O que é insegurança alimentar?
A insegurança alimentar no Brasil e no mundo, em suas diversas causas, formas, e tipos, é uma questão global com muitos impactos que afeta milhões de pessoas todos os dias, conforme indicam os dados deste artigo. Caracteriza-se como a falta de acesso regular a alimentos adequados para uma vida ativa e saudável.
Essa condição pode oscilar entre preocupações moderadas com a qualidade e quantidade dos alimentos até casos extremos de fome e desnutrição.
Insegurança Alimentar no Brasil
A insegurança alimentar é um problema grave no Brasil, afetando milhões de pessoas. Em 2023, o país conseguiu reduzir significativamente a insegurança alimentar severa, mas ainda enfrenta grandes desafios. De acordo com o Relatório da ONU sobre o Estado da situação Alimentar Mundial (SOFI 2024), a insegurança alimentar severa no Brasil caiu 85%, passando de 17,2 milhões de pessoas em 2022 para 2,5 milhões em 2023. Percentualmente, isso representa uma redução de 8% para 1,2% da população (Serviços e Informações do Brasil).
Situação atual da insegurança alimentar no Brasil
Apesar dessa melhora, de acordo com a Agencia Brasil, cerca de 70 milhões de brasileiros ainda enfrentam algum nível de insegurança alimentar, que pode variar de moderada a severa. Os dados do IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua 2023), mostram que 21,6 milhões de brasileiros (27,6% dos domicílios) ainda têm dificuldade na aquisição de alimentos.
Regiões mais afetadas
No Brasil, as regiões Norte e Nordeste, a situação é mais grave, onde as taxas de domicílios em segurança alimentar são menores em comparação com outras regiões do país. Por exemplo, no Pará, 20,3% dos domicílios enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave. Em contraste, no Sul do país, a proporção de domicílios em segurança alimentar é significativamente maior (CFN).
A pandemia de COVID-19 e a instabilidade econômica exacerbaram a insegurança alimentar no Brasil. Entre 2019 e 2022, o país voltou ao “Mapa da Fome” da ONU devido ao aumento da pobreza e da extrema pobreza. No entanto, esforços recentes, como políticas públicas de combate à fome e programas de assistência social, têm mostrado resultados positivos.
Leia também: Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) – O que é, pilares e tipos
Níveis de Insegurança Alimentar
A insegurança alimentar é classificada por diferentes graus de dificuldade no acesso a alimentos. Entender esses níveis ajuda a identificar a gravidade da situação e as intervenções necessárias. Por exemplo:
1. Insegurança Alimentar Leve
Neste nível, a principal característica é a preocupação constante com a capacidade de conseguir comida. As famílias se preocupam em ter dinheiro suficiente para comprar alimentos no futuro, mas ainda não houve uma redução significativa na qualidade ou quantidade do que comem. Elas adotam estratégias para evitar a escassez, como comprar alimentos mais baratos ou menos variados.
2. Insegurança Alimentar Moderada
Neste caso a qualidade e a variedade dos alimentos consumidos diminuem. As famílias começam a comprometer a nutrição, comendo itens menos desejáveis ou nutritivos. Pode haver também uma redução na quantidade de comida em algumas refeições, aumentando a dependência de fontes alimentares menos ideais ou de ajuda.
3. Insegurança Alimentar Severa
Este é o estágio mais grave, onde há uma falta regular de alimentos e a quantidade consumida é insuficiente para as necessidades nutricionais. A fome é uma experiência comum, e as famílias podem passar dias inteiros sem comer. A desnutrição severa é uma consequência frequente, principalmente entre crianças.
4. Insegurança Alimentar Crônica
Esta é uma situação persistente e prolongada, geralmente causada por fatores como pobreza extrema, desastres naturais contínuos, conflitos ou má gestão. As famílias enfrentam uma falta contínua de alimentos e desnutrição. A insegurança alimentar crônica impede o desenvolvimento social e econômico, criando um ciclo vicioso de pobreza.
5. Insegurança Alimentar Aguda
Refere-se a uma falta temporária de acesso a alimentos, desencadeada por eventos repentinos como desastres naturais, crises econômicas abruptas ou conflitos. Pode levar rapidamente à desnutrição e mortes se não houver uma resposta rápida, que geralmente envolve assistência emergencial e ajuda humanitária.
Impactos da insegurança alimentar
Os impactos são profundos. A falta de acesso a alimentos nutritivos afeta a saúde, a educação e a produtividade das pessoas. Em suma, crianças que crescem em lares com insegurança alimentar têm maior risco de desnutrição, o que pode levar a problemas de desenvolvimento físico e cognitivo. Além disso, adultos enfrentam maiores riscos de doenças crônicas e menor produtividade no trabalho.
Para combater a insegurança alimentar, o Brasil tem implementado várias estratégias, incluindo políticas de transferência de renda, promoção da agricultura sustentável, bem como programas de redução do desperdício de alimentos. Além disso, há um foco crescente em empoderar grupos vulneráveis, como mulheres e comunidades rurais, para garantir que tenham acesso aos recursos necessários para uma alimentação adequada e sustentável.
A insegurança alimentar no Brasil continua sendo um desafio complexo, mas os esforços contínuos de políticas públicas e a colaboração entre governos, organizações internacionais e a sociedade civil são essenciais para avançar na garantia de segurança alimentar para todos.
Dados no Brasil
Cerca de 70 milhões de brasileiros ainda enfrentam algum nível de insegurança alimentar, que pode variar de moderada a severa.
Segundo dados do IBGE, 21,6 milhões de brasileiros (27,6% dos domicílios) enfrentam dificuldade na aquisição de alimentos.
Dados Globais da Insegurança Alimentar
A pandemia de COVID-19 e conflitos em várias regiões do mundo exacerbaram a insegurança alimentar, aumentando o número de pessoas em situação de fome e desnutrição. Em 2021, de acordo com a Agencia Brasil, 828 milhões de pessoas estavam subalimentadas, um aumento significativo em comparação com anos anteriores.
Em 2022, os dados de pesquisas sobre a questão demonstram que aproximadamente 735 milhões de pessoas no mundo estavam passando fome, enquanto 2,3 bilhões enfrentavam insegurança alimentar moderada ou severa. Portanto, esses números mostram um aumento contínuo de pessoas sem acesso adequado a alimentos.
Causas da Insegurança Alimentar
A insegurança alimentar é um problema multifacetado, influenciado por causas econômicas, sociais, ambientais e políticas. Por exemplo:
- Pobreza
- Mudanças Climáticas
- Conflitos e Instabilidade Política
- Desigualdade de Gênero
- Sistema Alimentar Global
Consequências da Insegurança Alimentar
1. Impacto na Saúde em função da insegurança alimentar
2. Impactos na Educação em função da insegurança alimentar
3. Impactos na Economia – afetada em função da insegurança alimentar
4. Impactos na Sociedade – insegurança alimentar e a pobreza
Soluções para combater a Insegurança Alimentar
1. Apoio Econômico e Social: Assistência financeira direta para famílias de baixa renda pode melhorar o acesso a alimentos. Além disso, precisamos de mais programas como por exemplo vales-alimentação e bancos de alimentos que ajudam a fornecer alimentos a quem mais precisa.
2. Agricultura Sustentável: Investir em tecnologias limpas que aumentem a produtividade agrícola mas que preservem o meio ambiente, como por exemplo: sementes resistentes à seca e sistemas de irrigação eficientes que diminuam o depesrdício de água. Principalmente, promover a diversificação das culturas agrícolas para aumentar a resiliência dos sistemas alimentares.
3. Adaptação às Mudanças Climáticas: Desenvolver e implementar estratégias de mitigação, bem como adaptação às mudanças climáticas. Por isso pé indispensável investimentos em infraestrutura que possa suportar eventos climáticos extremos, como armazéns, bem como sistemas de transporte robustos.
4. Empoderamento das Mulheres: Oferecer educação e treinamento em práticas agrícolas, bem como empresariais para mulheres. Além disso, melhorar o acesso das mulheres a terras, créditos, assim como tecnologias agrícolas.
5. Redução do Desperdício de Alimentos: Melhorar a logística e o armazenamento para reduzir perdas pós-colheita. Principalmente, promover campanhas de conscientização para reduzir o desperdício de alimentos em nível doméstico.
Resumo com perguntas frequentes
É a falta de acesso consistente a alimentos suficientes e nutritivos para uma vida saudável. Pode variar de preocupações leves sobre a qualidade e quantidade de alimentos até a fome severa e desnutrição.
As principais causas incluem pobreza, mudanças climáticas, conflitos e instabilidade política, desigualdade de gênero, bem como um sistema alimentar global ineficiente.
Pode levar à desnutrição, comprometendo o crescimento e desenvolvimento em crianças, e aumentando o risco de doenças crônicas como diabetes, bem como hipertensão em adultos.
Os tipos incluem insegurança alimentar leve (preocupação com a disponibilidade de alimentos), moderada (redução na qualidade e variedade de alimentos) e severa (falta regular de alimentos, resultando em fome).
As soluções incluem políticas de transferência de renda, promoção de agricultura sustentável, adaptação às mudanças climáticas, empoderamento das mulheres, bem como a redução do desperdício de alimentos.
Fontes de pesquisa
- FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
- WFP – Programa Mundial de Alimentos
- IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística