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Injustiças socioambientais: A crise ecológica também é humana

Comunidades se reúnem em todo o mundo clamando contra as injustiças socioambientais

Tempo de leitura: 4 minutos

Injustiças Socioambientais: quando o preço da degradação é cobrado dos que menos poluem

“Enquanto uns lucram com a destruição, outros pagam com a própria vida pelo direito de respirar, plantar ou beber água limpa.” Essas são apenas algumas das consequências das injustiças socioambientais.

“A crise climática não afeta a todos igualmente. O que chamam de desastre natural é, muitas vezes, o resultado de políticas sociais injustas.” — Sunita Narain, ambientalista e diretora do Centre for Science and Environment (Índia).


O que são injustiças socioambientais?

As injustiças socioambientais ocorrem quando os impactos ambientais negativos — como poluição, desmatamento, Escassez de Água ou desastres climáticos — afetam de forma desproporcional populações já socialmente vulneráveis, como povos indígenas, quilombolas, comunidades periféricas, ribeirinhos e trabalhadores rurais.

Essas injustiças revelam que a crise ambiental não é apenas ecológica, mas profundamente social, econômica e racial.


Exemplos concretos de injustiça socioambiental no Brasil

  • Povos indígenas expulsos por empreendimentos de mineração e agronegócio, mesmo vivendo em territórios ancestrais;
  • Deslizamentos em morros e enchentes em periferias urbanas, onde há falta de infraestrutura e moradia digna;
  • Contaminação de rios por rejeitos de mineração (como em Brumadinho e Mariana), afetando milhares de famílias e comunidades pesqueiras;
  • Comunidades quilombolas cercadas por monoculturas, convivendo com pulverização aérea de agrotóxicos;
  • Secas prolongadas no semiárido e no Cerrado, causadas pelo desmatamento e mudanças climáticas, que afetam pequenos agricultores e dificultam a subsistência.

Dados atualizados sobre injustiças socioambientais (2025)

Com base em dados do MapBiomas, Fiocruz, IBGE e Relatórios da ONU, ou seja, de fontes confiáveis:

  • 85% das áreas mais impactadas por desastres climáticos estão em territórios de baixa renda;
  • Mais de 50% da população negra vive em regiões com alto risco socioambiental urbano (como, por exemplo, os alagamentos, o lixo a céu aberto, a falta de saneamento);
  • O Brasil é o país com maior número de assassinatos de defensores ambientais no mundo, segundo a Global Witness (2024).

De fato, esses dados escancaram o que se chama de racismo ambiental: a distribuição desigual dos riscos e da degradação ambiental.


Causas das injustiças socioambientais

1. Racismo estrutural e ambiental

No racismo estrutural, os povos racializados são historicamente marginalizados no acesso à terra, à água, à moradia e ao poder político. Ou seja, isso os torna mais vulneráveis aos danos ambientais.

2. Concentração de poder e recursos

Grandes empreendimentos, como, por exemplo, as mineradoras e o agronegócio, ocupam territórios que pertencem a populações tradicionais, expulsando-as ou degradando seu ambiente.

3. Políticas públicas desiguais

Faltam investimentos em saneamento básico, moradia digna e adaptação climática nas regiões mais vulneráveis — geralmente periféricas e racializadas.

4. Modelo de desenvolvimento predatório

O Brasil ainda segue uma lógica extrativista e exportadora, baseada em monoculturas, mineração e megaprojetos que beneficiam poucos e prejudicam muitos.


Consequências das injustiças socioambientais

  • Doenças respiratórias, intoxicações, desnutrição e transtornos mentais nas populações expostas.
  • Criminalização e assassinato de lideranças que defendem a terra e a vida.

Redução da biodiversidade e das culturas alimentares locais.


Caminhos contra as injustiça socioambientais

1. Reconhecer os direitos territoriais dos povos originários e tradicionais

Demarcar terras indígenas e quilombolas, assim como regularizar territórios camponeses, ribeirinhos e de fundo de pasto.

2. Implementar políticas de justiça climática

Investir em saneamento, infraestrutura verde e Adaptação Climática nas periferias, ou seja, justiça climática. Além disso, priorizar ações que combinem combate à pobreza e preservação ambiental.

3. Fortalecer a Agroecologia e os saberes tradicionais

Garantir financiamento e assistência técnica para práticas sustentáveis baseadas no respeito à natureza e à cultura local, como por exemplo, a agroecologia e os saberes tradicionais.

4. Responsabilizar empresas por crimes ambientais

Aplicar leis com rigor, criar tribunais ambientais e garantir reparação para comunidades afetadas. Ou seja, cobrar a responsabilidade social corporativa para diminuir as injustiças socioambientais.

5. Promover Educação ambiental crítica e inclusiva

Valorizar a relação entre ambiente, raça, gênero e classe, Principalmente, incluir a justiça ambiental nos currículos escolares e universitários, implementando a educação ambiental crítica, com conscientização.


Exemplos de resistência e justiça ambiental no Brasil

  • MST e suas práticas agroecológicas nos assentamentos.
  • APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) em defesa de seus territórios.
  • Movimento pelas Águas do Cerrado, enfrentando a privatização de rios.
  • Coletivo de Mulheres Negras Quilombolas de Pernambuco, combatendo a pulverização de agrotóxicos e o racismo ambiental.
  • Rede de Justiça Climática: promovendo litígios ambientais e campanhas públicas.

Em conclusão

As injustiças socioambientais são a face mais cruel da desigualdade estrutural no Brasil. Elas revelam que, embora a crise ambiental atinja a todos, ela fere com mais força quem tem menos acesso a terra, poder e direitos. Superá-las exige muito mais do que ações ecológicas: requer justiça social, reparação histórica e transformação estrutural do modelo de desenvolvimento.

Por fim, a natureza pede socorro, mas as periferias gritam primeiro. Por isso, compartilhe essa postagem e ajude a conscientizar mais pessoas. Seja Eco você tambem!


Perguntas e respostas para reflexão crítica

A crise climática é “natural” ou produzida socialmente?

É produzida. Os maiores emissores poluem por lucro, mas os mais pobres sofrem as consequências.

Racismo e Meio Ambiente têm relação?

Sim. Uma vez que, o racismo ambiental é a forma como os impactos ambientais se distribuem de forma desigual, atingindo mais os povos racializados.

Falar de injustiças socioambientais é “ideológico”?

É reconhecer um fato: porque não há neutralidade quando se trata de quem lucra e quem morre diante da degradação ambiental.

Basta proteger florestas para diminuir as injustiças socioambientais?

Não. Porque é preciso proteger os povos que vivem nas florestas — e garantir terra, água e dignidade.

Que papel as cidades têm na injustiça socioambiental?

Por exemplo: Nas cidades, os bairros mais pobres são os mais expostos à poluição, enchentes e falta de serviços básicos.


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Luzia Martinez
Licenciada em História pela UFOP, Mestra em Educação e Tecnologias Digitais pela Universidade de Lisboa e Especialista em Docência no Ensino Superior pelo Senac.
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