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Enciclopédia da Sustentabilidade

Obsolescência Programada – a manipulação contra a sustentabilidade

Obsolescência Planejada
Você já ouviu seus pais dizendo, “antigamente as coisas duravam mais?” Eles estão certos. A obsolescência programada mudou muitos produtos.

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

Obsolescência Programada, a artimanha do mercado para continuarmos consumindo

O nome pode até parecer um pouco estranho. No entanto, quando seus pais ou avós comentam que “na época deles as coisas duravam muito mais”, saiba que eles não estão errados. Fazer com que um produto seja menos durável para ser consumido, é um dos muitos truques da obsolescência programada (planejada) ou ainda, propaganda programada.

A obsolescência programada ou propaganda programada, é criada pelas empresas e pelos profissionais de marketing com o objetivo de nos manipular.

A obsolescência programada se divide em três vertentes:

  • A obsolescência de qualidade

    Neste caso é a vida útil dos produtos que diminui propositalmente através de algumas armadilhas feitas pelos fabricantes.

  • Obsolescência perceptiva

    É quando as empresas e seus marqueteiros usam o psicológico criando uma necessidade que antes não existia.

  • Obsolescência tecnológica

    A tecnologia apresenta novidades para que o consumidor troque seu produto mesmo que não seja mais útil do que já era.

Histórias emblemáticas da Obsolescência Programada

1- Obsolescência de qualidade

Existem casos emblemáticos na história da indústria relacionados a este tipo de atitude empresarial. Como por exemplo o do cartel Phoebus, no qual todas as indústrias fabricantes de lâmpadas se juntaram para decidir que as lâmpadas, que até então duravam 2.500 mil horas, passariam a queimar quando atingissem mil horas de funcionamento.

Lâmpadas feitas para durar pouco – de propósito – assim você terá que comprar outras

Outro bom exemplo é o caso do Nylon, criado pela Dupont. Logo de início a fibra, material das meias calças, era super-resistente e feito para durar muitos e muitos anos.

Só que a longa durabilidade do material ocasionava um problema comercial: caso as meias não estragassem nunca, quem compraria novos pares? Sendo assim, decidiram “piorar” a qualidade para que rasgassem com mais facilidade, estimulando o consumo.

Sim, todas as vezes em que você passou vergonha com a sua meia calça rasgando de ponta a ponta (quem nunca?) foi por responsabilidade da obsolescência programada adotada pelas indústrias.

Por fim, a última moda – meia rasgada de marca por até R$ 1.200. Mais consumo!

É duro saber que estamos sendo enganados!

Revoltante imaginar que estamos à mercê de atitudes propositais das empresas para nos enganar, não é mesmo? Porém, sinto informar que o problema não para por aí.

Outras formas de Obsolescência Programada

2- Obsolescência por meio do psicológico e o emocional – desejo

obsolescência programada

Obsolescência Planejada

A outra forma de Obsolescência Programada ou planejada, a chamada obsolescência de desejabilidade. Ela induz você a criar uma nova necessidade.

Criar necessidade

É uma estratégia ainda pior, pois não atua somente sobre os produtos, mas sobre o nosso sistema psicológico e emocional.

Neste caso a estratégia é desvalorizar prematuramente um produto ou serviço sem uma real mudança das funcionalidades. Assim, as indústrias produzem o mesmo item com um estilo diferente e fazem com que o produto no qual o novo design foi implementado, passe a ser objeto de desejo dos consumidores.

A moda – uma armadilha

Um caso clássico são as coleções de roupas lançadas a cada estação. Por mais que os consumidores já tenham calças e camisas, sempre são sugeridos a pretenderem ter aquela que está “na moda”.

Desfile de moda reciclada, produtos de Upcycling
Desfile de moda reciclada, produtos de Upcycling – reinvenção de consumo, mas não passa de outra forma de fazer você continuar consumindo

Livre-se desta programação mental!

A indústria da moda, baluarte do conceito de obsolescência programada, por exemplo, é uma das atividades com maiores índices de poluição.

Analogamente, a escolha de opções alternativas àquelas propostas pelo mercado pode ser vista como causa de exclusão social – ainda que de maneira implícita. A ideia da obsolescência planejada é criar novas formas de fazer você cair em outra armadilha psicológica.

Os Marqueteiros sabem como usar isso para criar em nós um motivo de consumo.

Os papéis das campanhas de marketing

Campanhas de marketing e estratégias de design têm papéis fundamentais na implementação da obsolescência programada. Incutem nos consumidores a ideia de que, para serem aceitos socialmente, devem obrigatoriamente possuir determinada coisa.

Outros exemplos usuais de obsolescência planejada são as alterações de modelos. Os fabricantes mudam de modelo todos os anos: dos carros, dos telefones, computadores e demais gadgets tecnológicos.

obsolescência programada
Quantos % de tecnologia você realmente usa?

Manipulação aprimorada

É fato que, à medida que a tecnologia avança, as técnicas de obsolescência baseadas em desejabilidade também vão ficando mais sofisticadas.

Antigamente, por exemplo, não fazia sentido alguém trocar o aparelho telefônico com fio, da sala de estar, todos os anos. Já hoje em dia, na era em que carregamos nossos telefones para todos os lugares, passou a ser quase obrigatório, embora seja uma crença, portar um aparelho de último modelo.

Será mesmo?

Tudo bem, você não precisa continuar usando o seu Startac Motorola de 1997, só porque ele continua funcionando. Mas será que é mesmo necessário trocar todos os anos, só porque o formato mudou, ou adicionaram uma polegada a mais na tela?

O que é Obsolescência Programada- A tecnologia cria obsolescência de propósito

3- Obsolescência tecnológica

Ainda não falamos do terceiro tipo de obsolescência, a tecnológica. Essa ocorre quando um produto é substituído por um novo, com tecnologia mais avançada, que acaba desempenhando com mais eficiência as necessidades do público consumidor.

Nesta situação pode até ser interessante fazer a troca (desde que o descarte seja feito de forma correta). Mas apenas se, de fato, existir uma boa funcionalidade, e não porque você corre o risco de ser um pária social se não fizer.

Chips de computadores avançados
Cada vez mais complexidade para nos fazer consumir

Veja bem, a verdade é que hoje em dia está muito difícil diferenciar os três tipos de obsolescência. Os tentáculos do marketing chegam cada vez mais longe. Todo dia os insaciáveis produtores industriais pedem aos marqueteiros que criem mais formas de manipulação. Nos instigam a arrumar novos sonhos de consumo na velocidade da luz. Não à toa os algoritmos que buscam determinar nossos padrões de aquisição, coletando os dados das propagandas em que clicamos, sejam os que se popularizaram de maneira mais rápida entre as empresas.

Manipulação tecnológica

Isso faz com que um produto que poderia ser trocado apenas pela chegada de uma nova tecnologia acabe sendo trocado por questões de desejabilidade. Afinal a propaganda diz que você “precisa” ter o último modelo. Mas, precisa mesmo?

Somos vitimas das pressões sociais

Tentamos resistir aos apelos do marketing – mantendo aquele bom e velho telefone ou computador por mais alguns anos, que ainda continuam funcionando. Mas as indústrias fazem que, depois de um tempo, eles não sejam mais capazes de rodar os sistemas operativos. Essa é uma nova técnica de obsolescência programada, criada pelas indústrias, especialmente para o século XXI.

Economia verde: quem ainda ganha com esse modelo?

Economia verde: quem ainda ganha com esse modelo?

Ou seja:

Uma hora ou outra a indústria irá te obrigar a fazer a troca. Não me sinto bem quando sou “obrigado(a)” a fazer algo. E você?

O cenário é desolador e ao que parece não podemos fazer nada. A indústria, além de nos manipular psicologicamente, ainda torna nossos produtos obsoletos de acordo com seus interesses.

Quem é o responsável pelas mudanças climáticas? (Abre numa nova aba do navegador)

E o meio ambiente? As pressões sociais exercidas para que sejamos obrigados a possuir determinados objetos são nocivas até mesmo do ponto de vista econômico. Veja bem, ao invés de gerarem riqueza e produtividade, emanam efeitos nefastos ao meio ambiente no longo prazo. Isso custará uma fortuna para todos! Se mudarmos a ideia de crescimento econômico contínuo e pararmos produzir e consumir freneticamente, mais tarde, a conta será menor.

Seríamos então meras marionetes, obrigadas a consumir sem parar, certo? ERRADO! Podemos agir e mudar isso!

Exemplos de Obsolescência Programada

1- Lâmpadas incandescentes

No início do século XX, as lâmpadas incandescentes tinham uma vida útil de até 2.000 horas. No entanto, na década de 1920, as empresas fabricantes de lâmpadas se reuniram em um cartel e concordaram em reduzir a vida útil das lâmpadas para 1.000 horas.

2- Televisores

Os primeiros televisores tinham uma vida útil de até 30 anos. No entanto, hoje em dia, é comum que um televisor dure apenas de 5 a 10 anos. Isso ocorre porque os fabricantes estão usando componentes mais baratos e menos duráveis.

3- Celulares

Inicialmente, os celulares tinham uma vida útil de até 5 anos. Hoje em dia, é comum que um celular dure apenas de 2 a 3 anos. Isso ocorre porque os fabricantes estão lançando novos modelos com frequência cada vez menor.

4- Computadores

Os computadores tinham uma vida útil de até 10 anos. No entanto, hoje em dia, é comum que um computador dure apenas de 5 a 7 anos. Isso ocorre porque os fabricantes estão lançando novos modelos com especificações cada vez mais avançadas.

5- Impressoras

As primeiras impressoras tinham uma vida útil de até 100.000 páginas. No entanto, hoje em dia, é comum que uma impressora dure apenas de 5.000 a 10.000 páginas. Isso ocorre porque os fabricantes estão usando cartuchos de tinta mais caros e menos duráveis.

6- Equipamentos eletrônico

Muitos equipamentos eletrônicos, como câmeras, geladeiras, lavadoras e secadoras, são projetados para serem difíceis de consertar. Isso torna mais provável que os consumidores os descartem e comprem novos.

7- Software

Muitas empresas de software lançam novas versões de seus produtos com frequência cada vez menor. Isso pode tornar os produtos antigos obsoletos e incompatíveis com novos recursos.

8- Moda

A indústria da moda é um dos principais contribuintes para a obsolescência programada e a usam para fazer você trabalhar e usar seu suado dinheiro para mais e mais lucros das indústrias. Então, as marcas de moda lançam novas coleções com frequência cada vez menor, incentivando os consumidores a comprar roupas novas com mais frequência.

Como combater a Obsolescência?

Agora sabemos que essa prática é prejudicial ao meio ambiente e à economia, pois aumenta a quantidade de lixo eletrônico e desperdiça recursos naturais. Então, você precisa saber que existem várias maneiras de combater a obsolescência programada, tanto por parte dos consumidores quanto por parte dos governos.

Por exemplo:

Ações individuais

  • Evitar compras desnecessárias: antes de comprar um produto, pergunte-se se realmente precisa dele. Se a resposta for não, deixe-o para lá.
  • Preferir produtos duráveis: opte por produtos feitos com materiais de qualidade e com um bom histórico de durabilidade.
  • Reparar produtos quebrados: antes de jogar um produto fora, tente repará-lo. Muitas vezes, é possível consertar um produto com um pouco de esforço e criatividade.
  • Comprar produtos usados: comprar produtos usados é uma ótima maneira de reduzir o consumo e o desperdício.
  • Apoiar marcas que se comprometem com a sustentabilidade: existem muitas marcas que se preocupam com o meio ambiente e produzem produtos duráveis e sustentáveis.

Ações governamentais

  • Legislação: criar leis que proíbam ou restrinjam a prática da obsolescência programada.
  • Educação: promover campanhas de educação para conscientizar os consumidores sobre o problema da obsolescência programada.
  • Incentivos: oferecer incentivos fiscais ou financeiros às empresas que produzem produtos duráveis.

A união de esforços de consumidores e governos é essencial para combater a obsolescência programada e promover um consumo mais consciente e sustentável.

O que é consumo consciente? Você compra por que realmente precisa? (Abre numa nova aba do navegador)

Obsolescência programada

Consumo - resumos

  • O que é obsolescência programada ou planejada? Com exemplo.
    A obsolescência programada ou planejada é a prática de projetar e fabricar produtos com uma vida útil limitada ou reduzida, intencionalmente, levando os consumidores a comprar novos produtos ou atualizações com maior frequência.
    Obsolescência Planejada
    Obsolescência Planejada
    Exemplo: Um exemplo clássico de obsolescência programada é a indústria de smartphones. Muitos fabricantes lançam novos modelos anualmente, com pequenas melhorias em relação aos modelos anteriores. Além disso, alguns smartphones podem ter baterias que se desgastam rapidamente, fazendo com que o desempenho do dispositivo diminua após um ou dois anos de uso. Isso leva os consumidores a substituir seus smartphones com mais frequência do que seria necessário se os dispositivos fossem projetados para durar mais tempo ou se as baterias fossem facilmente substituíveis.
  • Por que as empresas adotam a obsolescência programada? Com alguns exemplos exemplos
    A principal razão é estimular o consumo e impulsionar as vendas. Ao limitar a vida útil dos produtos, as empresas incentivam os consumidores a substituí-los mais rapidamente, gerando demanda contínua e aumentando o lucro. Exemplo: Um exemplo pode ser encontrado na indústria de impressoras domésticas. Algumas fabricantes de impressoras projetam seus dispositivos para que, após um número específico de impressões, um chip interno informe o usuário de que a impressora precisa ser substituída ou reparada, mesmo que ela ainda esteja funcionando bem. Essa prática leva os consumidores a comprar uma nova impressora ou gastar dinheiro em reparos caros, aumentando assim a receita da empresa. Em muitos casos, essa estratégia é implementada para garantir que os consumidores comprem cartuchos de tinta novos e genuínos com maior frequência, gerando lucro adicional para os fabricantes.
  • Quais são os tipos de obsolescência programada? Resumo com exemplo.
    Existem alguns tipos principais de obsolescência programada: a) obsolescência técnica, onde um produto é projetado para falhar ou se desgastar após um certo período de uso; b) obsolescência estética, que ocorre quando um produto é considerado desatualizado devido a mudanças na moda ou no design; e c) obsolescência de compatibilidade, que ocorre quando um produto se torna incompatível com novas tecnologias ou atualizações. Exemplo de obsolescência de compatibilidade: Suponha que você comprou um console de videogame há alguns anos. Com o tempo, os desenvolvedores de jogos começam a criar novos títulos que exigem hardware mais avançado e melhor desempenho gráfico. Esses novos jogos não funcionam no console antigo, forçando os usuários a adquirir um novo console para desfrutar dos últimos lançamentos. Essa obsolescência de compatibilidade incentiva os consumidores a atualizar seus dispositivos para permanecerem compatíveis com as novas tecnologias e tendências do mercado.
  • Quais são as consequências da obsolescência programada?
    As consequências negativas incluem o aumento do desperdício e da poluição, o esgotamento de recursos naturais e a contribuição para a desigualdade econômica. Além disso, os consumidores podem sentir-se insatisfeitos ou enganados ao precisar substituir produtos frequentemente. Exemplo: A indústria de eletrônicos é um exemplo notável das consequências negativas da obsolescência programada. Com a rápida evolução da tecnologia e a constante demanda por dispositivos mais novos e melhores, como smartphones, tablets e laptops, os consumidores frequentemente descartam seus dispositivos antigos, mesmo que ainda estejam funcionais. Essa prática contribui para o aumento do lixo eletrônico, que contém materiais tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente. Além disso, a extração dos recursos necessários para fabricar esses dispositivos pode levar ao esgotamento de recursos naturais e contribuir para a exploração de trabalhadores em países em desenvolvimento, onde muitos desses materiais são extraídos.
    Obsolescência Programada
    Obsolescência Programada
  • Como combater a obsolescência programada? Com um bom exemplo.
    Algumas estratégias para combater a obsolescência programada incluem: a) políticas governamentais que promovam a durabilidade e a reparabilidade dos produtos; b) educação e conscientização do consumidor sobre a prática; c) incentivo à economia circular, onde os produtos são projetados para serem reutilizados, remanufaturados ou reciclados; e d) apoio a empresas e tecnologias que priorizem a sustentabilidade e a longevidade dos produtos. Exemplo: Um exemplo de combate à obsolescência programada é a legislação aprovada na França em 2015, conhecida como "Lei contra a obsolescência programada" (Loi contre l'obsolescence programmée). Essa lei torna ilegal a prática intencional de encurtar a vida útil de um produto e exige que os fabricantes forneçam informações sobre a disponibilidade de peças de reposição. Além disso, a lei prevê multas e penas de prisão para fabricantes que não cumpram as regulamentações. Essa legislação incentiva a fabricação de produtos mais duráveis e reparáveis, reduzindo o impacto ambiental e ajudando a combater a obsolescência programada.

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