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A Biorremediação e seus Principais Tipos? O uso de bactérias limpadoras

biorremediação
Saiba o que é e quais tipos de biorremediação que retiram petróleo, pesticidas e metais pesados da natureza, contribuindo para a sustentabilidade

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

Entenda a técnica sustentável de descontaminação ambiental

No cenário atual, onde a contaminação ambiental é uma preocupação crescente, a biorremediação, em seus diversos tipos, surge como uma solução inovadora e sustentável, tendo sido uma técnica cada vez mais adotada em todo o mundo.

Por exemplo, até 2021, o mercado global de biorremediação estava projetado para atingir cerca de 186,3 bilhões de dólares até 2026, crescendo a uma taxa composta de crescimento anual de 15,6% entre 2021 e 2026, de acordo com um relatório da Mordor Intelligence.

Mas o que exatamente é a biorremediação, quais os tipos existentes e como ela funciona na prática?

Neste artigo vou explicar tudo para você, além de desvendar a ciência por trás desse processo fascinante.

Então, vamos lá?

biorremediação ajuda na sustentabilidade
A biorremediação pode ajudar na sustentabilidade do planeta

O que é biorremediação?

Biorremediação é uma técnica que utiliza microrganismos (como bactérias, fungos ou plantas) para neutralizar ou eliminar contaminantes presentes no meio ambiente. Esta abordagem tem ganhado muita atenção devido à sua eficácia e ao fato de ser uma alternativa amigável ao meio ambiente, em comparação com outras técnicas mais tradicionais de descontaminação.

Frequentemente, esses organismos degradam esses contaminantes em seus componentes básicos, efetivamente eliminando a poluição e restaurando o ambiente.

Por isso, existem diferentes métodos e tipos de biorremediação usados dependendo do local e da extensão da contaminação.

Os tipos de biorremediação

Os tipos de biorremediação podem ser categorizados com base na localização da remediação (in situ ou ex situ) e no método de tratamento. Vou te explicar melhor.

  • In Situ: como o próprio nome sugere, a biorremediação in situ ocorre diretamente no local da contaminação. Isso inclui métodos como bioventilação, bioesfera, e fitorremediação. No bioventing, por exemplo, o ar é injetado no solo contaminado para estimular o crescimento de microrganismos que podem degradar os contaminantes.
  • Ex Situ: este método envolve a remoção do material contaminado para tratamento em outro local. Isso geralmente envolve processos como a compostagem, onde os microrganismos degradam os contaminantes durante a decomposição de matéria orgânica.
  • Fitorremediação: este método utiliza plantas para absorver, acumular ou metabolizar contaminantes. As plantas hiperacumuladoras, por exemplo, podem absorver metais pesados do solo, ajudando a limpar áreas contaminadas.
  • Bioaumentação: este é um processo no qual microrganismos capazes de degradar contaminantes são adicionados ao ambiente contaminado para acelerar a taxa de degradação.
  • Biopilha: este é um método ex situ onde o solo contaminado é empilhado e misturado com nutrientes para promover o crescimento de microrganismos que podem degradar os contaminantes.

Então, quando entendemos melhor essa técnica e seus métodos, podemos aplicá-la de maneira mais eficaz para proteger e restaurar nosso meio ambiente.

tipos de biorremediação
Exemplos de tipos de biorremediação


Quais os principais contaminantes que podem ser tratados por biorremediação?

Os principais contaminantes que podem ser tratados por biorremediação incluem:

  • Hidrocarbonetos: os hidrocarbonetos são compostos orgânicos que contêm carbono e hidrogênio. Eles são encontrados em uma variedade de produtos, incluindo petróleo, combustíveis fósseis e produtos químicos.
  • Metais pesados: os metais pesados são elementos químicos que têm uma densidade maior que a da água. Eles são encontrados naturalmente no ambiente, mas também podem ser liberados por atividades humanas, como a mineração e a indústria.
  • Pesticidas: os pesticidas são produtos químicos usados para matar pragas. Eles podem contaminar o ambiente através do uso agrícola, industrial e residencial.
  • Outros contaminantes: a biorremediação também pode ser usada para tratar uma variedade de outros contaminantes, como produtos farmacêuticos, explosivos e substâncias radioativas.

A escolha do tipo de biorremediação a ser usado depende do tipo de contaminante e das condições ambientais.

Exemplos de contaminantes tratados por biorremediação

  • Hidrocarbonetos: a biorremediação é frequentemente usada para tratar a contaminação por petróleo e outros hidrocarbonetos. Os organismos vivos, como bactérias e fungos, podem degradar os hidrocarbonetos em compostos menos tóxicos, como o dióxido de carbono e a água.
  • Metais pesados: a biorremediação também trata a contaminação por metais pesados. Os organismos vivos podem acumular metais pesados em seus tecidos, removendo-os do ambiente.
  • Pesticidas: a biorremediação trata a contaminação por pesticidas. Os organismos vivos degradam os pesticidas em compostos menos tóxicos, ou os transforma em compostos absorvidos pelas plantas.
  • Outros contaminantes: a biorremediação também trata uma variedade de outros contaminantes. Por exemplo, biorremediação para tratar a contaminação por produtos farmacêuticos, explosivos e substâncias radioativas.

Aplicação prática da biorremediação

Para mostrar na prática como se utiliza a biorremediação, vou usar o exemplo da poluição ambiental, gerada pelo petróleo, metais pesados e pesticidas.

Afinal, estas substâncias se depositam na natureza causando diversos problemas. Você já pensou na quantidade de resíduos tóxicos gerado pelo homem em apenas um dia?

E pior, será que você tem noção de quais são as consequências desses resíduos para nossa saúde e para os outros seres?

Como bióloga posso te garantir que todo o planeta sofre com as escolhas insustentáveis do ser humano. Por isso, a biorremediação é uma técnica que auxilia na redução desses impactos.

Então, vamos começar pelo petróleo.

Biorremediação de petróleo

O petróleo é um composto orgânico, formando por ciclos biogeoquímicos.

Ou seja, fruto dos fósseis. Sim, da decomposição de plantas e animais durante milhares de anos. É um produto de alto valor comercial, conhecido também como “ouro negro”. Se bem que ouro para uns, mas está causando muitos problemas ambientais.

Pois bem, o petróleo é largamente utilizado como combustível e matéria prima para a produção de plásticos, produtos cosméticos, borrachas, solventes, entre outros. No entanto, apesar de suas várias aplicações, quero descartar dois pontos:

O primeiro ponto deixa claro que o ser humano retira a energia da natureza. Além disso não pensa nas consequências futuras. Ou seja, uma economia insustentável, e assim estamos fadados a esgotar fontes energéticas.

O segundo é ainda mais agravante, pois os vazamentos promovem:

  • contaminação de águas, prejudicando o abastecimento para consumo humano,
  • a intoxicação e morte de animais marinhos; e
  • impactos no turismo local, afetando a economia, dentre outros.

Alguém pode dizer que a maior parte dos componentes do petróleo são biodegradáveis. A natureza padecerá até que o petróleo se degrade.

Mas então, como resolver?

Uma alternativa é fazer a biorremediação utilizando bactérias.

Ou seja, para despoluição em um menor tempo utiliza-se bactérias que degradam o petróleo transformando-o em energia. Assim, o tipo de biorremediação com bactérias é um exemplo viável e promissor para descontaminação de solos e ambientes aquáticos.

contaminação de petróleo
Ambiente contaminado pelo vazamento de petróleo

Pesticidas

Largamente utilizados para o “controle” de plantas daninhas, insetos e microrganismos.

Mas, quem ainda utiliza hoje em dia e por quê? Bom, a agricultura é uma das atividades que há muito tempo vem causando grandes impactos ambientais. Além do desmatamento para o plantio, o agricultor envenena o solo com substâncias tóxicas.

Só que isso é muito contraditório. Pensa comigo.

O ser humano invade o habitat de várias espécies com objetivo de plantar apenas as que são de seu interesse. Dessa maneira, contamina o solo com objetivo de matar as espécies moradoras naturais do ambiente.

E para piorar a situação os pesticidas não fazem mal somente para as plantas e animais. Afinal, o ser humano tem a insana percepção de que ele não faz parte do meio ambiente. Por isso o veneno colocado no solo chega à nossa mesa e nos produtos que utilizamos.

Então, você entende como é importante despoluir os solos agrícolas? E para isso, existe um tipo de biorremediação.

Os fungos!

Isso mesmo! Podemos usar fungos para remediar de forma natural o meio contaminado com pesticidas.

Lembrando apenas que os fungos são seres heterotróficos. Ou seja, eles retiram o alimento do meio ambiente. Estes organismos são muito diversos, e ocupam variados ambientes, absorvendo diferentes substâncias como alimento. Assim, eles são conhecidos também como mofos, leveduras, bolores e cogumelos.

Certamente você já estudou a respeito desses organismos que abrangem um reino inteiro na biologia, o chamado Reino Fungi. E dentro dele existem fungos que utilizam substâncias tóxicas dos pesticidas para se alimentarem.

A título de curiosidade, quais são essas substâncias?

Elas se chamam astrazine e simasine. São elas que contaminam o meio ambiente trazendo prejuízos a todos os seres, inclusive à saúde humana.

Mas, como o ambiente é biorremediado com os fungos?

Os fungos dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Trichoderma, utilizam os contaminantes como fonte de carbono. Como acontece?

Simples! Colonizando o ambiente poluído com estes fungos. Dessa forma, à medida que eles crescem, eles consomem as substâncias tóxicas. Assim retiram elas do ambiente.

Fungos vistos no microscópio
Fungos do gênero Penicillium vistos em microscópico.

E para finalizar, vamos falar a respeito de outro tipo de poluição: a com metais pesados!

A biorremediação de metais pesados

Os metais pesados são substâncias químicas com um valor alto de número atômico, tais como Arsênio (As), Cádmio (Cd), Mercúrio (Hg) e Chumbo (Pb). Lançados no meio ambiente por meio de efluentes, em forma de resíduos gerados por atividades humanas, como por exemplo os rejeitos industriais, o esgoto e os resíduos em geral.

Estes resíduos são repletos de metais pesados, que pela má gestão dos efluentes acabam sendo depositados no meio ambiente, causando dessa maneira prejuízos à saúde humana.

Isso porque essas substâncias têm o “poder” de acumularem nos seres vivos. Ou seja, é muito difícil retirar metais pesados de dentro de um organismo. Assim, eles causam vários problemas. Veja só:

  • Acumulam-se nos níveis tróficos das cadeias e teias alimentares.
  • Adoece plantas e animais que têm seus corpos acumulados com estes metais.
  • Nos seres humanos afetam vários órgãos, causando hemorragias e até câncer.

Diante disso é preciso entender que os principais meios de contaminação ambiental por metais pesados são pelo uso de pesticidas e fertilizantes. Assim como a mineração e lançamento de efluentes sem tratamento no meio ambiente.

Então, percebe que o homem gera uma cadeia de contaminação pelas suas escolhas insustentáveis?

Porém, como alternativa para minimizar os danos, existem algumas espécies de microalgas que têm o poder de retirar estes metais tóxicos do meio ambiente. Muito interessante, não é?

Quais são estas microalgas?

A microalga do gênero Chlorella sp. inclui o metal pesado cádmio (Cd) em suas moléculas. Assim, ela utiliza o cádmio em seus processos metabólicos. Dessa maneira, retira o poluente do meio ambiente incluindo-o na sua própria célula. Achou complexo o conceito? Não se preocupe, vou te explicar melhor!

Farei uma analogia, tudo bem? Nós seres humanos precisamos obtemos nutrientes por meio da alimentação. O ferro é um deles! Veja bem, quando ingerimos algum alimento que tem ferro, o nosso organismo o absorve. Afinal o ferro é útil para nós, especialmente para células sanguíneas.

Já no caso das microalgas, elas incluem os metais em suas células como nutrientes.

Assim, outra microalga capaz de fazer isso é a Spirulina platensis. No entanto, ao invés de cádmio, ela remove o cromo (Cr). Dessa maneira, à medida que a colônia cresce, se retirada o metal do meio ambiente, como da água por exemplo. Dessa forma, através destes processos, a natureza é despoluída.

Muito legal, não é mesmo?

Biorremediação microalgas
Colônias de microalgas em laboratório

Principais fatores que afetam a eficiência da biorremediação

A eficiência da biorremediação depende de vários fatores, por exemplo:

  • O tipo de contaminante: alguns contaminantes são mais fáceis de degradar do que outros. Os hidrocarbonetos, por exemplo, são geralmente mais fáceis de degradar do que os metais pesados.
  • A concentração do contaminante: a concentração do contaminante afeta a quantidade de organismos vivos necessária para degradar o contaminante.
  • A disponibilidade de nutrientes: os organismos vivos precisam de nutrientes para crescer e se reproduzir. A disponibilidade de nutrientes no ambiente afeta a eficiência da biorremediação.
  • As condições ambientais: as condições ambientais, como a temperatura, a umidade e o pH, podem afetar a atividade dos organismos vivos.
  • A presença de outros contaminantes: a presença de outros contaminantes no ambiente pode afetar a biorremediação. Por exemplo, alguns contaminantes podem ser tóxicos para os organismos vivos que degradam outros contaminantes.

Dicas para melhorar a eficiência da biorremediação

  • Selecionar o tipo de biorremediação adequado: o tipo de biorremediação adequado depende do tipo de contaminante e das condições ambientais.
  • Adicionar nutrientes ao ambiente: a adição de nutrientes pode ajudar a aumentar a população de organismos vivos.
  • Controlar as condições ambientais: a manutenção de condições ambientais adequadas pode ajudar a melhorar a atividade dos organismos vivos.
  • Remover outros contaminantes: a remoção de outros contaminantes do ambiente pode ajudar a melhorar a biorremediação.

A biorremediação é uma tecnologia promissora para o tratamento de uma ampla gama de contaminantes ambientais. No entanto, é importante entender os fatores que afetam a eficiência da biorremediação para garantir o sucesso do processo.

Afinal, a biorremediação pode salvar o planeta?

A resposta é: depende! Agora que você já conheceu o que é biorremediação e alguns tipos, e também sabe na prática como isso pode acontecer, então dá para deduzir que ela é uma das formas que pode nos levar a um planeta mais sustentável.

Porém, é necessário maiores investimentos por parte das empresas, países e organizações para que tenhamos um meio ambiente mais saudável e que assim possamos caminhar rumo à sustentabilidade.

O que é biorremediação - resumos

Curiosidades Sustentabilidade - resumos

  • O que é biorremediação?

    Biorremediação é o uso de organismos vivos para remover, degradar ou transformar contaminantes ambientais. Os organismos vivos usados na biorremediação incluem bactérias, fungos, plantas e algas.

  • Quais são os tipos de biorremediação?

    Existem dois tipos principais de biorremediação:

    • Biorremediação in situ: os organismos vivos são usados para degradar os contaminantes no local onde eles estão presentes.
    • Biorremediação ex situ: os contaminantes são removidos do local e tratados em um ambiente controlado.
  • Quais são os benefícios da biorremediação?

    A biorremediação oferece uma série de benefícios, incluindo:

    • É uma tecnologia limpa e sustentável.
    • É relativamente barata.
    • Pode ser usada para tratar uma ampla gama de contaminantes.
  • Quais são os desafios da biorremediação?

    A biorremediação também apresenta alguns desafios, incluindo:

    • Pode ser um processo lento.
    • Os organismos vivos podem ser afetados por condições ambientais adversas.
    • Pode ser difícil controlar o processo de biorremediação.

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