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O que são créditos de carbono e como funcionam?

Créditos de carbono
Entenda o que são créditos de carbono, como eles funcionam, suas vantagens e desvantagens e como impactam a sustentabilidade do planeta

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

O que são créditos de carbono e quais os seus impactos na sustentabilidade?

Os créditos de carbono são uma ferramenta criada para minimizar o impacto das emissões de gases de efeito estufa, que possui tanto vantagens quanto desvantagens quando falamos sobre a sustentabilidade do nosso planeta.

Apesar dos seus riscos, eles são tão importantes que, atualmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o mercado de créditos de carbono movimenta bilhões de dólares anualmente.

Então, o que exatamente são esses créditos de carbono, como funciona esse mercado, quais são as vantagens e desvantagens e como eles podem impactar a sustentabilidade do nosso planeta?

Continue a leitura do artigo para descobrir!

Vamos lá!

créditos de carbono para reduzir gases de efeito estufa
Os créditos de carbono visam reduzir ou evitar as emissões de gases que causam o efeito estufa

O que são créditos de carbono?

Também conhecidos como compensações de carbono, eles são unidades de medida atribuídas a esforços que reduzem ou evitam a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera.

Cada crédito de carbono equivale à prevenção ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou de gases equivalentes, como o metano.

A origem desses créditos remonta ao Protocolo de Kyoto, um acordo internacional assinado em 1997, com objetivo de combater o aquecimento global.

Dentro desse acordo, nasceu o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Ele permite aos países desenvolvidos investir em projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento e, em troca, receber créditos de carbono.

A ideia é criar um sistema de mercado que monetize a preservação do meio ambiente.

Com eles, empresas, governos e indivíduos podem compensar suas próprias emissões de gases de efeito estufa, adquirindo créditos de projetos que reduzem essas emissões.

No Brasil, como exemplo, a BVRio, uma bolsa de valores ambiental, é responsável por organizar o comércio de créditos de carbono, entre outras responsabilidades.

Como eles funcionam?

Os créditos de carbono funcionam através de um sistema de comércio que permite a venda e compra dessas unidades.

Imagine, por exemplo, que uma empresa A, por meio de tecnologias avançadas e processos eficientes, emite menos CO2 do que o estabelecido por normas ambientais ou compromissos voluntários.

Por causa disso, essa empresa pode vender o seu “excesso de bom comportamento” no mercado de créditos de carbono.

Por outro lado, temos uma empresa B que, por suas atividades, ultrapassa o limite de emissões permitidas. Para cumprir as normas ambientais, essa empresa pode comprar os créditos de carbono da empresa A.

Desta forma, a empresa B “compensa” as suas emissões excedentes, e a empresa A recebe uma recompensa financeira por suas práticas sustentáveis.

A essência deste sistema é que a redução das emissões de gases de efeito estufa é benéfica para o planeta como um todo, não importando onde essa redução ocorra.

Além disso, existem várias iniciativas e projetos focados na redução de emissões ou na absorção de CO2 que também geram créditos de carbono.

Por exemplo, um projeto de reflorestamento pode gerar créditos de carbono pela quantidade de CO2 que as árvores plantadas irão absorver durante seu crescimento.

No Brasil, o projeto “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo” (MDL) do Aterro Sanitário Bandeirantes, em São Paulo, é um exemplo de como os créditos de carbono funcionam.

O aterro converte o metano (um gás de efeito estufa) produzido pela decomposição dos resíduos em CO2, que tem um potencial de aquecimento global 25 vezes menor. Os créditos de carbono gerados pelo projeto podem ser vendidos para empresas que desejam compensar suas próprias emissões.

mercado de carbono
No mercado de créditos de carbono, é possível comprar e vender estas unidades

Tipos de créditos de carbono

Podemos classificar os créditos de carbono em dois tipos principais: Créditos de Redução de Emissões Certificadas (CERs) e Créditos de Remoção de Carbono Verificados (VCUs). Vou te explicar melhor cada um deles.

  • Créditos de Redução de Emissões Certificadas (CERs): Os CERs são gerados por projetos que evitam a emissão de gases de efeito estufa.

Por exemplo, a construção de uma usina de energia renovável, como a solar ou a eólica, evita que sejam emitidas toneladas de CO2 que seriam liberadas se a mesma quantidade de energia fosse produzida por uma usina termelétrica a carvão ou a gás.

Cada tonelada de CO2 evitada equivale a um CER.

Países ou empresas que têm compromissos de redução de emissões podem adquirir e comercializar esses créditos no mercado internacional.

  • Créditos de Remoção de Carbono Verificados (VCUs): Os VCUs, por outro lado, são gerados por projetos que efetivamente removem o carbono da atmosfera, como os projetos de reflorestamento e revegetação.

Nesses casos, as árvores e plantas absorvem o CO2 da atmosfera através do processo de fotossíntese, convertendo-o em oxigênio.

Assim, cada tonelada de CO2 removida da atmosfera e armazenada na forma de biomassa (madeira, folhas, raízes, etc.) representa um VCU.

No Brasil, temos exemplos de ambos os tipos de créditos de carbono. O já mencionado projeto do Aterro Sanitário Bandeirantes, em São Paulo, gera CERs ao evitar a emissão de metano. Já o projeto de reflorestamento na Reserva Natural do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, gera VCUs ao absorver CO2 e armazená-lo nas árvores plantadas.

Aterro em SP que usa créditos de carbono
Aterro Sanitário Bandeirantes

Vantagens e desvantagens dos créditos de carbono

A adoção dos créditos de carbono traz uma série de vantagens, mas também é acompanhada por algumas desvantagens. Então, vamos entender melhor cada uma delas.

Vantagens

Uma das principais vantagens dos créditos de carbono é estimular a adoção de tecnologias limpas. Ou seja, ao criar um mercado para as reduções de emissões, os créditos de carbono incentivam as empresas a investirem em tecnologias mais limpas e eficientes.

Por exemplo, pense em uma empresa que instala painéis solares. Ela pode ganhar créditos de carbono pelas emissões que evita. Com os créditos de carbono, ela cria uma fonte adicional de receita que ajuda a pagar pelo investimento inicial.

Outra vantagem é a flexibilidade. Isso significa que a forma que funciona o sistema de créditos de carbono permite que as reduções de emissões ocorram onde elas são mais econômicas.

Uma empresa em um país desenvolvido, por exemplo, pode achar mais barato comprar créditos de carbono de um projeto em um país em desenvolvimento do que reduzir suas próprias emissões.

Por fim, uma outra vantagem são os benefícios adicionais. Isso porque muitos projetos que geram créditos de carbono também trazem benefícios sociais e ambientais adicionais.

Projetos de reflorestamento, por exemplo, além de capturarem CO2, também protegem a biodiversidade e podem gerar empregos na área de plantio e manutenção das árvores.

Desvantagens

Uma das principais desvantagens dos créditos de carbono diz respeito ao desvio da responsabilidade. Ou seja, ele permite que as empresas desviem sua responsabilidade, comprando créditos em vez de reduzir suas próprias emissões. Isso pode retardar a transição para uma economia de baixo carbono.

Uma segunda desvantagem está relacionada com a complexidade e falta de transparência. Isso porque o mercado de créditos de carbono pode ser complexo e difícil de entender, o que pode levar a abusos.

Há casos de projetos que vendem créditos de carbono sem realmente reduzir as emissões ou que contam duas vezes a mesma redução.

Uma terceira e última desvantagem são os impactos sociais e ambientais negativos. Por exemplo, projetos de plantação de árvores em larga escala podem deslocar comunidades locais. Ou ainda, podem substituir ecossistemas naturais por plantações de uma única espécie.

vantagens e desvantagens mercado de carbono
É preciso considerar que, apesar das vantagens, o mercado de carbono está sujeito a riscos e desvios

O impacto dos créditos de carbono na sustentabilidade

Como deu para perceber até aqui, os créditos de carbono são um instrumento fundamental no combate às mudanças climáticas. Assim, contribuem diretamente para a sustentabilidade do planeta.

Um dos motivos é que eles incentivam empresas e indivíduos a adotarem práticas sustentáveis, como por exemplo a utilização de fontes de energia renováveis e a eficiência energética.

Segundo um relatório de 2020 da Organização das Nações Unidas, o mercado global de créditos de carbono movimentou cerca de 44 bilhões de dólares em 2019, com mais de 8.000 projetos em 143 países.

Isso mostra o impacto significativo que esse mecanismo pode ter na redução das emissões de gases de efeito estufa.

No Brasil, por exemplo, o projeto NovaGerar no Rio de Janeiro, que trata e utiliza o biogás proveniente de aterros sanitários para a produção de energia elétrica, evitou a emissão de mais de 15 milhões de toneladas de CO2 equivalente entre 2003 e 2020.

Riscos e desafios do mercado de carbono

Embora os créditos de carbono possam ser uma ferramenta eficaz para incentivar a sustentabilidade, eles não estão isentos de desafios.

Alguns críticos argumentam que a sua comercialização pode ser usada como uma “carta branca” para que empresas continuem poluindo, contanto que comprem créditos suficientes para compensar suas emissões.

Além disso, existe o risco de dupla contagem, em que um mesmo crédito é contado mais de uma vez na contabilidade de emissões, diluindo o efeito real de redução de gases de efeito estufa.

Por isso, considerando tudo o que você aprendeu neste artigo, é preciso entender que a forma como funciona a comercialização de créditos de carbono deve ser transparente e rigorosamente regulamentada. Só assim é possível garantir que contribua efetivamente para a redução das emissões globais de gases de efeito estufa e promova uma transição justa para uma economia de baixo carbono.

Então, faça a sua parte também na luta contra as mudanças climáticas! Adote um estilo de vida mais sustentável e apoie empresas e políticas que estão comprometidas com a redução das emissões de carbono.

São pequenas ações, feitas de forma consciente e com propósito, que podem fazer a diferença no mundo.

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