Revolução Industrial: causas, consequências e suas fases

Revolução industrial

O que é a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial foi um dos períodos mais importantes da história. Ela começou no final do século XVIII, no Reino Unido, e marcou uma grande transformação na maneira como as coisas eram produzidas. Em seguida, ela se espalhou para outros países da Europa e América do Norte no século XIX. Antes desse período, quase tudo era feito à mão, mas com a revolução, máquinas começaram a tomar o lugar das ferramentas manuais. Isso permitiu a produção em massa de mercadorias em fábricas. Então, vamos conhecer a seguir a história da Revolução Industrial, as causas que levaram à essa industrialização, suas fases, e também as críticas sobre as consequências desse processo.

Por que é importante você estudar a revolução industrial?

Pois bem, devido aos interesses humanos, ao aumento populacional, ao abastecimento de necessidades, crescimento econômico e os desenvolvimentos tecnológicos, nós humanos, “evoluímos”. Essa “evolução” trouxe o crescimento industrial para atender as necessidades que acreditamos precisar.

Foi bom? Veja bem, a Revolução Industrial transformou completamente os paradigmas de produção, bem como o consumo nas sociedades modernas. Mas, em virtude disso, atualmente geramos excesso de CO2 (gás carbônico) e diversos outros tipos de gases. Como resultado, temos muitos efeitos que estão interligados.

Por isso, entender a Revolução Industrial é crucial para compreender as raízes históricas dos muitos problemas que enfrentamos hoje.

As Fases da Revolução Industrial

A Revolução Industrial é dividida em três principais fases. A Primeira Revolução Industrial (século XVIII e XIX) foi marcada pela mecanização e uso do carvão. A Segunda Revolução Industrial (final do século XIX até o início do século XX) trouxe a eletrificação e o uso do aço. Já a Terceira Revolução Industrial (meados do século XX) foi impulsionada pela automação e tecnologia da informação​.

Primeira Fase da Revolução Industrial

A Primeira Fase da Revolução Industrial, que se estendeu de 1760 a 1840, foi um período de transformações socioeconômicas sem precedentes, com a Grã-Bretanha (Reino Unido) como palco principal.

A Revolução Industrial começou no Reino Unido devido à disponibilidade de recursos naturais, como carvão e ferro, além de seu sistema político estável, infraestrutura comercial avançada e colônias, que garantiam mercado e matérias-primas.

Mecanização da Indústria Têxtil

  • A invenção da máquina a vapor por James Watt em 1769 forneceu uma nova fonte de energia para as fábricas, substituindo a força humana e animal.
  • máquina de fiar de James Hargreaves (1764) e a Jenny de James Hargreaves (1770) multiplicaram a produção de fios.
  • O tear hidráulico de Edmund Cartwright (1785) automatizou a tecelagem.

Desenvolvimento da Indústria Siderúrgica

  • A invenção do processo Bessemer em 1856 possibilitou a produção em massa de aço, um material mais resistente e versátil que o ferro.
  • A construção de pontes, ferrovias e navios de aço impulsionou a infraestrutura e o comércio.

Outras Inovações

  • A invenção da máquina de costura por Elias Howe em 1846 revolucionou a indústria de vestuário.
  • O desenvolvimento da máquina de impressão por Johannes Gutenberg (século XV) democratizou o acesso à informação.

Segunda Fase da Revolução Industrial (1870-1914)

A Segunda fase da Revolução Industrial iniciou-se na Europa continental e nos Estados Unidos e caracterizou-se pelo desenvolvimento da indústria química, da indústria elétrica, bem como da indústria automobilística. Foi uma fase de crescimento econômico.

Descobertas importantes da segunda fase da revolução industrial

  • A invenção da lâmpada incandescente por Thomas Edison em 1879 e a criação de sistemas de geração e distribuição de energia elétrica iluminaram as cidades, impulsionaram a indústria e possibilitaram o desenvolvimento de novos aparelhos eletrodomésticos.
  • A descoberta e invenção do motor a gasolina por Karl Benz em 1885 e a produção em massa de automóveis por Henry Ford a partir de 1908 revolucionaram o transporte, permitindo a locomoção individual e impulsionando a indústria automobilística.
  • A invenção do motor a diesel por Rudolf Diesel em 1892 possibilitou a criação de caminhões, ônibus e outros veículos pesados que impulsionaram o transporte de cargas e a logística.
  • A descoberta de novos processos químicos e a produção em massa de produtos químicos, como fertilizantes, medicamentos e corantes, impulsionaram a agricultura, a medicina e a indústria têxtil.
  • A invenção de diversos aparelhos eletrodomésticos, como a geladeira, o aspirador de pó e a máquina de lavar roupa, facilitou as tarefas domésticas e elevou o padrão de vida.

Outras Inovações da segunda fase da Revolução industrial

  • Desenvolvimento da radiografia: A invenção da radiografia por Wilhelm Röntgen em 1895 possibilitou diagnósticos médicos mais precisos e revolucionou a medicina.
  • Desenvolvimento da produção em massa: A invenção da linha de montagem por Henry Ford possibilitou a produção em massa de bens de consumo, reduzindo custos, aumentando a produtividade bem como proporcionou crescimento econômico em todo o mundo.
  • A invenção do telefone por Alexander Graham Bell em 1876 revolucionou a comunicação, permitindo a comunicação instantânea à distância.
Graham Bell telefone revolução industrial
Graham Bell telefone revolução industrial

Terceira Fase da Revolução Industrial (1960-presente)

A Terceira Fase da Revolução Industrial, também conhecida como Revolução da Informação, iniciou-se nos Estados Unidos e no Japão na década de 1960 e se estende até os dias atuais. Essa fase é caracterizada por um desenvolvimento acelerado de tecnologias que transformaram a forma como vivemos, trabalhamos e nos comunicamos.

Principais descobertas da terceira fase da Revolução Industrial

  • A invenção do transistor em 1947 e o desenvolvimento de microprocessadores possibilitaram a criação de computadores cada vez menores, mais potentes e acessíveis. Além disso, a criação da internet na década de 1960 e sua popularização a partir da década de 1990, revolucionou a comunicação e o acesso à informação. Agora, a inteligência artificial, em constante evolução, está transformando diversos setores da sociedade, como saúde, educação, transporte e segurança.
  • A invenção do robô industrial na década de 1960 automatizou diversas tarefas nas fábricas, aumentando a produtividade e a eficiência. Além disso, a robótica médica está revolucionando a medicina, permitindo cirurgias mais precisas e menos invasivas. A robótica espacial, por exemplo, possibilitou a exploração espacial e a realização de missões complexas em outros planetas.
Robótica década de 60
Robótica década de 60

Quarta Fase Revolução Industrial (indústria 4.0) – daqui para frente

A Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, é um conceito que se refere à convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas que estão mudando a forma como vivemos, trabalhamos, assim como nos relacionamos com o mundo.

Principais tecnologias que caracterizam a Quarta Fase Revolução Industrial

  • A Inteligência Artificial (IA) permite que máquinas aprendam e tomem decisões autonomamente.
  • A Internet das Coisas (IoT) conecta objetos físicos à internet, permitindo que eles transmitam e recebam dados.
  • O Big Data refere-se à grande quantidade de dados que são gerados a partir da IoT e de outras fontes.
  • A impressão 3D é uma tecnologia que permite a criação de objetos tridimensionais a partir de modelos digitais.

Então, não temos como negar os avanços da indústria e da tecnologia, bem como precisamos admitir que estamos indo rápido demais. Agora teremos que repensar o crescimento econômico e os impactos dessa fome de avançar sem limites.

As Causas da Revolução Industrial

A Revolução Industrial, foi impulsionada por uma teia complexa de causas que se desenvolveram ao longo do tempo, principalmente entre os séculos XVIII e XIX. Por exemplo:

1. Causas Econômicas da Revolução Industrial

A expansão do comércio internacional e o desenvolvimento do mercantilismo nas potências europeias geraram um acúmulo de capital significativo. Esse capital excedente buscava novas formas de investimento rentável, impulsionando assim o surgimento de indústrias.

Além disso, a descoberta e o aperfeiçoamento de novas fontes de energia, como o carvão mineral e a máquina a vapor, revolucionaram a produção industrial. Essas fontes de energia permitiam operar máquinas com maior potência e eficiência, impulsionando a mecanização da produção.

Por outro lado, crescimento populacional nas cidades criou um mercado consumidor em expansão para os produtos industrializados. Isso incentivava a produção em larga escala e a busca por novas tecnologias para atender à demanda crescente.

2. Causas Sociais da Revolução Industrial

A burguesia, classe social composta por comerciantes, banqueiros e donos de fábricas, ascendeu como força econômica e social durante a Revolução Industrial. Essa classe buscava novas oportunidades de lucro e poder, investindo na industrialização, bem como na expansão do comércio.

O sistema feudal, que dominava a organização social da época, foi gradativamente substituído pelo sistema capitalista. Nas fábricas, trabalhadores eram contratados para longas jornadas de trabalho em troca de salários, muitas vezes em condições precárias.

Uma das principais causas da Revolução Industrial foi que o processo de industrialização provocou um grande êxodo rural, com pessoas migrando do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho nas fábricas. Portanto, essa migração acelerou o crescimento urbano e gerou novos desafios sociais, como a necessidade de moradia, saúde e educação para a crescente população urbana.

3. Causas Tecnológicas da Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi marcada por um período de intensa inovação tecnológica, com o desenvolvimento de novas máquinas, ferramentas e processos produtivos. Invenções como a máquina fiadora Jenny, o tear Jacquard e a locomotiva a vapor representaram um salto tecnológico fundamental para a industrialização da época.

Além disso, o desenvolvimento de novos meios de transporte, como ferrovias e navios a vapor, facilitou o transporte de matérias-primas e produtos industrializados, impulsionando assim o comércio e a integração dos mercados.

Ao mesmo tempo, o surgimento de novas formas de comunicação, como o telégrafo, possibilitou uma comunicação mais rápida e eficiente entre empresas e mercados, facilitando a coordenação da produção e a expansão dos negócios.

4. Causas Políticas e Ideológicas:

A relativa estabilidade política em alguns países europeus, como Grã-Bretanha e França, durante o período da Revolução Industrial, proporcionou um ambiente favorável ao investimento em novas tecnologias, bem como à criação de empresas.

Além disso, as ideias do Iluminismo, que valorizavam a razão, o progresso e a liberdade individual, influenciaram o desenvolvimento da Revolução Industrial. O pensamento iluminista incentivava a busca por novas tecnologias, assim como a criação de novas formas de organização social e econômica.

Por fim, alguns governos europeus adotaram políticas públicas que incentivaram a industrialização, como a concessão de subsídios, a criação de leis de proteção à propriedade intelectual e a construção de infraestrutura como portos e estradas.

5. Fatores Geográficos

A disponibilidade de recursos naturais, como carvão mineral, ferro e outros minerais, em alguns países europeus facilitou o desenvolvimento da indústria. Ou seja, esses recursos eram essenciais para a produção de energia, máquinas e ferramentas.

A localização estratégica de alguns países europeus, com acesso ao mar e portos naturais, facilitava o comércio internacional e o transporte de matérias-primas e produtos industrializados.

O clima temperado predominante na Europa durante o período da Revolução Industrial era favorável ao desenvolvimento da agricultura e à produção de alimentos para a crescente população urbana.

As consequências da Revolução Industrial

A invenção de máquinas, como a máquina a vapor, a máquina de fiar e o tear hidráulico, substituiu o trabalho manual e possibilitou a produção em massa de bens. A indústria têxtil e a indústria siderúrgica foram as primeiras a serem mecanizadas, impulsionando o crescimento econômico.

Foto que retrata a Revolução Industrial
Obras de arte originais de Look and Learn n° 620 (1974).

O crescimento das fábricas atraiu trabalhadores do campo para as cidades (êxodo rural), que cresceram rapidamente e enfrentaram problemas como a falta de moradia e saneamento básico. Por isso, os trabalhadores se organizaram em sindicatos para lutar por melhores condições de trabalho.

A Revolução Industrial gerou grande riqueza para alguns, mas também aumentou a pobreza e a desigualdade social no mundo. Com isso, a divisão de classes se intensificou. De um lado, os empresários enriqueceram com o aumento da produção e do comércio. Por outro, a classe trabalhadora enfrentou condições precárias, como longas jornadas de trabalho, baixos salários e péssimas condições de segurança​.

Mudanças no Trabalho

Outra forte consequência da Revolução Industrial é que ela transformou a forma de trabalho. Antes, a maioria das pessoas trabalhava em casa ou em pequenas oficinas artesanais. Com as fábricas, o trabalho passou a ser mecanizado, e o trabalhador perdeu o controle sobre o processo produtivo. Portanto, o trabalho se tornou mais repetitivo e exaustivo. Isso levou a uma queda nos salários e à exploração de mulheres e crianças, que recebiam menos do que os homens.

Impactos Ambientais

A Revolução Industrial como consequência trouxe grandes impactos ambientais, principalmente por causa do uso de carvão como fonte de energia. Isso resultou em poluição do ar, das águas e do solo, além do desmatamento para a construção de ferrovias e fábricas. As cidades industriais como Londres e Manchester, na Inglaterra, se tornaram famosas pela fumaça densa que cobria o céu, causando problemas de saúde pública.

Impactos Globais e Colonialismo

A Revolução Industrial acelerou o processo de colonialismo europeu, já que as potências industriais precisavam de matérias-primas e mercados consumidores. Países da África, Ásia e América Latina foram explorados para suprir essas necessidades, aumentando a desigualdade global e gerando tensões que perdurariam por séculos.


Resumo com perguntas frequentes

O que foi a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial foi um período de transformações econômicas e tecnológicas significativas que começaram na Grã-Bretanha no final do século XVIII; assim, foi caracterizado pela industrialização, urbanização e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Quais foram as principais inovações tecnológicas da Revolução Industrial?

As principais inovações incluíram a máquina a vapor, o tear mecânico, e a locomotiva a vapor, que revolucionaram a produção industrial e os transportes, aumentando a eficiência e a escala da produção.

Como a Revolução Industrial impactou a urbanização?

A Revolução Industrial acelerou a urbanização, com muitas pessoas migrando do campo para as cidades em busca de trabalho nas novas fábricas, levando ao crescimento rápido e muitas vezes desordenado das áreas urbanas.

Quais foram as principais consequências ambientais da Revolução Industrial?

As principais consequências ambientais incluíram a poluição do ar e da água, desmatamento para a construção de fábricas e ferrovias, e a degradação do solo devido à exploração intensiva de recursos naturais.

Como a Revolução Industrial afetou a qualidade do ar?

A queima de carvão para alimentar as máquinas e o transporte gerou grandes quantidades de poluentes atmosféricos, como dióxido de enxofre e partículas em suspensão. Assim, resultou em graves problemas de poluição do ar nas cidades industriais.


Referências de pesquisa

Livros:

  • “A Insustentabilidade da Revolução Industrial”, de Jorge Caldeira (2017)
  • “A Quarta Revolução Industrial”, de Klaus Schwab (2016)
  • “O Capital no Século XXI”, de Thomas Piketty (2013)
  • “O Desafio do Século XXI”, de Lester R. Brown (2012)
  • “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari (2011)

Artigos sobre Revolução Industrial:

  • “A Insustentabilidade Ambiental da Revolução Industrial”, por Eduardo Gudynas (2011)
  • “As Consequências Sociais da Revolução Industrial”, por Eric Hobsbawm (1997)
  • “Os Impactos da Revolução Industrial na Saúde Pública”, por Michael F. Gill (2007)
  • “A Revolução Industrial e o Clima”, por Naomi Klein (2015)
  • “O Futuro do Trabalho na Era da Automação”, por Martin Ford (2015)

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