O que é Ecodesenvolvimento?
Você sabe o que é Ecodesenvolvimento? Além disso, você sabia que é este enfoque que forma as bases do tão conhecido “desenvolvimento sustentável“?
Neste artigo trago algumas novidades no estudo da sustentabilidade. Uma vez que vamos abordar esses conceitos de modo subjetivo, agora vou tratar o assunto sob um olhar mais profundo (holístico), que está além do conceito de “desenvolvimento sustentável”. Por exemplo: como podemos nos desenvolver, ou seja se envolver menos com crenças de crescimento econômico, com a exploração da natureza, com o consumo desenfreado, a multiplicação humana, etc.?
Contexto histórico do Ecodesenvolvimento
Entre as décadas de 1960 e 1970 (revolução industrial), estudos realizados em todo o mundo começaram a constatar os limites dos estilos de desenvolvimento adotados.
Ou seja, a forma de se desenvolver estava destruindo o meio ambiente e, caso tudo continuasse do mesmo jeito, o nosso planeta estava correndo sério risco de ser destruído.
Naquele período se deu o despertar de uma consciência ambiental. Essa consciência deu uma nova perspectiva para a relação do homem com a natureza: antes, os seres humanos eram vistos como superiores à natureza, agora, natureza e seres humanos deveriam e poderiam viver juntos.
A ideia é que são uma coisa só, fazem parte do mesmo sistema. Então, homem e meio ambiente devem ser considerados, de maneira igual, nas novas estratégias de desenvolvimento.
A evolução dos paradigmas da gestão ambiental no desenvolvimento
Conforme apresentado por Michael Colby, em “The evolution of paradigms of environmental management in development”, ou, em português, “A evolução dos paradigmas da gestão ambiental no desenvolvimento”, vou falar sobre cada um deles. Dessa forma, você vai conhecer as suas principais características, até chegar ao próprio conceito da sustentabilidade.
O Ecodesenvolvimento surgiu como uma alternativa às outras teorias sobre o desenvolvimento existentes até a década de 1970. Formulado pela primeira vez em 1973 por Maurice F. Strong, à época diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Contudo, seu grande expoente é Ignacy Sachs. Em um artigo de 1974, chamado “Ambiente e estilos de desenvolvimento”, ele delineou todo o enfoque.
Quem foi Ignacy Sachs e qual sua contribuição para a sustentabilidade?
“Para Sachs, o Ecodesenvolvimento é ao mesmo tempo um novo estilo de desenvolvimento e um novo enfoque de planejamento e gestão, que pode ser aplicado tanto em zonas rurais quanto urbanas.”
Ecodesenvolvimento – por que entender a sustentabilidade antes do “desenvolvimento sustentável”?
Hoje, dizer que se é sustentável, sem ter um olhar diferenciado sobre o que é sustentabilidade, pode causar sérios danos a nós e a todo o planeta. Aliás, vem causando, haja visto que muitas empresas e instituições usam a cor verde disfarçadamente.
A Revolução Verde: Um Salto na Produtividade com Consequências Complexas (abre outra janela).
Na teoria elas são sustentáveis, mas na prática continuam visando o lucro acima de tudo, com as mesmas atitudes destrutivas do meio ambiente e prejudicando as comunidades.
Dessa forma, é preciso conhecer o que é Ecodesenvolvimento, enfoque construído a partir da década de 1970, quando se deu o despertar da consciência ambiental.
Por quê?
Simples, o conhecido desenvolvimento “sustentável” foi distorcido por interesses ocultos e pode até ser nocivo à sustentabilidade. Concorde ou discorde dessa afirmação, mas só depois de ler o post abaixo. Ok?
Para entender a afirmação acima, leia: Desenvolvimento Sustentável: história, futuro e reflexão (abre outra janela).
Os cinco paradigmas do Ecodesenvolvimento
1. Satisfação das necessidades básicas
2. Crescimento e Progresso
3. Proteção ambiental
4. Gestão Sustentável de Recursos Naturais
5. Ecologia profunda
1. Satisfação das necessidades básicas
Imagine um país em desenvolvimento. A população é pobre e precisa de alimentos, água potável e abrigo. Para atender a essas necessidades básicas, as pessoas podem desmatar florestas para plantar alimentos, pescar em excesso nos rios e construir casas em áreas de risco. Ou seja, era assim que estavamos pensando e vivendo, por isso, nossas crenças precisam mudar. Não dá para ir destruido tudo porque os seres humanos estão por ai e querem satisfazer as suas necessidades a qualquer custo.
Enfim, essas ações podem ter consequências negativas para o meio ambiente. O desmatamento pode levar à erosão do solo, à desertificação e à perda de biodiversidade. A pesca predatória pode esgotar os recursos pesqueiros. E a construção em áreas de risco pode aumentar a vulnerabilidade a desastres naturais.
Visão do Ecodesenvolvimento
Então, o paradigma das necessidades básicas do ecodesenvolvimento reconhece que a pobreza e a degradação ambiental estão interligadas. Portanto para alcançar um desenvolvimento sustentável, é preciso atender às necessidades básicas da população sem destruir o meio ambiente.
A satisfação das necessidades básicas é um pilar fundamental do ecodesenvolvimento. Ela se baseia na premissa de que o desenvolvimento humano só pode ser alcançado quando as necessidades básicas da população, como alimentação, água, abrigo, saúde e educação, são atendidas de forma universal, mas de forma sustentável.
Que todos os indivíduos, independentemente de sua renda, localização ou status social, devem ter acesso aos recursos essenciais para uma vida digna. Que o atendimento das necessidades básicas deve ser feito de forma a não comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. Isso implica na proteção dos recursos naturais e na promoção de práticas ambientalmente corretas.
Distribuição de renda, acesso a crédito, geração de emprego e renda. Investimento em infraestrutura, campanhas de educação sanitária e gestão sustentável dos recursos hídricos.
Além disso, programas de habitação popular, regularização fundiária e acesso a serviços básicos como energia e água.
Também: Fortalecimento do sistema público de saúde, investimento em atenção básica e campanhas de prevenção de doenças. Ampliação da oferta de vagas, melhoria da qualidade do ensino e valorização dos profissionais da educação para que sejam preparados como cosncientizadores ambientais.
2. Paradigma do Crescimento e Progresso
A crença do crescimento e progresso sempre é um paradigma dentro do ecodesenvolvimento que enfatiza o progresso, a economia, o crescimento e a prosperidade como elementos centrais para o desenvolvimento sustentável.
Crescimento e progresso – mentalidade atual do capitalismo
- Crescimento econômico: Aumento da produção e do consumo como principal motor do desenvolvimento.
- Inovação tecnológica: Desenvolvimento de novas tecnologias para impulsionar a produtividade e a competitividade.
- Abertura comercial: Livre comércio e globalização como forma de estimular o crescimento e a eficiência.
- Mercado livre: Minimização da intervenção estatal na economia para permitir o livre funcionamento das forças de mercado.
Segundo este paradigma, o mais importante em uma sociedade é o progresso, a economia, o crescimento e a prosperidade. De preferência que tudo cresça sempre mais. Além disso, nele o homem tem o domínio da natureza. E assim, a exploração dos recursos naturais pode ser feita infinitamente. Isso significa que o antropocentrismo (a ideia de que tudo gira em torno da espécie humana no mundo) é muito forte neste paradigma. Como consequência, as principais ameaças a serem enfrentadas é a fome, a pobreza, as doenças e os desastres naturais.
Igualmente existem problemas de poluição, destruição desregulada dos ecossistemas, alto crescimento da população e o livre-mercado. Além disso, no paradigma do crescimento e progresso (do capitalismo que sempre deseja crecer) também se verifica a existência de grandes áreas de monoculturas, com produção cada vez mais mecanizada.
Críticas e soluções para o paradigma do crescimento e progresso contínuo
O foco no crescimento contínuo pode levar à exploração insustentável dos recursos naturais e à degradação ambiental. Portanto, o crescimento econômico nem sempre se traduz em uma melhor distribuição da riqueza, podendo, inclusive, aumentar as desigualdades sociais. Por isso, a expansão da produção e do consumo pode ter impactos negativos na saúde humana, na cultura e na qualidade de vida.
Aumentar a produtividade e reduzir o uso de recursos e a geração de resíduos, ou seja, Ecoeficiência. Um exemplo é adotar fontes de energia renováveis e sustentáveis. Além disso, implementar modelos de produção e consumo que minimizem o desperdício e maximizem a reutilização de materiais (economia circular).
Economia Circular, o caminho natural que imita a natureza (abre outra janela)
Responsabilidade social: As empresas devem considerar os impactos sociais e ambientais de suas atividades.
3. Proteção ambiental
Neste paradigma predomina a ideia de ecologia versus crescimento econômico.
Contudo, o antropocentrismo (a crença de que tudo gira em torno do homem) ainda é forte. Ou seja, neste paradigma também se acredita na ideia de que o homem é superior à natureza, e que esta é fornecedora de recursos naturais, então, não se questiona se os recursos são ou não finitos.
Soluções do Ecodesenvolvimento para a proteção ambiental
O ecodesenvolvimento oferece um conjunto de soluções abrangentes para os desafios da proteção ambiental, integrando a preservação ambiental com o desenvolvimento social e econômico. As principais soluções se concentram em cinco áreas:
Preservação da Biodiversidade: Criar e ampliar áreas protegidas, como parques nacionais e reservas biológicas, para conservar a biodiversidade e os habitats naturais. Além disso, Implementar práticas que garantem a exploração responsável dos recursos naturais, como a pesca sustentável e o manejo florestal. Enfim, reduzir a emissão de poluentes, o descarte inadequado de resíduos e outras formas de contaminação que ameaçam a biodiversidade.
Uso Responsável dos Recursos Naturais: Adotar medidas para reduzir o consumo de energia, como o uso de tecnologias eficientes e a mudança para fontes renováveis. Além disso, implementar a economia circular que é um modelo de produção e consumo que visa reduzir o desperdício, reutilizar materiais e reciclar produtos.
Agricultura Sustentável: Promover práticas agrícolas que preservam o solo e a água, como a agroecologia e a agricultura familiar.
Consumo Consciente: Adotar hábitos de consumo que considerem o impacto ambiental dos produtos e serviços, priorizando produtos ecológicos e duráveis.
4. Gestão de recursos naturais
Finalmente, neste paradigma, a sustentabilidade predomina, sendo considerada uma condição necessária para o crescimento “verde”.
Dessa forma, o homem não é visto como superior à natureza, mas agora faz parte dela. É o ecocentrismo (as pessoas se conscientizam sobre os problemas ambientais), em oposição ao antropocentrismo (que as pessoas acham que os seres humanos são o centro do mundo), dominante nos paradigmas anteriores.
Apesar disso, ainda tem como ameaças a degradação dos recursos naturais, a pobreza e o crescimento da população.
Uma mudança que vemos neste paradigma é a maneira de gerir os recursos naturais. Aqui, eles são considerados de uso comum, pertencente a todos, e não mais de forma privada.
Por exemplo, os oceanos, a atmosfera, o clima e biodiversidade, não tem um dono. Todos nós somos responsáveis por sua preservação. Isso significa que sociedade civil, governo e iniciativa privada compartilham a responsabilidade pelo desenvolvimento.
Além do mais, se os recursos naturais são de todos, então todos precisam cuidar. E não é de qualquer forma não! É preciso que haja a integração de diferentes níveis: local, estadual e federal.
Caraterísticas do paradigma da Gestão de resíduos
Abordagem ampla (holística): Considera os impactos interligados entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais da gestão de recursos naturais.
Priorização da sustentabilidade: A preservação dos recursos naturais para as gerações futuras é um objetivo central, garantindo a sua disponibilidade e qualidade.
Uso responsável e eficiente: Busca-se otimizar o uso dos recursos naturais, minimizando o desperdício e a degradação ambiental.
Participação social: A sociedade civil participa ativamente na tomada de decisões sobre a gestão dos recursos naturais.
Ciência e tecnologia: Utiliza-se o conhecimento científico e tecnológico para promover a gestão sustentável dos recursos naturais e não mais para simplesmente promover progresso e crescimento econômico.
Precaução e adaptabilidade: Adotando o princípio da precaução, considera-se os riscos e incertezas do uso dos recursos naturais, adaptando-se às mudanças e novas descobertas.
Equidade: Distribuição justa dos benefícios da exploração dos recursos naturais entre as diferentes partes interessadas.
Responsabilidade intergeracional: Preservação dos recursos naturais para as gerações futuras, garantindo sua disponibilidade e qualidade.
Eficiência: Maximização do uso dos recursos naturais, minimizando o desperdício e a degradação ambiental.
Precaução: Consideração dos riscos e incertezas do uso dos recursos naturais, adotando medidas para prevenir impactos negativos.
Adaptabilidade: Adaptação às mudanças e novas descobertas relacionadas aos recursos naturais e sua gestão.
5. Ecologia profunda – visão ética
Diferente dos outros paradigmas de desenvolvimento, a ecologia profunda preza pelo “anti-crescimento”. Isso significa que ela defende o não crescimento, o mesmo que dizer que o crescimento é zero.
Baseado no biocentrismo, a natureza está no centro das ações e nós, homens, dependemos dela para viver.
O mundo é visto como uma rede de acontecimentos que sempre estão interligados e interdependentes. Ou seja, o que acontece num ponto, afeta o outro; o que acontece numa parte, afeta o todo.
Sob o mesmo ponto de vista de uma consciência espiritual ou religiosa, como a dos místicos cristãos ou dos budistas, a ecologia profunda defende a necessidade de mudar os valores que hoje governam grande parte das sociedades modernas.
Neste paradigma de desenvolvimento também se leva em conta a existência de múltiplos sistemas culturais. Neles são valorizados os saberes tradicionais, a conservação da biodiversidade e uma maior autonomia das populações.
As principais ameaças são o colapso dos ecossistemas e a existência de desastres não naturais. Por isso, um dos seus principais desafios é desenvolver estratégias para reduzir a população.
O paradigma da Ecologia profunda seria o melhor paradigma de desenvolvimento?
Pensa comigo: sob o olhar da sustentabilidade, este paradigma parece ser bem interessante e deveria predominar sobre os outros, não é mesmo?
Veja bem, precisamos tomar cuidado ao pensar que um paradigma pode ser melhor que o outro e que deve ser o guia para as estratégias de desenvolvimento. Sem dúvida a ecologia profunda apresenta muitos avanços e nos traz uma nova forma de ver, de estar e de agir no mundo.
No entanto, é um enfoque muito radical porque acredita que o homem, em relação à Terra, é um câncer. E se o homem é um câncer, qual seria o nosso destino?
Relação homem x natureza
A relação homem-natureza é entendida como uma co-evolução, de simbiose, ambos caminham juntos, nenhum é superior ao outro. Ou seja, predomina o ecocentrismo.
Ao contrário dos outros paradigmas, este enfoque recusa o ecologismo tradicional e o economicismo selvagem. Assim, ele é diferente de tudo o que existia até o momento de sua formulação.
Por fim, um dos grandes desafios que o Ecodesenvolvimento enfrenta é conseguir harmonizar, num mesmo plano de desenvolvimento, objetivos sociais, econômicos, culturais, políticos, institucionais e ambientais.
E como resposta a este desafio, surge a dimensão ética, algo que também não existia anteriormente.
Ética dentro de um paradigma de desenvolvimento
Ética no paradigma satisfação das necessidades básicas, sejam elas materiais e não-materiais.
Referente a esta questão, Sachs explica que geralmente o desenvolvimento é visto como a satisfação das necessidades materiais. No entanto, esta visão é muito restritiva, e por isso as necessidades não-materiais também devem ser consideradas.
Estas necessidades incluem, por exemplo, o livre acesso à cultura, a possibilidade de exercer uma atividade criativa num ambiente de trabalho adequado, saber e ter a possibilidade de conviver em harmonia com o outro, bem como ter uma participação ativa na condução das atividades de interesse público.
Prudência ecológica, ou harmonia sociedade-natureza
Nesse caso, temos a ideia de que o homem é parte do meio ambiente e, portanto, deve agir de modo a preservá-lo.
Self-reliance
Como significado de uma busca por um maior grau de controle do processo de desenvolvimento através da ação de uma sociedade civil que seja organizada. Ou seja, é a possibilidade de as populações terem maior autonomia para participarem das estratégias de desenvolvimento, podendo ter maior controle sobre elas.
Eficiência econômica
Entendida como uma internalização dos custos socioambientais do processo de desenvolvimento. Em outras palavras, normalmente não se considera os custos ambientais das ações.
No entanto, como este enfoque ético entende que todos os sistemas estão interligados e são interdependentes, a economia passa a ser só mais um sistema ao lado da política, do social e do meio ambiente, por exemplo.
Como resultado, a economia é só mais um meio ou um instrumento para atingir o desenvolvimento, não o fim dele.
Mudanças trazidas pelo conceito de Ecodesenvolvimento
Por meio dele, cada região, ou ecorregião, irá se desenvolver conforme as suas especificidades. Assim, serão considerados os dados ecológicos, culturais e as necessidades imediatas e de longo prazo das populações envolvidas, por meio do aperfeiçoamento de ecotécnicas.
As ecotécnicas são tecnologias para serem usadas em cada território, desde que correspondam à satisfação das necessidades básicas e ao desenvolvimento dos recursos social, cultural, humano, institucional e ambiental.
Mas, como é possível fazer todas estas mudanças, a fim de implementar uma nova forma de fazer o desenvolvimento?
A resposta é simples: é preciso uma nova consciência! Entender que as populações locais tem o poder de mudar a sua realidade!
Definitivamente, para o Ecodesenvolvimento, as próprias comunidades têm a capacidade e o poder de identificarem seus próprios problemas e apresentarem soluções originais para eles. Lembra do pressuposto ético da self-reliance? Então, é isso.
Crescimento da consciência ambiental após o enfoque ético do Ecodesenvolvimento
Depois que Ignacy Sachs trouxe ao mundo o enfoque do Ecodesenvolvimento, a consciência ambiental cresceu ainda mais. Dessa forma, governos e movimentos sociais de todo o mundo se mobilizaram para buscarem alternativas aos padrões de desenvolvimento existentes.
No entanto, a palavra sustentabilidade ainda não existia oficialmente, apesar de já estar concretizados os pilares econômicos, sociais e ambientais como fundamentais para quaisquer estratégias desenvolvimentistas.
Como resultado, a primeira vez que a palavra sustentabilidade surge relacionada à temática do desenvolvimento foi no início da década de 1980. O responsável foi Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute. Até hoje ele é um dos mais importantes pensadores ambientais do mundo.
Na ocasião, Brown falou sobre “comunidades sustentáveis”, que seria aquela capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras.
O que são Cidades Sustentáveis e Como Podem ser uma Solução Socioeconômica?
Você já deve ter ouvido definição parecida, não é? E você não está enganado, porque desenvolvimento sustentável tem a ver exatamente com isso:
Ou seja, atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades.
Aliás, o termo “desenvolvimento sustentável” foi primeiramente divulgado por Robert Allen, no livro “How to save the world: a strategy for world conservation”, de 1980. Contudo, ele somente ganhou força e se tornou conhecido mundialmente em 1987, devido ao Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), mais conhecida como Comissão Brundtland.
O que é o Relatório Brundtland? Com PDF traduzido
Com o Ecodesenvolvimento as bases para sustentabilidade ficaram formadas!
Portanto, é a partir dos paradigmas de desenvolvimento que mostrei aqui junto com outros acontecimentos a nível mundial, que o desenvolvimento sustentável foi ganhando forma. Uma pena que o “desenvolvimento sustentável” foi desviado do propósito. Veja este post para entender: Desenvolvimento Sustentável: história, futuro e reflexão (Abre numa nova aba do navegador).
De fato, ele não apresentou nenhuma mudança substancial em relação ao que já havia sido proposto pelos ecodesenvolvimentistas. A não ser que tenha ficado focado no crescimento contínuo da economia.
Porém, e isso pode ser considerado um de seus grandes feitos, o Ecodesenvolvimento definitivamente colocou de novo em pauta, a nível internacional, as discussões sobre a importância da sustentabilidade.
Pioneiros do Ecodesenvolvimento – Figuras Inspiradoras que Moldaram a Sustentabilidade
O ecodesenvolvimento, filosofia que busca conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação ambiental, foi impulsionado por mentes visionárias que dedicaram suas vidas à busca por soluções inovadoras para os desafios do planeta.
Conheça alguns dos ecodesenvolvimentistas mais influentes:
1. Ignacy Sachs (1927-2016):
- Pioneiro francês: Um dos pais fundadores do ecodesenvolvimento, Sachs defendia a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento que integrasse justiça social, proteção ambiental e progresso econômico.
- Obras notáveis: “Estratégias para o Ecodesenvolvimento” (1981) e “O Desenvolvimento Alternativo: Uma Aproximação Planetária” (1992).
- Legado: Sachs inspirou gerações de pensadores e ativistas com sua visão holística e crítica do desenvolvimento convencional.
2. Vandana Shiva (nascida em 1952):
- Física e filósofa indiana: Uma das vozes mais proeminentes do ecofeminismo, Shiva defende a interconexão entre a justiça ambiental, a justiça social e os direitos das mulheres.
- Obras notáveis: “A Morte da Natureza” (1980) e “Manufatura de Fome” (1988).
- Ativismo: Shiva é fundadora da Research Foundation for Science, Technology and Ecology, organização que promove a agricultura sustentável e a resistência à globalização predatória.
Vandana Shiva – uma ativista indiana que faz toda a diferença
3. Hazel Henderson (1929-2018):
- Economista e futurista americana: Uma das primeiras pensadoras a defender a necessidade de uma nova economia baseada em valores como a sustentabilidade, a justiça social e a equidade.
- Obras notáveis: “Criando a Sociedade Futura” (1978) e “Beyond GDP: Measuring What Really Matters” (1995).
- Visão holística: Henderson defendia a importância de integrar diferentes áreas do conhecimento, como a economia, a ecologia e a psicologia, para construir um futuro mais justo e sustentável.
4. Manfred Max-Neef (1935-2019):
- Economista chileno: Max-Neef propôs a Economia da Felicidade Humana, que busca medir o progresso não pelo PIB, mas pelo bem-estar das pessoas e pela preservação do meio ambiente.
- Obras notáveis: “Desenvolvimento a Escala Humana” (1986) e “Economia e Felicidade” (2006).
- Visão humanista: Max-Neef defendia que o desenvolvimento deve estar centrado nas necessidades humanas básicas, na preservação da natureza e na satisfação das aspirações humanas de felicidade e autorrealização.
5. Fritjof Capra (nascido em 1939):
- Físico austríaco e filósofo da ciência: Capra é um dos principais proponentes da Nova Física, que enfatiza a interconexão de todos os fenômenos no universo e a importância da ecologia para a compreensão do mundo.
- Obras notáveis: “O Tao da Física” (1975) e “A Teia da Vida” (1996).
- Visão sistêmica: Capra defende que a ciência deve ir além da fragmentação disciplinar para compreender a realidade como um todo interconectado, onde a humanidade está integrada à natureza.
6. Muhammad Yunus (nascido em 1940):
- Economista bengali: Yunus é o fundador do Grameen Bank, um banco pioneiro no microcrédito, que oferece empréstimos a pessoas de baixa renda para iniciar seus próprios negócios.
- Prêmio Nobel da Paz (2006): Reconhecido por sua contribuição para o combate à pobreza e o empoderamento das comunidades.
- Visão social: Yunus defende a inclusão financeira e o empreendedorismo como ferramentas para o desenvolvimento sustentável e a justiça social.
7. Herman Daly (nascido em 1938):
- Economista americano: Daly é um dos principais críticos do crescimento econômico ilimitado e um defensor da economia ecológica, que busca integrar a economia à ciência ecológica.
- Obras notáveis: “Steady-State Economics” (1971) e “Beyond Growth: Economics for a Sustainable Future” (1996).
- Sustentabilidade: Daly defende que o crescimento econômico deve ser limitado pelos recursos naturais do planeta.
Referências de pesquisa
- Leff, Enrique (1994). Ecología y capital: Racionalidad ambiental, sustentabilidad y desarrollo social. México: Siglo XXI Editores.
- Sachs, Ignacy (1993). Estratégias de transição para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Cortez Editora.
- Gudynas, Eduardo (2011). Ecodesenvolvimento: Uma Abordagem Crítica. Rio de Janeiro: Garamond
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