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Conferência dos oceanos – 2025 em Paris – O que esperar?

Logomarca da Conferência dos oceanos que mostra a data e diz que o evento está se realizando em Nice na França

A Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025 (UNOC3) será realizada em Nice, na França, de 9 a 13 de junho de 2025, co-organizada pelos governos da França e da Costa Rica. Este é um evento crucial, especialmente porque estamos no meio da Década do Oceano da ONU (2021-2030), e antecede a COP30, que acontecerá no Brasil.

O que esperar da Conferência dos Oceanos de 2025 em Paris (Nice, França)

A Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025 (UNOC3) tem como foco principal “Acelerar a ação e mobilizar todos os atores para conservar e usar o oceano de forma sustentável”. De fato, a expectativa é que o evento vá além de meras declarações de intenção, buscando compromissos concretos e planos de ação operacionais.

Principais Temas e Prioridades da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025 (UNOC3)

Proteção de 30% do Oceano até 2030 (Meta “30×30”): Fortalecer os esforços para designar e efetivamente proteger 30% das áreas marinhas globais até 2030. Foco em maior proteção para 10% dessas áreas.

Combate à Poluição Plástica: Discutir e avançar nas negociações internacionais em andamento. Principalmente a que se refere a um tratado global vinculante sobre poluição plástica, com recomendações para redução da produção de plástico.

Descarbonização do Transporte Marítimo: Abordar a necessidade de reduzir as emissões de carbono das operações marítima. Além disso, incentivar investimentos em tecnologias limpas (como bioenergia marinha).

Economia Azul Sustentável e Financiamento: Mobilizar recursos financeiros significativos para a economia azul. Um fórum sobre Economia Azul e Finanças se realiza em Mônaco (7-8 de junho) como evento paralelo.

Pesca Sustentável: Promover e implementar práticas pesqueiras responsáveis e certificadas. Isso visa acabar com a pesca prejudicial (como por exemplo: a pesca excessiva e subsídios que a incentivam) e restaurar ecossistemas marinhos.

Governança Internacional e Cooperação: Fortalecer tratados existentes (como a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – UNCLOS). Principalmente aprofundar a governança regional para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e outros desafios marinhos.

Ciência Marinha e Tomada de Decisão: Fortalecer e disseminar o conhecimento relacionado às ciências marinhas para embasar políticas públicas mais eficazes. O “One Ocean Science Congress” (3-6 de junho em Nice) reunirá cientistas para identificar soluções inovadoras para a saúde dos oceanos.

Resiliência Costeira e Adaptação Climática: Apoiar cidades e comunidades costeiras na adaptação às mudanças climáticas, incluindo a implementação de planos nacionais de adaptação e a promoção de soluções baseadas na natureza (restauração de manguezais, recifes).

Prevenção da Mineração em Águas Profundas: Há uma forte oposição à ideia de mineração em águas profundas, devido ao risco de liberar depósitos de carbono e, portanto, prejudicar ecossistemas frágeis.

Eventos Paralelos e Destaques

A conferência principal precederá e acompanhará uma série de eventos importantes. Principalmente:

  • One Ocean Science Congress (3-6 de junho, Nice): Focado em ciência para ação oceânica.
  • Blue Economy and Finance Forum (7-8 de junho, Mônaco): Para mobilizar compromissos financeiros.
  • Ocean Rise & Coastal Resilience Coalition (7 de junho, Nice): Abordará colaboração e acesso a conhecimento e principalmente finanças para adaptação às mudanças climáticas e oceânicas.
  • Dia Mundial do Oceano (8 de junho, Nice): Celebrado com foco na sociedade civil e nos “Povos do Oceano”.
  • Zona Verde: Um espaço aberto ao público no porto de Nice e Palais des Expositions (28 de maio a 13 de junho) para conscientização e celebração da cultura marítima.

Desafios e Expectativas da Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025 (UNOC3)

Apesar das expectativas por compromissos concretos, há desafios. A WWF e a Zero (ONG portuguesa) alertam contra “compromissos vazios”. A conferência busca ser um “pré-COP30” ativo, buscando um acordo que seja um plano de ação operacional com medidas concretas para proteger o oceano, ou seja, similar ao nível do Acordo de Paris para o clima.

Em resumo, espera-se que a Conferência dos Oceanos de 2025 seja um momento decisivo para traduzir o conhecimento científico em ações políticas e financeiras robustas, acelerando os esforços globais para a saúde e a sustentabilidade dos nossos oceanos.

Observação da Ministra Marina Silva em Paris na UNOC3

Em entrevista à GloboNews no dia 7 de junho de 2025, a ministra Marina Silva afirmou enfaticamente: “Não há mais o que negociar. Chegou a hora de implementar as ações necessárias e investir no aporte de capital, já exaustivamente discutido, no valor de 1,3 trilhão de dólares para o fundo de combate às mudanças climáticas.”


Isso reflete uma posição cada vez mais forte de que o tempo de discussões sobre o financiamento climático está se esgotando e que a urgência agora é de execução.

Contexto da Declaração da Ministra Marina Siva

  • Meta de US$ 100 Bilhões/Ano: Países desenvolvidos se comprometeram, em 2009 (COP15, Copenhague) e reforçado em 2015 (Acordo de Paris), a mobilizar US$ 100 bilhões por ano para o financiamento climático em países em desenvolvimento até 2020. Essa meta, no entanto, tem sido objeto de críticas e não foi totalmente alcançada consistentemente.
  • Valor de US$ 1,3 trilhão: O valor de US$ 1,3 trilhão de dólares mencionado pela Ministra representa uma escala de investimento muito maior do que a meta original de US$ 100 bilhões anuais do Fundo Verde para o Clima. Este valor pode estar se referindo a uma estimativa de necessidade total de investimento para a transição energética e adaptação climática em países em desenvolvimento. Além disso, há um novo nível de ambição para o financiamento climático que está sendo discutido em foros internacionais. É um valor que reflete a enorme lacuna de financiamento existente para enfrentar a crise climática globalmente.

Implicações da Declaração “Não há mais o que negociar”

A fala da Ministra Marina Silva destaca a urgência da crise climática. Ela sugere que o debate sobre a necessidade de financiamento já foi exaustivo e a fase atual exige, principalmente:

  1. Ação Imediata: É hora de traduzir os compromissos em projetos, principalmente os programas concretos no terreno.
  2. Investimento Real: O aporte de capital prometido e discutido precisa de ser efetivado, e não mais somente debatido.
  3. Responsabilidade Compartilhada: A ênfase no “aporte de capital que já foi incansavelmente discutido” aponta para a responsabilidade dos países desenvolvidos em cumprir suas promessas de financiamento.

Essa postura é crucial no contexto de conferências como a COP30, que será no Brasil e a UNOC3, em 2025, onde as discussões sobre financiamento climático e implementação de acordos são centrais. A ideia é que o “blá-blá-blá” precisa ceder lugar à “ação-ação-ação”.


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