COP 27 – Como foi, resultados, desafios e participação do Brasil

COP 27

A COP 27, realizada de 6 a 20 de novembro de 2022, na cidade de Sharm El-Sheikh, Egito, foi mais uma etapa crucial nas negociações globais sobre o clima. Com um foco renovado em financiamento climático, perdas e danos e o avanço das metas do Acordo de Paris, a conferência trouxe à tona os desafios que o mundo enfrenta para mitigar os impactos das mudanças climáticas e adaptar-se a um planeta que já está sentindo seus efeitos.

Mais de 35.000 delegados e líderes mundiais reuniram-se na COP 27. Objetivo: fortalecer os compromissos firmados em edições anteriores e avançar em questões críticas para os países mais vulneráveis. Por exemplo: a criação de um fundo para perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. A conferência teve um papel vital na definição de novos caminhos para a ação climática global.

Neste artigo, discutiremos os principais resultados da COP 27. Incluindo principalmente o avanço nas negociações sobre financiamento climático a criação do fundo para perdas e danos, e os desafios que ainda permanecem.

O Que é a COP 27?

A COP 27 (27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC) é a sequência das conferências anuais do clima, onde os países se reúnem para discutir ações globais para combater as mudanças climáticas. Este ano, a conferência teve como principal objetivo fortalecer os compromissos firmados no Acordo de Paris. Além disso, de lidar com questões emergentes, como os impactos das mudanças climáticas em países mais pobres, que enfrentam desastres naturais cada vez mais intensos.

Diferente de edições anteriores, a COP 27 teve uma abordagem mais voltada para a adaptação e financiamento. Ou seja, com menos foco nas metas de redução de emissões. Contudo, com o objetivo de abordar a justiça climática e garantir que os países mais afetados pelas mudanças climáticas recebam apoio adequado.

Justiça climática: o que é o conceito e qual sua importância

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Principais Resultados da COP 27

1. Criação de um Fundo de Perdas e Danos

Um dos maiores avanços da COP 27 foi a criação de um fundo para perdas e danos. Este fundo busca compensar financeiramente os países mais vulneráveis que já estão sofrendo os impactos severos das mudanças climáticas, como enchentes, tempestades e secas extremas.

A criação desse fundo foi uma demanda antiga dos países em desenvolvimento, principalmente das pequenas nações insulares e das economias mais pobres. Claro, elas têm contribuído muito pouco para as emissões globais de carbono, mas que são as mais atingidas pelos seus efeitos.

Fundo para perdas e danos – Criado durante a COP 27

Fundo para perdas e danos – Criado durante a COP 27

A promessa do fundo de perdas e danos foi celebrada como uma vitória histórica para a justiça climática. No entanto, o mecanismo de financiamento e a operacionalização do fundo ainda precisam ser detalhados, o que deve ocorrer nas próximas edições da COP.

O que é uma COP?

2. Reafirmação dos Compromissos do Acordo de Paris

A COP 27 reafirmou a necessidade urgente de manter vivo o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Embora alguns progressos tenham sido feitos, foi amplamente reconhecido que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atuais não são suficientes para atingir essa meta. Portanto, exige mais ambição por parte dos países.

Os países foram instados a revisar suas metas de emissões até 2023. Principalmente, que aumentem suas contribuições para que o mundo tenha uma chance de manter o aquecimento global dentro do limite acordado.

3. Avanços no Financiamento Climático

O financiamento climático foi mais uma vez um tema central nas discussões da COP 27. Os países em desenvolvimento continuaram a pressionar os países ricos a cumprirem o compromisso de mobilizar 100 bilhões de dólares por ano para ajudá-los a lidar com as mudanças climáticas. Esse compromisso foi assumido em 2009, mas ainda não foi totalmente cumprido.

Financiamento climático – O Que é, Importância e Desafios

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Na COP 27, os países desenvolvidos reafirmaram esse compromisso e prometeram aumentar a mobilização de fundos para adaptação, especialmente para as nações mais vulneráveis.

Além disso, foi discutida a necessidade de criar novos mecanismos de financiamento para apoiar a transição energética em economias emergentes e vulneráveis. Ou seja, com foco em energias renováveis e infraestrutura resiliente.

4. Metano e Descarbonização

Embora o foco da COP 27 tenha sido amplamente voltado para o financiamento e adaptação, houve progresso nas discussões sobre a redução de emissões de metano e a descarbonização. Por exemplo, o Compromisso Global de Metano. Esse compromisso iniciado na COP 26, recebeu mais adesões e foi reforçado com novos compromissos de redução de emissões desse potente gás de efeito estufa.

Compromisso Global de Metano – Metas e desafios

Compromisso Global de Metano – Metas e desafios

Porém, o avanço em compromissos claros de descarbonização foi visto como insuficiente por alguns ativistas e nações que pressionavam por uma transição mais rápida para energias limpas. Houve críticas de que alguns países ainda relutam em se comprometer com uma data clara para eliminar o uso de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.

5. Energia e a Transição Justa

Pois bem. a transição justa, que busca garantir que a transição para economias de baixo carbono ocorra de forma inclusiva e socialmente justa, foi um tema em destaque na COP 27. Em suma, isso envolve garantir que as comunidades dependentes de indústrias poluentes, como a mineração de carvão, tenham apoio para uma transição econômica e social sem grandes prejuízos.

O Egito, país anfitrião da COP 27, destacou que a África precisa de mais financiamento e tecnologia para avançar na transição energética, sem comprometer seu desenvolvimento econômico. Por isso, a conferência também destacou a importância de promover energias renováveis como uma solução para o desenvolvimento sustentável no continente africano.

Participação do Brasil na COP 27

O Brasil teve uma presença marcante na COP 27, com a expectativa de reposicionar o país como um líder na agenda ambiental global. A delegação brasileira contou com representantes de diversas esferas do governo, incluindo o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Relações Exteriores, além de líderes estaduais e ativistas. Um dos pontos mais aguardados foi o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que, embora não estivesse no governo durante a conferência, recebeu destaque por suas promessas de políticas ambientais mais robustas para combater o desmatamento e restaurar a credibilidade climática do país.

1. Compromisso com o Fim do Desmatamento

Durante a COP 27, o Brasil reforçou seu compromisso com o combate ao desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia, que é uma das maiores fontes de emissões de carbono do país. O país prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2028, um avanço significativo para conter as emissões e proteger a maior floresta tropical do mundo. O Brasil também reafirmou a importância da preservação da biodiversidade como parte de sua política climática.

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2. Reintegração do Brasil na Agenda Climática Global

A eleição de Lula trouxe um novo fôlego às negociações climáticas do Brasil, com promessas de retomar o papel de liderança que o país desempenhou em conferências anteriores, como na Rio 92 e nas negociações do Protocolo de Kyoto. Lula anunciou que o Brasil está disposto a sediar uma COP futura, sugerindo a Amazônia como local. Essa proposta foi recebida com entusiasmo por muitos líderes e ambientalistas.

Protocolo de Quioto (Kyoto): O que é, metas, negociação e críticas

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3. Apoio ao Fundo de Perdas e Danos

O Brasil se posicionou a favor da criação do fundo para perdas e danos, uma das maiores vitórias da COP 27. Esse fundo tem como objetivo compensar os países em desenvolvimento pelos danos causados pelos efeitos das mudanças climáticas, como desastres naturais. O país também reforçou a importância de um financiamento justo e adequado para a transição energética e para a preservação de florestas.

4. Discussão sobre Agricultura Sustentável

Outro tema de destaque na participação brasileira foi o papel da agricultura sustentável. O Brasil, sendo um dos maiores produtores agrícolas do mundo, participou de discussões sobre como tornar o setor mais resiliente ao clima, com foco em tecnologias que possam reduzir as emissões de metano, um dos principais gases de efeito estufa gerados pela pecuária.

A participação do Brasil na COP 27 simbolizou uma retomada da liderança climática do país no cenário global, com novos compromissos ambientais e uma promessa de trabalhar em colaboração com outros países para combater as mudanças climáticas e preservar a Amazônia.

Desafios e Críticas à COP 27

Embora a COP 27 tenha alcançado avanços importantes, especialmente com a criação do fundo para perdas e danos, a conferência também foi alvo de críticas. Muitos ambientalistas e delegações de países em desenvolvimento argumentaram que o progresso foi lento em áreas essenciais, como a redução de emissões de gases de efeito estufa e a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis.

Além disso, a ausência de um compromisso global concreto para a eliminação do carvão foi vista como um sinal de que alguns países ainda estão resistindo à transição energética necessária para conter o aquecimento global.

Conclusão

A COP 27 foi um evento crucial para reafirmar os compromissos climáticos globais e avançar em questões de financiamento e adaptação. A criação do fundo para perdas e danos marca uma grande vitória para os países mais vulneráveis, enquanto o foco no financiamento climático e na justiça climática destacou a necessidade de ação rápida e eficaz.

No entanto, os desafios para atingir as metas de redução de emissões e para avançar na transição energética permanecem significativos. A implementação dos compromissos assumidos será fundamental para garantir que o mundo tenha uma chance de limitar o aquecimento global a 1,5°C e evitar os piores impactos das mudanças climáticas.


Resumo – Perguntas e Respostas sobre a COP 27

O que foi a COP 27?

A COP 27 foi a 27ª Conferência das Partes da UNFCCC, realizada em 2022 no Egito, com foco em adaptação, financiamento climático e criação de um fundo para perdas e danos.

Quais foram os principais resultados da COP 27?

Os principais resultados incluem a criação de um fundo para perdas e danos, avanços no financiamento climático e a reafirmação das metas do Acordo de Paris .

O que é o fundo para perdas e danos criado na COP 27?

É um fundo criado para compensar financeiramente os países mais vulneráveis pelos danos causados pelas mudanças climáticas, como enchentes e secas extremas.

O que foi discutido sobre financiamento climático na COP 27?

Os países reafirmaram o compromisso de mobilizar 100 bilhões de dólares por ano para apoiar os países em desenvolvimento na adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Ou seja, o financiamento climático.

Quais foram os desafios da COP 27?

Os desafios incluem a falta de um compromisso concreto para eliminar o uso de carvão e a resistência de alguns países em aumentar as ambições de redução de emissões.


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