Tempo estimado de leitura: 9 minutos
Transgênicos: quais os impactos para a sustentabilidade?
Você já ouviu falar sobre transgênicos, também chamados de organismos geneticamente modificados (OGM), certo? Eles estão cada vez mais fazendo parte do nosso dia a dia, com estimativas de que eles estejam presentes em torno de 75% dos alimentos processados. No entanto, essa tecnologia traz consigo uma série de preocupações e impactos negativos.
Só para você ter uma ideia, em 2020, a área global plantada com transgênicos chegou a 190,4 milhões de hectares, sendo os principais produtores Estados Unidos, Brasil, Argentina, Canadá e Índia.
Com tantos alimentos geneticamente modificados no mercado, é fundamental entender o que são estes produtos e quais são as consequências de seu uso para o meio ambiente e para todos nós, inclusive afetando a sustentabilidade de todo o nosso planeta.
E é sobre isso que vou falar neste artigo. Então, vamos começar!
O que são transgênicos?
Primeiramente, vamos entender o que são transgênicos.
Essas modificações podem incluir a inserção de genes de uma espécie em outra, criando assim um organismo com características novas e melhoradas.
Os cientistas modificam esses organismos intencionalmente para torná-los resistentes a determinados agentes externos, que podem ser de ordem biológica, climatológica ou até mesmo química.
Como os transgênicos surgiram?
A engenharia genética começou a ser desenvolvida nos anos 1970, e os primeiros transgênicos foram criados na década de 1980. Assim, o seu surgimento começou com o avanço da biotecnologia, que permitiu aos cientistas alterarem o material genético de plantas e animais.
Inicialmente, essas modificações genéticas buscavam melhorar características específicas dos organismos, como o tamanho, a cor e o sabor. Além disso, os pesquisadores também queriam criar variedades mais resistentes a doenças, pragas e condições climáticas adversas. Dessa forma, a ideia era aumentar a produtividade das lavouras e garantir a segurança alimentar em todo o mundo.
E desde então, seu uso na agricultura tem crescido rapidamente, principalmente em culturas como soja, milho e algodão, trazendo aumentos expressivos nos índices de produção.
No entanto, apesar das boas intenções iniciais, o desenvolvimento dos transgênicos gerou diversas polêmicas e questionamentos. Por um lado, muitos acreditam que a manipulação genética pode trazer benefícios significativos para a agricultura e para a sociedade em geral.
Por outro lado, há preocupações sobre os possíveis impactos negativos desses organismos no meio ambiente e na saúde humana, já que ainda não se conhecem completamente os efeitos a longo prazo do consumo e cultivo de OGMs.
Parece confuso? Então vou te explicar melhor no próximo tópico.
Por que os transgênicos são tão populares na agricultura?
Primeiramente, essa popularidade ocorre porque eles proporcionam maior produtividade nas lavouras. Isso significa que os agricultores conseguem colher mais alimentos usando uma área menor de terra.
Além disso, os cientistas desenvolvem os transgênicos para torná-los mais resistentes a pragas e doenças, o que reduz a necessidade de uso de agrotóxicos. Dessa forma, os agricultores economizam dinheiro e diminuem os impactos negativos desses produtos químicos no meio ambiente.
Parece ótimo, não é mesmo?
Só que precisamos ser críticos, e olhar para o outro lado dos transgênicos também. Ou seja, o uso massivo dos OGMs tem gerado diversos questionamentos e preocupações, sem contar os impactos que causam na sustentabilidade do nosso planeta.
Mas afinal, quais são estes impactos?
Um dos principais problemas dos transgênicos é o impacto na biodiversidade. A monocultura, prática comum em plantações transgênicas, é responsável pela diminuição da diversidade genética das plantas, o que pode levar a uma maior vulnerabilidade a doenças e pragas, exigindo o uso de mais agrotóxicos.
Além disso, os genes modificados podem se espalhar para plantas silvestres, gerando híbridos e ameaçando espécies nativas.
Outra questão importante é a resistência a herbicidas. Muitos transgênicos são desenvolvidos para serem resistentes a herbicidas específicos, permitindo aos agricultores eliminar as ervas daninhas sem prejudicar a cultura. Porém, isso leva ao uso excessivo desses químicos, que contaminam o solo, a água e os alimentos. E mais: algumas ervas daninhas acabam desenvolvendo resistência aos herbicidas, o que exige o uso de produtos ainda mais tóxicos.
A relação dos transgênicos com a saúde humana também é motivo de preocupação. Ainda que estudos não tenham mostrado efeitos nocivos diretos à saúde, muitos cientistas e ativistas argumentam que a falta de pesquisas de longo prazo torna incerto o real impacto desses alimentos em nosso organismo.
Por exemplo, há o receio de que o consumo de alimentos geneticamente modificados possa causar alergias ou outros problemas de saúde.
Além disso, o uso de agrotóxicos associado aos transgênicos aumenta a exposição da população a substâncias potencialmente perigosas.
Os transgênicos também afetam a questão socioeconômica. Grandes empresas detêm patentes sobre as sementes geneticamente modificadas, o que limita a autonomia dos agricultores e os torna dependentes dessas corporações.
Então, as variedades agrícolas deixam de ser propriedade da humanidade e passam a ser propriedade de uma empresa a serviço da acumulação monetária.
E qual o problema disso?
Um dos grandes problemas desses OGMs no meio agrícola se dá pelo fato de que essas variedades acabam dominando o mercado. São superprodutivas e resistentes e trazem altos lucros aos produtores que não estão nem aí com o meio ambiente e nem com o que você consome.
E provocam o que chamamos de Erosão Genética.
Isso exclui o controle das sementes. A perda do controle das sementes significa o nascimento de uma relação de dependência. Portanto, os agricultores passam a depender diretamente das empresas multinacionais que fornecem essas sementes.
Assim, as próprias sementes possuem uma dependência em relação aos insumos necessários para sua produção. Ou seja, a utilização de uma semente vem acompanhada de um pacote de insumos, fertilizantes e agrotóxicos.
Tal prática é chamada de venda cruzada: ao optar pela utilização de um transgênico, de maneira cruzada, também se opta pela utilização do pacote tecnológico que o acompanha.
Percebe a gravidade do problema?
O que pode ser feito diante dessa situação?
Uma alternativa é apoiar a agricultura orgânica e agroecológica, que evita o uso de transgênicos e agrotóxicos, promove a biodiversidade e valoriza o conhecimento e práticas tradicionais dos agricultores.
Consumir produtos orgânicos e de pequenos produtores locais também é uma forma de incentivar práticas agrícolas mais sustentáveis.
Além disso, devemos refletir sobre os efeitos dos organismos geneticamente modificados no meio ambiente, na sustentabilidade e na nossa saúde. Apesar de algumas vantagens, como o aumento da produtividade e a resistência a pragas, os impactos negativos são muito significativos. E precisam ser considerados.
Por isso é fundamental que sejam feitas mais pesquisas e sejam realizados debates sobre os transgênicos, a fim de garantir que seu uso na agricultura seja realmente benéfico e seguro para todos nós.
Respostas