O racismo estrutural é um tipo de racismo que está presente nas estruturas da sociedade. Ou seja, ele não depende de uma pessoa específica dizendo ou fazendo algo ofensivo. Ele existe de forma invisível, funcionando nas leis, das instituições, das empresas, das escolas e até nos hábitos do dia a dia.
Esse tipo de racismo foi construído ao longo da história e continua gerando desigualdades profundas. Por isso, ele é tão difícil de enxergar e combater. No Brasil, o racismo estrutural afeta principalmente a população negra e indígena, que enfrenta maiores taxas de desemprego, violência policial, dificuldade de acesso à educação de qualidade e outros problemas sociais graves.
Neste artigo, vamos entender o que é o racismo estrutural, como ele se formou, de que maneiras aparece na realidade e quais são os caminhos para superá-lo.
De acordo com o IBGE (2022), 75% das pessoas mais pobres do Brasil são negras. Esse dado evidencia que o problema não é individual. É estrutural, histórico e coletivo.
Mas afinal, como isso começou?
Como o racismo estrutural se formou ao longo da história brasileira
Para entender o racismo estrutural, é preciso olhar para o passado. O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888. Por mais de 300 anos, pessoas negras foram escravizadas e tratadas como propriedade. Quando a escravidão acabou, essas pessoas foram libertas sem nenhum apoio do governo.
Elas não receberam terras, casas, empregos ou acesso à educação. Enquanto isso, os antigos donos de escravizados continuaram ricos e influentes. Com o tempo, essa desigualdade só cresceu. As oportunidades sempre foram dadas para os mesmos grupos: pessoas brancas, com dinheiro e acesso a redes de poder.
Mesmo quando surgiram leis para proteger os direitos de todos, as práticas racistas continuaram disfarçadamente. E é isso que chamamos de racismo estrutural: um sistema que mantém certos grupos no topo e outros sempre em desvantagem.
Mas como isso aparece no nosso dia a dia?
Exemplos de racismo estrutural que ainda existem no Brasil
O racismo estrutural não precisa ser dito em voz alta. Ele acontece mesmo quando ninguém fala a palavra “raça”. Veja alguns exemplos claros:
- Na educação, a maioria das escolas públicas com menos estrutura estão localizadas em áreas onde vivem principalmente pessoas negras e pobres.
- No mercado de trabalho, pessoas negras ganham, em média, menos que pessoas brancas fazendo a mesma função.
- Na segurança pública, jovens negros são os que mais morrem por violência policial. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2023), 84% dos mortos pela polícia no Brasil são negros.
- Na saúde, pessoas negras têm menos acesso a médicos, hospitais e tratamentos. E muitas vezes são mal atendidas por preconceito.
- Na mídia e na publicidade, há pouco espaço para protagonistas negros e indígenas em filmes, novelas e comerciais. Quando aparecem, é com estereótipos.
Esses são só alguns exemplos de como o racismo estrutural atua silenciosamente, mas muito forte. Ele afeta vidas todos os dias, mesmo quando ninguém percebe.
Mas como saber se isso é realmente racismo e não somente uma coincidência?
Como identificar o racismo estrutural e por que ele não é apenas uma questão individual
Muitas pessoas dizem que o racismo só existe quando alguém comete um ato violento ou faz uma ofensa direta. Mas isso é o que chamamos de racismo individual. Ele é mais fácil de identificar e condenar. Já o racismo estrutural é mais difícil de ver, porque está escondido nas regras, nos hábitos e nas decisões coletivas.
Por exemplo: se uma escola nunca teve um diretor negro, ou se uma empresa nunca contratou uma pessoa indígena para cargos altos, algo está errado. Isso mostra que existe uma estrutura de exclusão, mesmo que ninguém esteja xingando ninguém.
Também é importante lembrar que o racismo estrutural não depende da intenção das pessoas. Mesmo quando alguém diz que “não é racista”, pode estar mantendo o sistema se não questionar as regras que excluem certos grupos.
Racismo – Individual, Institucional e Estrutural – Qual a Diferença?
É importante saber que o racismo não é uma coisa só. Ele aparece de vários jeitos:
- Racismo Individual: É quando uma pessoa tem preconceito ou age de forma racista com outra. Tipo, xingar alguém pela cor da pele. É o racismo que a gente mais vê de perto.
- Racismo Institucional: Acontece quando as regras e jeitos de funcionar de uma empresa, escola, hospital ou qualquer instituição acabam prejudicando pessoas de certas raças, mesmo que ninguém tenha a intenção de ser racista. Por exemplo, se uma empresa só contrata gente de um tipo de faculdade que a maioria das pessoas negras não consegue pagar.
- Racismo Estrutural: Esse é o mais profundo e difícil de perceber. É quando o racismo já está enraizado na própria forma como a sociedade foi construída e funciona. É como se fosse o “DNA” do racismo na nossa sociedade. Por exemplo, por que a maioria das pessoas ricas é branca? Por que a polícia aborda mais pessoas negras? Isso não é só culpa de uma pessoa, mas de um sistema montado há muito tempo e continua agindo assim.
Por isso, combater o racismo estrutural exige mais do que boas intenções. Exige mudanças reais.
E o que podemos fazer para isso?
Caminhos para combater o racismo estrutural na escola, na política, na mídia e na vida real
Enfrentar o racismo estrutural é um desafio coletivo. Não basta somente dizer que o racismo é ruim. É necessário mudar as práticas e as regras que mantêm a desigualdade.
Aqui estão algumas formas de combate:
- Educação antirracista nas escolas: É importante que alunos aprendam sobre a história real do Brasil, incluindo a escravidão, os quilombos, a cultura africana e indígena e os impactos do racismo.
- Representatividade em todos os espaços: Empresas, universidades, meios de comunicação e cargos públicos precisam refletir a diversidade da população.
- Políticas públicas e cotas raciais: Programas de cotas em universidades e concursos ajudam a corrigir o desequilíbrio histórico no acesso às oportunidades.
- Mudanças nas leis e punições mais duras ao racismo: O racismo precisa ser tratado com seriedade pelo sistema de justiça.
- Ouvir as vozes de quem vive a exclusão: A mudança começa quando quem sofre o problema é ouvido e respeitado nas decisões.
Além disso, todos temos um papel. Mesmo quem não sofre racismo pode ajudar a combater o sistema, apoiando causas, conscientizando outras pessoas e principalmente questionando nossas próprias atitudes injustas. Porque só assim a sociedade mudará de verdade.
Resumo com perguntas e respostas
É o tipo de racismo que está presente nas estruturas da sociedade, como escolas, empresas, leis e instituições. Ele funciona mesmo sem ofensas diretas, mantendo a desigualdade entre brancos e negros.
O racismo individual é quando uma pessoa comete um ato racista. Já o estrutural acontece quando o sistema, na totalidade, favorece certos grupos e prejudica outros, mesmo sem intenção direta.
Não é sobre culpar pessoas, mas sobre reconhecer que o sistema foi construído com base em desigualdades históricas. A responsabilidade é coletiva: todos devem ajudar a mudar isso.
Aparece quando estudantes negros têm menos acesso à qualidade de ensino, principalmente quando não veem sua história nos livros ou quando são mais punidos por comportamento.
Você pode começar aprendendo mais sobre o tema, escutando quem sofre racismo, apoiando ações antirracistas e principalmente cobrando mudanças nas instituições à sua volta.
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