A carcinicultura é o ramo da aquicultura que se dedica à criação de camarões em cativeiro, tanto em água doce quanto em água salgada. Essa prática vem ganhando espaço em diversas regiões do Brasil e do mundo, por oferecer retorno econômico relativamente rápido e atender a uma demanda crescente do mercado interno e externo por crustáceos.
Neste artigo, vamos explicar o que define a carcinicultura, como ela é realizada, quais são as espécies mais cultivadas, os benefícios da atividade, os principais desafios enfrentados pelos produtores e como tornar esse cultivo mais sustentável. Também vamos apresentar o panorama atual da carcinicultura brasileira e mostrar por que essa atividade merece atenção de quem deseja investir no setor aquícola.
De acordo com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o Brasil produziu cerca de 98 mil toneladas de camarões cultivados em 2023. A maior parte dessa produção veio da região Nordeste, que reúne clima, mão de obra e estrutura favoráveis à atividade.
Mas antes de analisar números e estratégias, vamos entender o conceito da carcinicultura.
O que é carcinicultura e como funciona o cultivo de camarões em viveiros
A carcinicultura consiste na criação de camarões em ambientes controlados, como viveiros escavados, tanques de recirculação e até sistemas bioflocados. O objetivo principal é produzir camarões para consumo humano, de forma intensiva, sem depender da captura no ambiente natural.
Esse sistema pode ser implantado em áreas costeiras, onde se aproveita a água do mar ou salobra, ou em regiões do interior, com água doce e espécies adaptadas. O cultivo envolve várias etapas, como a aquisição de pós-larvas (camarõezinhos recém-nascidos), o povoamento dos viveiros, o manejo alimentar, o controle da água e a colheita.
Além do manejo ambiental, o sucesso da carcinicultura depende da escolha correta da espécie, da qualidade da água e da alimentação balanceada. Por fim, durante o ciclo, que dura entre 70 e 120 dias, o produtor monitora frequentemente parâmetros como temperatura, oxigênio, pH, salinidade e presença de patógenos.
Agora que já sabemos como o cultivo ocorre, vamos conhecer quais espécies são mais utilizadas nessa atividade.
Principais espécies de camarões cultivadas na carcinicultura
A espécie mais cultivada no Brasil é o Litopenaeus vannamei, conhecido como camarão-branco-do-Pacífico. Ele se adaptou muito bem às condições brasileiras e responde por mais de 90% da produção nacional. Sua rápida taxa de crescimento, resistência a variações ambientais e alta aceitação no mercado o tornam uma escolha ideal.
Outra espécie com potencial é o Macrobrachium rosenbergii, ou camarão de água doce gigante. Ele é mais comum em sistemas de cultivo do interior do país e pode ser criado em consórcio com peixes, como tilápias.
Além dessas, algumas fazendas experimentam o cultivo do camarão-tigre (Penaeus monodon), mas em menor escala, devido à sensibilidade da espécie e às exigências específicas de manejo. Pois, cada espécie exige cuidados diferentes. Por isso, a escolha deve considerar o clima da região, a qualidade da água disponível e o perfil do consumidor local.
Mas afinal, por que investir nessa atividade?
Vantagens da carcinicultura para produtores, economia e meio ambiente
A carcinicultura oferece várias vantagens. Uma das principais é o rápido ciclo produtivo, que permite colher camarões em até quatro meses. Isso possibilita mais de uma safra por ano, aumentando o rendimento da propriedade.
Outra vantagem está na alta demanda de mercado. O camarão é um produto valorizado, tanto no Brasil quanto no exterior. Restaurantes, redes de supermercados e exportadores estão sempre em busca de crustáceos de boa qualidade, o que gera boas oportunidades comerciais.
Além disso, a diversificação de renda é um ponto importante. Produtores que já trabalham com peixes ou agricultura podem incluir camarões na propriedade e aumentar seus lucros.
Do ponto de vista ambiental, a carcinicultura pode ser sustentável quando bem manejada. Sistemas como o biofloco, por exemplo, reaproveitam os resíduos orgânicos e reduzem a necessidade de troca de água, diminuindo o impacto sobre o ambiente externo.
Apesar dessas vantagens, a atividade também apresenta obstáculos. Vamos ver quais são os mais comuns.
Desafios da carcinicultura e os cuidados necessários para uma produção eficiente
Um dos maiores desafios da carcinicultura é o controle de doenças. Vírus como a mancha branca ou a síndrome da mortalidade precoce podem causar grandes perdas, principalmente em cultivos com alta densidade. Por isso, o monitoramento constante e a adoção de protocolos de biossegurança são essenciais.
Outro obstáculo está na qualidade da água. O camarão é sensível a variações bruscas de salinidade, temperatura e oxigênio. Assim, o produtor precisa manter esses parâmetros dentro de uma faixa segura durante todo o ciclo.
A alimentação também exige atenção. O uso de ração de baixa qualidade ou em quantidades inadequadas pode prejudicar o crescimento dos camarões e comprometer o resultado final.
Além disso, os custos de implantação e manejo podem ser altos. Sistemas modernos, como tanques-rede ou unidades de bioflocos, exigem investimentos em equipamentos, energia e principalmente pessoal treinado.
Apesar desses desafios, muitos produtores vêm superando essas barreiras com planejamento, apoio técnico e boas práticas. Mas onde essa atividade mais se destaca no Brasil?
Panorama da carcinicultura no Brasil e as regiões com maior produção
O Brasil tem se destacado na produção de camarões, especialmente na região Nordeste. Estados como Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba lideram a atividade, graças ao clima quente, à disponibilidade de áreas litorâneas e à experiência acumulada dos produtores locais.
Nos últimos anos, a carcinicultura também começou a crescer em áreas do interior. Com o uso de água doce e espécies adaptadas, regiões como o Oeste da Bahia, parte do Mato Grosso, bem como interior de São Paulo já apresentam projetos promissores.
A exportação também ajuda a movimentar o setor. Países como Estados Unidos, Japão e China buscam camarões com qualidade e rastreabilidade, o que abre portas para produtores organizados e com foco na sustentabilidade.
Agora que você conhece bem o cenário, vale revisar as perguntas mais comuns sobre esse tema.
Resumo – Perguntas e respostas
É a criação de camarões em cativeiro, em ambientes controlados como viveiros, tanques ou sistemas fechados, para fins comerciais.
O camarão-branco-do-Pacífico (Litopenaeus vannamei) é o mais criado. Também se cultiva o camarão de água doce (Macrobrachium rosenbergii).
Controle de doenças, da qualidade da água, da alimentação adequada, bem como dos custos de implantação.
A região Nordeste lidera a produção, mas áreas do interior também estão adotando a atividade com sucesso.
Sim, principalmente em regiões com clima adequado, estrutura de apoio técnico e mercados interessados em proteína de alta qualidade.