Transparência Internacional: a ética como fundamento da sustentabilidade
“Um sistema opaco é como um rio poluído: corre, mas contamina tudo ao redor. A transparência limpa as águas da democracia.” — “A corrupção não é apenas um crime econômico. É uma barreira sistêmica contra os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável.” — Delia Ferreira Rubio, presidente da Transparência Internacional (2023).
O que é a Transparência Internacional?
A Transparência Internacional (TI) é uma organização não governamental global, fundada em 1993 em Berlim, com a missão de combater a corrupção, promover a transparência e fortalecer a integridade nas instituições públicas e privadas.
Com atuação em mais de 100 países, a Transparência Internacional trabalha em frentes como:
- Monitoramento de políticas públicas
- Produção de indicadores internacionais (como o Índice de Percepção da Corrupção – IPC)
- Apoio à sociedade civil e proteção a denunciantes
- Ações legais para fortalecer a governança democrática
- Educação cívica e campanhas por ética e participação
A Transparência Internacional no Brasil
Desde 2016, a Transparência Internacional – Brasil atua como braço nacional da organização, com sede em Brasília e atuação estratégica em todo o território.
Principais frentes de atuação no Brasil
- Índice de Governança Ambiental nos estados e municípios
- Monitoramento de corrupção na pandemia da Covid-19
- Articulação de redes contra a corrupção ambiental e climática
- Criação do Índice de Integridade dos Municípios
- Apoio a políticas de dados abertos e acesso à informação pública
Além disso, a Transparência Internacional -Brasil tem se destacado pela denúncia da captura de políticas ambientais por interesses privados, especialmente em temas como grilagem de terras, crimes ambientais e conflitos fundiários.
Corrupção e sustentabilidade: como estão conectadas?
A luta contra a corrupção é fundamental para qualquer projeto de sustentabilidade. Afinal, recursos desviados ou mal utilizados impedem o avanço de políticas públicas essenciais, como, por exemplo:
- Preservação ambiental
- Transição energética justa
- Educação ambiental
- Saneamento básico
- Justiça fundiária e acesso à terra
A corrupção ambiental, por exemplo, envolve licenciamentos fraudulentos, grilagem de áreas protegidas, destruição de biomas com apoio político ou omissão estatal. Combater isso é condição básica para proteger o meio ambiente e, assim garantir justiça territorial.
Dados e relatórios recentes (2025)
De acordo com o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2024, divulgado pela Transparência Internacional:
- O Brasil ficou na posição 97 entre 180 países, com nota 38/100, indicando assim um nível elevado de corrupção percebida no setor público;
- Países com melhores notas (como, por exemplo, a Dinamarca, a Finlândia e a Nova Zelândia) são também os mais sustentáveis e com menor desigualdade;
- A América Latina vive um momento de fragilidade institucional, com aumento de autoritarismos e repressão à liberdade de imprensa — ou seja, fatores que agravam a corrupção sistêmica.
Além disso:
- Um relatório conjunto da Transparência Internacional – Brasil e da Plataforma MapBiomas apontou que mais de 75% do desmatamento ilegal em 2023 ocorreu em terras públicas com indícios de corrupção fundiária.
Campanhas e propostas recentes da Transparência Internacional
- Plataforma “Poder do Povo”: incentiva o controle social de políticas públicas ambientais e fundiárias.
- Campanha “Desmatamento é Crime”: articulação com organizações indígenas e quilombolas.
- Proteção a denunciantes ambientais: programa de apoio legal e psicológico.
- Apoio à PEC da Transparência Climática: proposta de emenda à Constituição para garantir publicidade de dados ambientais e climáticos.
Críticas e desafios enfrentados pela Transparência Internacional
Embora amplamente respeitada, a Transparência Internacional enfrenta críticas como, por exemplo:
- Visão excessivamente institucionalista, que foca na integridade formal das leis e menos em mudanças estruturais;
- Dificuldade de atuar em contextos de perseguição política e retrocessos democráticos, como, por exemplo, no Brasil recente;
- Desafios em articular sua atuação com movimentos populares, principalmente, quando surgem conflitos entre modelos técnicos e lutas territoriais.
Apesar disso, a TI tem buscado diálogo com movimentos sociais e grupos de base, reconhecendo que a transparência só é efetiva com participação popular ativa.
Em conclusão
A Transparência Internacional é uma aliada importante na construção de sociedades mais justas, éticas, assim como sustentáveis. Ao denunciar a corrupção e pressionar por integridade pública, ela abre caminho para que políticas sociais e ambientais aconteçam de forma transparente e eficaz.
Mas como lembra o próprio lema da Transparência Internacional: “A corrupção é um problema de todos — e a mudança também.”
Perguntas e respostas para reflexão crítica
Não. Embora apartidária, atua com base em valores claros: justiça, democracia, ética pública e direitos humanos.
Não sozinho. É necessário enfrentar as estruturas de poder e promover redistribuição de riquezas, não apenas boa governança.
É igualmente grave, mas com impacto direto sobre o clima, a biodiversidade e os povos tradicionais.
Não. Setores empresariais, bancos e elites também praticam corrupção ativa — inclusive em conluio com o Estado.
Não. Ela complementa o processo com dados, ferramentas e pressão institucional, mas quem transforma são os povos organizados.