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Sustentabilidade Compartilhada: a economia baseada em compartilhamentos

Sustentabilidade compartilhada
O Compartilhamento está abalando a economia de Heavy Assets. De acordo com as novas gerações o compartilhamento é superior à propriedade.

Tempo estimado de leitura: 9 minutos

Entenda como a Economia Compartilhada está a serviço da Sustentabilidade

Ser é melhor do que ter. Nada poderia descrever melhor o pensamento das novas gerações do que essa frase. E por mais clichê que possa parecer, essa é uma nova realidade que já vem modificando a lógica das relações comerciais e de consumo. Mas como isso influencia no fortalecimento da sustentabilidade? A Sustentabilidade Compartilhada como solução. Arrasta pra baixo que eu te conto tudo!

A Sociedade da Posse

Você já parou para pensar em quantas coisas possui? Quais são as suas posses? Esse é um questionamento que raramente nos passa pela cabeça. Entretanto, organizamos nossa vida baseados exatamente nisso, em nossas posses e futuras posses.

Crescemos em uma sociedade que se orienta por sonhos de consumo: o primeiro carro, a casa própria, o sítio da família e assim por diante. Desde muito jovens, somos criados e instruídos para ter coisas, e muitas vezes acabamos tendo bens que, na verdade, nem precisamos, mas acabamos comprando para poder usá-los. Afinal de contas, essa é uma regra básica da sociedade, não é mesmo? 

É assim que a nossa sociedade se organiza. Temos um emprego para ganhar dinheiro, e utilizamos esse mesmo dinheiro para competir com outras pessoas por mercadorias nos sistemas livres de comércio. 

A noção de consumo e de propriedade está intimamente ligada à noção de sucesso e felicidade. Uma pessoa com grandes posses é tida como uma pessoa bem sucedida e feliz, e o inverso também é proporcional. 

Mas será que essa é a melhor maneira de organizar nossa sociedade? Será essa a melhor forma de definir o nível de felicidade de uma pessoa? O mundo tem se transformado com uma velocidade vertiginosa e essa forma de pensar também. 

Economia de Heavy e Light Assets

Para compreender como a noção de posse se relaciona com a sustentabilidade devemos compreender dois conceitos, os Heavy e Light Assets (em português, ativos leves ou pesados). 

Os Heavy Assets (ativos pesados) são ativos econômicos oriundos da ideia de posse e propriedade. Esses ativos são fruto da necessidade de expansão de consumo, criada pela Revolução Industrial. O rápido crescimento da atividade industrial demandou um mercado de consumo consolidado que pudesse absorver toda essa produção. É daí que surge a economia de Heavy Asset. 

Heavy Assets se caracterizam por bens de consumo com alto valor agregado, ancorados na propriedade privada e na exclusividade de uso. Também podem ser caracterizados por ativos com alto índice de ociosidade. A economia de Heavy Asset é baseada na ideia de que se deve comprar e possuir algo para se ter o benefício do uso. 

Podemos utilizar como exemplo uma furadeira. Uma furadeira possui um alto valor agregado e é um bem exclusivo, uma vez que, quando a compramos, eliminamos a necessidade de qualquer outra compra adicional. Além disso, uma furadeira possui um elevado índice de ociosidade: estima-se que o tempo de utilização total de uma furadeira seja de 12 minutos em toda sua vida útil. Ou seja, pagamos um alto valor por um bem que vamos utilizar durante 12 minutos em toda uma vida!

Já os Light Assets são ativos econômicos convertidos em serviços. Caracterizam-se por possuírem um menor valor agregado e mais liquidez de mercado, sendo geralmente bens compartilhados, onde se paga pelo acesso e não pela posse. 

Aluguel de Bicicletas

Um exemplo cotidiano de um Light Asset é o Uber. Quando pegamos um Uber, estamos pagando apenas pelo acesso a um serviço de mobilidade urbana. Embora aquele carro esteja à nossa plena disposição, ele não se configura como um bem privado, mas sim como uma concessão de uso temporário, mediante o pagamento de uma taxa específica. 

Capacidade Excedente e Sustentabilidade

A capacidade de Excedente está relacionada à disponibilidade de uso de um determinado bem que se encontra ocioso ou em subutilização. 

Um carro é um exemplo muito claro disso. Digamos que um jovem advogado compre um carro, porém, esse mesmo jovem passa a maior parte de seu tempo trabalhando em seu escritório ou em casa descansando.

O jovem advogado acaba utilizando o carro apenas para deslocar-se de sua casa até o escritório, de modo que o carro passa a maior parte do tempo estacionado, em ociosidade. Esse carro tem, portanto, uma grande capacidade excedente. Ou seja, ele poderia estar sendo utilizado por mais pessoas, fazendo outros trajetos, mas não é o caso. 

Esse exemplo se relaciona diretamente com a Sustentabilidade, já que esse carro só pôde ser construído por meio da utilização de uma série de matérias-primas naturais não renováveis. Logo, enquanto ele se encontrar ocioso, tais recursos não estarão sendo utilizados com máxima eficiência, estando, portanto, em subutilização. 

Da mesma forma, muitos outros carros seguem ociosos por todo o mundo. Basta dar uma passada pelo centro de São Paulo para notar a quantidade de veículos estacionados durante todo o dia.

Entretanto, as montadoras continuam a produzir novos modelos e novas unidades, que muito provavelmente também permanecerão ociosos por grande parte de suas vidas úteis. 

A economia baseada em bens Heavy Assets acaba gerando uma forte pressão ambiental que é totalmente desnecessária e insustentável.

Os Millennials e a Revolução do Compartilhamento

Podemos definir os Millennials como a geração nascida entre 1980 e 1995. Essa nova geração acompanhou o surgimento da internet e a virada do milênio, daí o nome. Ela também foi responsável pelo surgimento de uma nova forma de pensar e de entender a sociedade. 

Os Millennials assistiram de camarote as profundas transformações do mundo nas últimas décadas. Contemplaram o ápice da economia capitalista e também sua maior crise econômica, em 2008. Essa geração foi, portanto, testemunha das maiores catástrofes ambientais já vistas, e, assim, foram capazes de compreender que a sociedade precisa construir um novo modo de se relacionar com o planeta Terra. 

Nesse sentido, os Millennials possuem uma forma muito inovadora de encarar o mundo e a sociedade. Essa geração já não acredita nos antigos moldes da sociedade baseada na propriedade. São os Millennials os verdadeiros responsáveis pela frase “ser é melhor do que ter”. 

A geração dos Millennials aposta em experiências e não em posses. Para muitos Millennials, a ideia de ter um carro já não faz sentido. Afinal de contas, para quê se preocupar em comprar um veículo e ter que arcar com todos os custos envolvidos, se podemos chamar um carro de aplicativo com apenas alguns toques, e sem ter que se preocupar com mais nada? 

Os Millennials são a geração do compartilhamento e os grandes entusiastas da economia de Light Assets. Eu mesmo sou um típico Millennial: não tenho carro, vivo em um apartamento alugado (já mobiliado), sou um fiel usuário de apps de compartilhamento, como o Airbnb, o Blablacar e o Enjoei e até meu smartphone é alugado. 

A Revolução do Compartilhamento veio para ficar e já está abalando os pilares da economia de Heavy Assets. Isso porque as gerações modernas acreditam que o acesso é superior à posse e que o compartilhamento é superior à propriedade. A Economia Compartilhada, com essa nova forma de entender o mundo e nossas reais necessidades, vem cumprindo um papel muito importante para o fortalecimento de uma sociedade cada vez mais sustentável, onde só possuímos o necessário e compartilhamos o excedente. 

A Sustentabilidade Compartilhada

A economia de Light Assets e de compartilhamento vem de encontro às melhores práticas sustentáveis no mundo, uma vez que tende a diminuir a pegada ambiental de nossa existência. 

Vamos pensar juntos: quando optamos por consumir um bem compartilhado, estamos utilizando um bem que já existe e se encontrava ocioso, com capacidade excedente; ao consumir um bem com capacidade excedente, automaticamente deixamos de consumir um produto novo. 

Além do mais, ao deixar de consumir um produto novo, deixamos de gerar novos resíduos, pois estamos utilizando aquilo que já existia. Há quem diga, porém, que isso não vai fazer diferença, pois o bem novo já existe, isto é, já foi fabricado. Afinal de contas, compramos pouquíssimas coisas sob demanda, pois investimos em bens que já existem e estão à disposição para pronta-entrega em alguma loja por aí. 

Pense nisso:

Ao deixar de consumir um produto novo e optar por pagar pelo uso de um bem compartilhado, nós deixamos de gerar uma nova demanda para a indústria.

Ora, se o varejo não vender, não vai solicitar novos produtos das fábricas, e se as fábricas não receberem novos pedidos, vão diminuir a compra de matérias-primas e, consequentemente, a extração dessas matérias-primas vai diminuir. Dessa forma, estamos contribuindo para a diminuição da pegada ambiental de nossa existência. 

Apostar na Economia Compartilhada e na Economia de Light Assets também significa investir em uma mudança cultural. Bem como uma aposta na quebra de paradigmas de consumo da sociedade. Quando investimos na Economia Compartilhada, estamos abandonando o consumismo individualista e ingressando em uma nova era de mercados sociais, Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável. 

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