Como foi a COP 29? #
A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP29), realizada em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro de 2024, concluiu com resultados que geraram debates intensos. O principal avanço foi o estabelecimento de uma nova meta de financiamento climático, comprometendo países desenvolvidos a fornecerem US$ 300 bilhões anuais até 2035 para apoiar nações em desenvolvimento na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Contudo, essa quantia foi considerada insuficiente por diversos especialistas e representantes de países em desenvolvimento, que estimam a necessidade de pelo menos US$ 1,3 trilhão anuais para enfrentar efetivamente a crise climática. A diretora de Clima do WRI Brasil, Karen Silverwood-Cope, destacou que o aumento proposto “meramente cobre a inflação dos US$ 100 bilhões anuais prometidos em 2009”.
Lembrando que, o objetivo principal da COP29 era o de promover a implementação dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, como limitar o Aquecimento Global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e garantir ações concretas para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Principais Destaques da COP29 #
- Financiamento climático ampliado, mas Insuficiente
- Finalização do Regulamento do Mercado de Carbono
- Atualização das NDCs até 2025
- Inclusão de “Perdas e Danos” no centro das negociações
- Mobilização Global e Protestos
- Ausências de autoridades chave na COP 29
- Análise crítica da Mídia
1. Financiamento Climático Ampliado, Mas Insuficiente #
O principal acordo da COP29 estabeleceu que os países desenvolvidos contribuiriam com US$ 300 bilhões anuais até 2035 para apoiar nações em desenvolvimento. Esse financiamento é destinado à mitigação, adaptação e enfrentamento de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.
- Especialistas criticaram o montante, argumentando que está aquém do necessário. Segundo estudos, o custo estimado para atender à transição climática em escala global supera US$ 1,3 trilhão por ano.
- A ministra do Clima das Maldivas, Aishath Nahula, afirmou: “Estamos pagando o preço mais alto pelas emissões de outros países, e isso precisa mudar.”
Acordo de Paris – O que é, metas, desafios e resultados no Brasil
2. Finalização do Regulamento do Mercado de Carbono #
Após anos de negociações, a COP29 concluiu a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que estabelece o comércio global de créditos de carbono.
- Mercado Voluntário: Permite que países e empresas comprem créditos de carbono de projetos que reduzem emissões em outros locais.
- Garantias de Integridade: Regras mais rígidas foram implementadas para evitar “Greenwashing” (falsas alegações de sustentabilidade).
Apesar do avanço, organizações alertaram que um mercado de carbono mal regulamentado pode desviar a atenção das ações de Descarbonização direta.
3. Atualização das NDCs até 2025 #
Foi definido que todos os países devem revisar e apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até 2025, com metas mais ambiciosas.
- As atuais NDCs colocam o mundo em um cenário de aquecimento de 2,4°C a 2,7°C até o final do século, acima do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris.
4. Inclusão de “Perdas e Danos” no Centro das Negociações #
A criação de um fundo específico para compensar perdas e danos já foi acordada na COP28, mas na COP29, sua operacionalização foi detalhada.
- As nações mais vulneráveis, como pequenas ilhas e países africanos, pressionaram para a inclusão de compromissos financeiros obrigatórios, especialmente de grandes emissores históricos.
Fundo para perdas e danos – Criado durante a COP 27
6. Mobilização Global e Protestos #
Fora das salas de negociação, ativistas, ONGs e representantes da sociedade civil organizaram protestos massivos, exigindo ações mais concretas.
O movimento “Climate Justice Now” criticou o que consideraram “promessas vazias” e reafirmaram a necessidade de justiça climática para comunidades historicamente marginalizadas.
Participação de Personalidades: O ex-jogador brasileiro Ronaldinho Gaúcho marcou presença na COP29, participando de debates sobre sustentabilidade e uso de sua imagem para promover ações ambientais.
7. Ausências de autoridades chave na COP 29 #
Entre os países que não enviaram seus chefes de Estado ou de governo ao evento, destacam-se:
- Estados Unidos: O presidente Joe Biden não compareceu à cúpula, uma ausência notável dado o papel crucial dos EUA nas negociações climáticas globais.
- União Europeia: A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também não participou da COP29, devido a compromissos políticos em Bruxelas.
- Brasil: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou sua participação após sofrer um ferimento na cabeça no mês anterior ao evento.
- China: O presidente Xi Jinping esteve ausente, o que gerou preocupações sobre o comprometimento do país com as metas climáticas.
- Alemanha: O chanceler Olaf Scholz não compareceu à conferência, somando-se às ausências de líderes europeus.
- França: O presidente Emmanuel Macron também não participou da COP29, o que, segundo Financial Times, foi percebido como uma falta de engajamento em um momento crítico para as negociações climáticas.
8. Análise da Mídia e Instituições #
Uma pesquisa sobre “resultados da COP29” revela que os principais veículos de comunicação destacaram o acordo de financiamento climático de US$ 300 bilhões anuais até 2035, mas criticaram a insuficiência diante das necessidades estimadas em trilhões de dólares. Além disso, houve menções à regulamentação do mercado de carbono e à necessidade de atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) até 2025. No entanto, muitos artigos apontaram a falta de compromissos mais ambiciosos e a ausência de menções diretas à redução do uso de combustíveis fósseis. Assim:
“Nas sombras da inação, o futuro do planeta clama por justiça climática.”
Apesar dos avanços, a COP29 foi amplamente criticada por falhar em abordar questões fundamentais:
- Nenhuma menção direta à eliminação de combustíveis fósseis. Isso gerou descontentamento entre ativistas e cientistas que apontam essa transição como indispensável.
- A ausência de líderes globais importantes, como os presidentes dos Estados Unidos e China, foi vista como um retrocesso simbólico nas negociações climáticas.
- Organizações não governamentais destacaram a falta de um cronograma claro para eliminar subsídios a combustíveis fósseis.
Preparação para a COP 30 no Brasil #
O Brasil, que sediará a próxima conferência (COP30) em Belém, Pará, em 2025, apresentou durante a COP29 sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), comprometendo-se a reduzir entre 59% e 67% das emissões de Gases de Efeito Estufa até 2035, tomando como base os níveis de 2005.
Segundo o site do Governo Federal (ministério do meio ambiente), a COP29 também estabeleceu o “Roteiro Baku a Belém para 1,3T”, que visa, até novembro de 2025, acordar uma trajetória de escalonamento do financiamento climático para as nações em desenvolvimento, com foco em recursos não reembolsáveis e instrumentos que não gerem endividamento adicional.
Em suma, embora a COP29 tenha alcançado alguns progressos, os resultados foram considerados aquém do necessário para enfrentar a crise climática de maneira eficaz. A expectativa recai agora sobre a COP30 no Brasil, onde espera-se que sejam adotadas metas mais ambiciosas e compromissos concretos para a sustentabilidade do planeta.
Contribuição para a Sustentabilidade do Planeta #
A COP29 trouxe à tona a necessidade urgente de ações mais efetivas para combater as mudanças climáticas. Embora os avanços tenham sido modestos, eles destacam a importância de um esforço coletivo global para a sustentabilidade. A regulamentação do mercado de carbono e o compromisso financeiro, mesmo que insuficiente, são passos na direção certa. No entanto, é imperativo que as nações aumentem suas ambições e implementem políticas que promovam a transição para energias renováveis, conservação ambiental e práticas sustentáveis em todos os setores.
Momento decisivo para o Aquecimento Global #
A COP29 é considerada um momento crucial para a implementação de ações concretas que limitem o Aquecimento Global a menos de 1,5°C, conforme estabelecido no Acordo de Paris. Ou seja, as discussões e decisões tomadas durante a conferência terão impacto significativo nas políticas climáticas globais nos próximos anos.
O Azerbaijão, um país com uma economia fortemente dependente da exploração de combustíveis fósseis, traz uma perspectiva única para sediar a COP 29. Em suma, o país estará sob os holofotes por causa do papel que desempenha no setor de energia e dos desafios que enfrenta na transição para fontes mais sustentáveis.
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Neste post, vamos explorar as expectativas para a COP 29, os principais temas que estarão em debate e principalmente o que isso significa para o futuro das ações climáticas.
1. Transição Energética em Países Dependentes de Combustíveis Fósseis #
Como um país importante na exportação de petróleo e gás natural, o Azerbaijão tem um papel importante a desempenhar nas discussões sobre transição energética. Então, a COP 29 será uma oportunidade para discutir como economias fortemente dependentes de combustíveis fósseis podem mudar para Fontes Renováveis de Energia. Por isso, o debate sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e a aceleração da adoção de energias limpas, como solar e eólica, será central.
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2. Fundo para Perdas e Danos na COP 29 #
A implementação do fundo para perdas e danos, acordado na COP 27 e fortalecido na COP 28, será um dos principais temas da COP 29. Este fundo é crucial para apoiar financeiramente os países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, como enchentes, secas e principalmente a elevação do nível do mar. A COP 29 deve focar em garantir que os recursos prometidos sejam mobilizados e distribuídos de maneira justa e eficiente.
3. Financiamento Climático e Justiça Climática #
O financiamento climático continua a ser um dos maiores desafios das negociações climáticas globais. Durante a COP 29, espera-se que os países desenvolvidos reforcem suas promessas de financiamento, garantindo que os 100 bilhões de dólares anuais sejam finalmente atingidos e que novas fontes de financiamento sejam discutidas. Além disso, a conferência abordará questões de justiça climática, garantindo que as nações que mais sofrem os impactos das mudanças climáticas recebam o apoio necessário.
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4. Participação de Países em Desenvolvimento e Comunidades Vulneráveis #
Outro foco importante da COP 29 será a inclusão de países em desenvolvimento, comunidades indígenas e outros grupos vulneráveis nas negociações. Assim, garantir que essas vozes sejam ouvidas e que suas necessidades sejam atendidas será essencial para alcançar uma abordagem mais equitativa e justa para enfrentar as mudanças climáticas.
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Desafios da COP 29 #
1. Compromissos Financeiros e Ação Climática #
Um dos principais desafios será garantir que os compromissos financeiros assumidos pelas nações desenvolvidas sejam efetivamente cumpridos. O financiamento para mitigação, adaptação e perdas e danos é fundamental para que os países mais vulneráveis possam enfrentar os impactos crescentes das mudanças climáticas.
2. Aceleração da Transição Energética #
Para limitar o aquecimento a 1,5°C, a transição para energias renováveis precisa ser rápida e ampla. Por exemplo, o Azerbaijão, com sua dependência em combustíveis fósseis, exemplifica o desafio enfrentado por muitas nações. Portanto, a COP 29 será um teste crucial para ver como países em desenvolvimento com economias baseadas em petróleo podem se comprometer a avançar nessa transição.
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3. Pressão Popular por Ações Mais Ambiciosas #
A crescente pressão por ações mais ambiciosas das organizações da sociedade civil, jovens ativistas e comunidades vulneráveis será um dos fatores que moldarão o Clima da COP 29. Com protestos esperados e a crescente demanda por uma ação mais rápida, os líderes mundiais enfrentarão uma forte expectativa de resultados concretos.
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Conclusão #
Pois bem, a COP 29 em Baku, Azerbaijão, é uma conferência decisiva para fortalecer os compromissos globais com as metas do Acordo de Paris. Claro, é preciso garantir que os países avancem na transição energética, no financiamento climático e principalmente na justiça climática. Afinal, com o tempo se esgotando para limitar o Aquecimento Global a 1,5°C, a ação coordenada de todas as nações será essencial para garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.
Resumo – Perguntas e Respostas sobre a COP 29 #
A COP 29 terá como foco a revisão das metas do Acordo de Paris, o financiamento climático e a transição energética em países dependentes de combustíveis fósseis.
A transição energética será crucial para discutir como países fortemente dependentes de petróleo e gás, como o Azerbaijão, podem avançar para uma economia de baixo carbono.
O fundo para perdas e danos visa apoiar financeiramente os países vulneráveis aos impactos climáticos, e a COP 29 discutirá sua implementação, bem como financiamento.
A justiça climática será um dos temas centrais. Com foco em garantir que os países mais afetados pelas mudanças climáticas recebam apoio financeiro e tecnológico adequado.
