu para fortalecer a implementação do Acordo de Paris e a cooperação internacional.
Principais Resultados e Decisões da COP 23
1. Avanços no Livro de Regras do Acordo de Paris
A COP 23 marcou um importante progresso no desenvolvimento do Livro de Regras do Acordo de Paris, que incluiria diretrizes para a medição, relato e verificação das metas de redução de emissões. Esse sistema de transparência visa garantir que todos os países tenham monitoramento de forma justa e consistente, proporcionando assim mais confiança no processo de implementação climática global.
As negociações em Bonn também buscaram definir regras para avaliar o aumento da ambição das NDCs ao longo do tempo, permitindo que os países ajustem suas metas de acordo com novos avanços tecnológicos, bem como mudanças nas capacidades nacionais.
Livro de Regras do Acordo de Paris – O que é e diretrizes
2. Lançamento do Diálogo de Talanoa
Um dos principais resultados da COP 23 foi o lançamento do Diálogo de Talanoa , um processo de diálogo inclusivo e participativo para avaliar o progresso global na luta contra as mudanças climáticas. O termo Talanoa vem da tradição fijiana de diálogo e cooperação, e o objetivo desse mecanismo era promover uma troca de experiências e principalmente boas práticas entre os países para aumentar a ambição climática.
O Diálogo de Talanoa foi pensado como uma plataforma para que os países compartilhassem histórias, desafios e soluções, ajudando a construir confiança e transparência no processo de revisão das NDCs.
Diálogo de Talanoa – O que é, formato, objetivos e como funciona
3. Fortalecimento das Ações para Perdas e Danos
A COP 23 também reforçou a necessidade de apoiar os países mais vulneráveis por meio do Mecanismo Internacional de Varsóvia para Perdas e Danos. Esse mecanismo, criado na COP 19, foi fortalecido para abordar os impactos climáticos irreversíveis, como a destruição de ecossistemas, assim como a perda de território em ilhas afetadas pela elevação do nível do mar.
Houve avanços na formulação de planos para compensar comunidades que enfrentam deslocamento forçado e outros problemas causados por eventos climáticos extremos.
Mecanismo Internacional de Varsóvia – O que é e seus objetivos
4. Financiamento Climático e Apoio a Países em Desenvolvimento
Na COP 23, o financiamento climático se tornou novamente um tema central. Ou seja, com discussões sobre como os países desenvolvidos poderiam garantir o fluxo de 100 bilhões de dólares anuais para apoiar os países em desenvolvimento na implementação de suas NDCs. A conferência também destacou a necessidade de aumentar o apoio financeiro para medidas de adaptação. Com isso, tentaram garantir que as nações mais vulneráveis tenham recursos para fortalecer sua resiliência.
Financiamento climático – O Que é, Importância e Desafios
5. Lançamento de Iniciativas e Parcerias Globais
Durante a COP 23, foram lançadas várias iniciativas para promover a cooperação internacional e assim acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Entre elas, destaca-se a Aliança de Energia Solar Internacional. Liderada pela Índia e pela França, visa aumentar o investimento e a capacidade instalada de energia solar em países em desenvolvimento.
Aliança de Energia Solar Internacional (ISA)
Outras iniciativas incluíram programas de proteção costeira para pequenas ilhas e parcerias para reduzir a poluição do ar em áreas urbanas. Por fim, essas ações ajudaram a ampliar o escopo de cooperação e apoio técnico e financeiro.
A Participação do Brasil na COP 23
O Brasil teve uma atuação ativa na COP 23, defendendo a necessidade de promover um equilíbrio entre mitigação e adaptação nas negociações climáticas. O país reiterou seu compromisso com a implementação das NDCs, que preveem a redução de 37 por cento das emissões até 2025 e 43 por cento até 2030, em relação aos níveis de 2005.
O Brasil também destacou a importância de receber apoio financeiro e tecnológico para implementar suas ações de adaptação, principalmente nas áreas de uso da terra e proteção das florestas tropicais. O país defendeu que as nações desenvolvidas devem assumir a liderança na mobilização de recursos para alcançar um “desenvolvimento mais sustentável”.
Leia mais: Desenvolvimento Sustentável – reflexão e análise profunda do conceito
Impacto e Legado da COP 23
A COP 23 foi fundamental para manter o impulso das negociações climáticas após a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. A conferência ajudou a fortalecer a cooperação internacional e destacou a importância de aumentar a ambição climática para cumprir as metas globais. O lançamento do Diálogo de Talanoa foi, portanto, um marco importante, oferecendo um novo modelo de cooperação que incentiva a participação ativa de todos os países.
Em conclusão, apesar dos avanços, a conferência também destacou os desafios que ainda precisam ser enfrentados, como o financiamento climático e a definição de regras claras para a revisão e monitoramento das metas. Por isso, o legado da COP 23 é visto como um passo essencial para consolidar a implementação do Acordo de Paris e garantir que todos os países estejam alinhados no combate às mudanças climáticas.
Resumo – Perguntas e Respostas sobre a COP 23
A COP 23 foi a 23ª Conferência das Partes da UNFCCC, realizada em Bonn, Alemanha, em 2017, sob a presidência das Ilhas Fiji, focada em avançar as diretrizes do Acordo de Paris.
O principal resultado foi o lançamento do Diálogo de Talanoa e o avanço no desenvolvimento do Livro de Regras do Acordo de Paris, que definiria como os países devem implementar, bem como monitorar suas metas.
O Diálogo de Talanoa é um processo inclusivo de diálogo criado para avaliar o progresso global e assim aumentar a ambição das ações climáticas. Baseia-se na tradição fijiana de compartilhamento de histórias e cooperação.
A COP 23 destacou a necessidade de garantir o fluxo de 100 bilhões de dólares anuais para apoiar os países em desenvolvimento. Além disso, prometeram aumentar o financiamento para medidas de adaptação.
O Brasil defendeu a importância de equilibrar ações de mitigação e adaptação e destacou a necessidade de receber apoio financeiro e tecnológico para proteger suas florestas e assim promover o “desenvolvimento sustentável“.
Respostas