Parque Estadual do Alto Cariri – história e biodiversidade

Placa de madeira exibe: “PARQUE ESTADUAL DO ALTO CARIRI”, posicionada em frente a floresta densa e vegetação atlântica preservada.
Nome: Parque Estadual do Alto Cariri
Área: Aproximadamente 6.151,1380 hectares
Data de Criação: 18 de fevereiro de 2008
Lei de criação: Decreto nº 44.726
Endereço: Parque Estadual do Alto Cariri – Municípios de Santa Maria do Salto e Salto da Divisa, Minas Gerais

No extremo nordeste de Minas Gerais, entre matas densas e paisagens montanhosas, o Parque Estadual do Alto Cariri preserva um dos últimos grandes fragmentos de Mata Atlântica da região. Criado em 18 de fevereiro de 2008, por meio do Decreto Estadual nº 44.726, o parque protege 6.151,138 hectares de floresta em áreas dos municípios de Santa Maria do Salto e Salto da Divisa.

Além de sua relevância ambiental, a unidade cumpre um papel fundamental no equilíbrio climático, na segurança hídrica e na conservação de espécies ameaçadas. A altitude, a topografia acidentada e a vegetação diversificada fazem do parque um ponto de convergência ecológica entre a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga.

Vegetação de altitude com valor ecológico estratégico

O relevo do Alto Cariri favorece a formação de florestas úmidas e campos de altitude, duas formações vegetais cada vez mais raras em Minas Gerais. Árvores altas, cipós, bromélias e samambaias dominam o interior da mata, enquanto pequenas áreas de campo natural surgem em altitudes elevadas. Essas zonas abrigam espécies vegetais especializadas, muitas vezes exclusivas da região.

Esse mosaico de habitats permite que uma grande variedade de espécies sobreviva, mesmo diante de pressões externas. A presença de florestas maduras em áreas contínuas amplia a capacidade de regeneração natural e fortalece a resiliência ecológica do território.

A vegetação também contribui para a proteção do solo, evitando erosões e deslizamentos. Isso se torna ainda mais importante durante o período chuvoso, quando o volume de água sobre o relevo inclinado pode causar danos significativos fora da área protegida.

Refúgio seguro para espécies ameaçadas

Um dos principais diferenciais do Parque Estadual do Alto Cariri é a presença de espécies ameaçadas e endêmicas. Entre os mamíferos, destaca-se o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), considerado o maior primata das Américas e classificado como criticamente ameaçado de extinção.

Além dele, o parque abriga onça-parda, jaguatirica, macaco-prego, cateto, queixada, tatu-canastra e diversas espécies de pequenos carnívoros. A avifauna também impressiona, com registros de jacutinga, jacu, beija-flores raros, corujas, gaviões e espécies migratórias que utilizam a floresta como ponto de parada.

Ainda que nem todos os animais sejam facilmente avistados, pesquisas científicas com armadilhas fotográficas e gravações acústicas têm confirmado a presença contínua dessas populações dentro dos limites do parque.

Fontes de água protegidas por vegetação nativa

As montanhas do Alto Cariri abrigam nascentes que alimentam córregos e rios de importância regional. A floresta densa que cobre essas áreas protege os cursos d’água contra assoreamentos, poluição e diminuição do fluxo.

Durante a estação seca, a cobertura vegetal retém a umidade do solo e garante o abastecimento contínuo das bacias hidrográficas próximas. Como resultado, os municípios do entorno se beneficiam com maior regularidade no fornecimento de água e menos impacto nas atividades agrícolas e domésticas.

Por isso, a manutenção da vegetação é essencial. A supressão de matas nas encostas pode comprometer a capacidade de infiltração e agravar a escassez hídrica em períodos críticos.

Planejamento técnico e manejo de longo prazo

O parque é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG), que atua com base em diretrizes definidas por estudos técnicos. A elaboração do plano de manejo da unidade foi precedida por levantamentos ecológicos, análises cartográficas e consultas públicas com moradores da região.

Atualmente, as prioridades da gestão incluem o controle de espécies exóticas, a manutenção de trilhas internas, o monitoramento de fauna e a recuperação de áreas impactadas. Técnicos utilizam ferramentas como drones, georreferenciamento e sensores remotos para acompanhar as mudanças no território.

Embora o parque ainda não receba visitação pública em grande escala, a equipe estuda propostas de uso público compatíveis com os objetivos de conservação. A intenção é garantir que ações educativas e atividades de pesquisa contribuam para a valorização do parque, sem causar danos à biodiversidade.

Conectividade com áreas vizinhas

Outro aspecto relevante do Parque Estadual do Alto Cariri é sua localização próxima ao Parque Nacional do Alto Cariri, no sul da Bahia. As duas unidades formam um corredor ecológico natural, que favorece o deslocamento da fauna e amplia a área protegida.

Essa conexão entre áreas protegidas permite que espécies com grandes áreas de vida, como o muriqui e a onça-parda, transitem por paisagens contínuas. Dessa forma, o risco de isolamento genético diminui, o que fortalece a viabilidade populacional em longo prazo.

Além disso, a integração entre parques estaduais e federais demonstra o potencial de colaboração entre esferas administrativas distintas quando há objetivos comuns.

Relação com as comunidades do entorno

A zona de amortecimento do parque abriga pequenas comunidades rurais, produtores familiares e áreas de uso agropecuário. A convivência entre essas populações e a unidade de conservação exige ações permanentes de orientação e educação ambiental.

O IEF-MG tem promovido oficinas, encontros comunitários, mutirões de plantio e campanhas de conscientização para fortalecer a relação entre os moradores e o parque. Além disso, parcerias com escolas públicas permitem que crianças e adolescentes tenham contato direto com o ambiente natural protegido.

Muitos moradores, inclusive, passaram a colaborar com ações de vigilância e cuidado, demonstrando que a integração social fortalece a eficácia da proteção ambiental.

Pesquisa científica e educação como aliados

O parque oferece condições ideais para o desenvolvimento de estudos científicos, especialmente nas áreas de ecologia, conservação e zoologia. Universidades, institutos de pesquisa e organizações ambientais já realizam inventários de flora e fauna, monitoramento de primatas e análise de qualidade da água em pontos estratégicos.

Essas pesquisas fornecem dados fundamentais para a gestão adaptativa da unidade. A cada nova descoberta, aumenta a compreensão sobre o funcionamento dos ecossistemas locais e as melhores formas de protegê-los.

Ao mesmo tempo, atividades de educação ambiental aproximam a sociedade do cotidiano do parque. Estudantes e educadores participam de palestras, trilhas técnicas e visitas programadas, consolidando a ideia de que proteger é também aprender.

Desafios atuais e soluções em andamento

Embora o Parque Estadual do Alto Cariri esteja legalmente instituído, ainda enfrenta desafios importantes. Entre eles, destacam-se o avanço do desmatamento no entorno, a caça ilegal e a presença de espécies invasoras. Além disso, a limitação orçamentária dificulta a ampliação de programas de monitoramento e estrutura de apoio.

Para superar esses obstáculos, o IEF-MG tem buscado apoio de universidades, instituições parceiras e projetos de fomento à conservação. A articulação interinstitucional e o envolvimento comunitário têm se mostrado estratégias eficazes para ampliar a proteção, mesmo com recursos limitados.

Campanhas educativas, programas de reflorestamento e investimentos em capacitação técnica são ações que, quando combinadas, produzem resultados consistentes para a saúde ecológica do parque.

Conclusão

O Parque Estadual do Alto Cariri é mais do que uma área protegida. Ele representa a possibilidade real de coexistência entre conservação e desenvolvimento consciente. Sua biodiversidade rica, sua função ecológica estratégica e seu potencial educativo o tornam essencial para a sustentabilidade do nordeste mineiro.

Manter essa floresta preservada não beneficia apenas a fauna e a flora que ali habitam. Também garante água limpa, clima equilibrado, oportunidades científicas e um futuro mais promissor para as populações humanas que vivem ao seu redor.

Investir no Alto Cariri é reconhecer que pequenas áreas, quando bem cuidadas, podem gerar impactos positivos em larga escala. E é também acreditar que conservar é, acima de tudo, um ato de responsabilidade coletiva.

Resumo com perguntas frequentes

Quando o Parque Estadual do Alto Cariri foi criado oficialmente?



O parque foi criado em 18 de fevereiro de 2008, por meio do Decreto Estadual nº 44.726.

Qual é a área total protegida pelo parque?



O Parque Estadual do Alto Cariri protege uma área de 6.151,1380 hectares de Mata Atlântica.

Onde está localizado o Parque Estadual do Alto Cariri?



Ele está situado nos municípios de Santa Maria do Salto e Salto da Divisa, no nordeste de Minas Gerais.

Qual é o principal objetivo do Parque Estadual do Alto Cariri?



A unidade visa conservar os remanescentes de Mata Atlântica, proteger espécies ameaçadas de extinção e, além disso, promover a pesquisa científica, a educação ambiental e o uso público compatível com a conservação.

Como posso contribuir para a conservação do parque?



Você pode colaborar respeitando as normas de visitação, participando de atividades educativas e, da mesma forma, ajudando a divulgar a importância da unidade para a biodiversidade e para a preservação da Mata Atlântica.

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