Primeiro falso passo para a sustentabilidade
O Consumo Responsável (ou Consciente) seria o primeiro passo para a construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada? A resposta pode ser não. Por quê? As empresas que propagandeiam esse falso tipo de continuidade de consumo e se unem para criar o New Green Deal (novo acordo verde) são as mesmas que continuam poluindo e assim, ocultam isso por meio de elaboradas campanhas de Greenwashing.
Consumo responsável e consciente – Quando vamos rever a crença do crescimento?
Governos, órgãos internacionais (como a ONU), empresas, Ongs, enfim todos já sabem que o problema da insustentabilidade ambiental que estamos vivendo, é fruto da falta de consciência da nossa espécie. Evitamos abandonar crenças de crescimento, sejam econômicas ou pessoais.
Veja bem: é ilógico dizer que 8 bilhões de seres humanos consumindo freneticamente precisam apenas mudar sua forma de consumir. Ou seja: o que precisamos é parar de consumir e de criar novas necessidades infinitamente. Chegou a hora de repensar a palavra CRESCIMENTO. Em suma, esse conceito de consumo consciente ou responsável está tão enraizado no cérebro humano que virou um grave problema psicológico.
Para entender esse ponto de vista leia: O que é consumo consciente? (Abre numa nova aba do navegador)
Consumo responsável e consciente x processos responsáveis
O caminho para contornar a trágica situação em que nos encontramos é por meio de processos responsáveis, bem como compartilhados. Todos têm parte nessa mudança. Enfim, todos podem aceitar a parte que lhes cabe.
Economia verde: quem ganha com isso?(Abre numa nova aba do navegador)
A sociedade pode e deve compreender que cada compra é um voto dado a continuidade de problemas ambientais. Afinal, quando compramos um produto de uma determinada marca, estamos tutelando a imagem e as ações dessa empresa perante a sociedade.
A sustentabilidade vai muito além de uma embalagem, ela envolve os princípios éticos e sociais que as empresas representam. Por isso, devemos ter isso em mente no momento de depositar nossos votos econômicos nessas empresas e corporações. Podemos ser Consumidores Responsáveis, compreendendo que consumir é um ato cotidiano de cidadania, mas diminuir o consumo um ato em defesa da vida.
A responsabilidade terceirizada
Não quero nesse texto dizer que Consumir de forma mais consciente é um conceito errado ou que ele é danoso para a construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada. O ponto que quero trazer aqui é que o é chamado de Consumo Consciente ou responsável, como foi e como é apresentado, serve como uma estratégia de terceirização de responsabilidades. Uma forma de dar continuidade ao problema, ou seja, continuar consumindo mais e mais.
Observe: nenhuma mudança significativa ocorreu no modelo industrial, ou seja, seguimos produzindo segundo a lógica Linear, continuamos extraindo para descartar. A única mudança foi que agora temos embalagens verdes com selos que não conhecemos o significado e promessas que provavelmente não são cumpridas. Mas, para uma grande parte da população, isso já é o suficiente ou consciente.
A manipulação do consumidor
Em resumo, as empresas que usam os termos Consumo Consciente ou Consumo Responsável jogam diretamente com o psicológico do consumidor. As propagandas são bem elaboradas, com crianças correndo por campos floridos e consumindo um determinado produto que é supostamente sustentável. Criam no ideário do consumidor a sensação de que, ao comprar aquele produto, eles estarão ajudando a construir um mundo melhor.
Para entender como você está sendo manipulado(a), leia: Você sabe o que é Obsolescência Programada? – 123 Ecos
Embalagens com selos recicláveis vendem mais, são mais caras e afagam o ego de quem as compram. A noção do Consumo Consciente como conhecemos serve a uma estratégia de dupla terceirização. As empresas lançam produtos sustentáveis e terceirizam suas responsabilidades ambientais para a sociedade, que deve escolher o que é melhor para o planeta em uma prateleira de supermercado. E o consumidor, ao escolher uma embalagem sustentável, terceiriza suas responsabilidades, inerentes ao consumo, de volta para as empresas que estão salvando o planeta com suas embalagens recicláveis e seus selos sem sentido. No fim do dia, ninguém se responsabilizou por nada e todos vão dormir tranquilamente, com a certeza de que estão fazendo sua parte.
O Consumo Consciente como está sendo divulgado e usado como desculpa, não vai salvar o mundo nem alterar as estruturas necessárias para que isso aconteça. O Consumo Consciente (ou responsável) é uma desculpa, utilizada tanto pela indústria, quanto por nós que não estamos dispostos a uma mudança de consciência.
O que realmente podemos entender é que não temos a menor necessidade de continuar crescendo, crescendo, infinitamente.
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