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Policultivo de peixes – O que é, tipos, vantagens e desafios

Policultura de peixes

O policultivo de peixes é uma técnica que consiste na criação de duas ou mais espécies diferentes em um mesmo espaço de produção, como tanques, viveiros ou lagos. Essa prática permite aproveitar melhor os recursos naturais disponíveis e reduzir desperdícios, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade total do sistema.

Fique por dentro- Policultivo – Cultivar várias espécies no mesmo sistema

Neste artigo, você vai entender como o policultivo de peixes funciona, quais são os principais tipos usados na aquicultura, as vantagens dessa prática, os desafios que ela apresenta e exemplos reais que mostram como diferentes espécies podem ser criadas juntas de forma eficiente e equilibrada.

De acordo com a Embrapa, o policultivo de peixes pode aumentar a produção de organismos aquáticos em até 40% sem a necessidade de expandir áreas ou aumentar o consumo de água, tornando-se uma alternativa importante para sistemas de produção mais sustentáveis.

Mas afinal, o que exatamente caracteriza a técnica do policultivo?

Policultivo na criação de organismos aquáticos

O policultivo de peixes é uma forma de produção integrada que utiliza a convivência harmoniosa entre diferentes espécies para otimizar o uso do ambiente. Em vez de cultivar apenas uma espécie de peixe, o produtor combina organismos com hábitos alimentares, comportamentos e nichos ecológicos distintos.

Na aquicultura, isso significa criar peixes, crustáceos, moluscos ou até vegetais aquáticos no mesmo sistema de produção. O objetivo é aproveitar ao máximo os nutrientes e o espaço disponível no viveiro, reduzindo os impactos ambientais e aumentando a eficiência.

Por exemplo, enquanto uma espécie se alimenta do fundo do tanque, outra pode buscar alimento na superfície, e uma terceira pode consumir sobras ou matéria orgânica em suspensão. Com isso, o sistema se equilibra e produz mais sem precisar de recursos extras.

Agora que o conceito ficou claro, vamos conhecer os tipos de policultivo de peixes mais comuns utilizados na aquicultura.

Tipos de policultivo de peixes e exemplos de combinações entre espécies aquáticas

Existem diversas formas de aplicar o policultivo, dependendo da infraestrutura, dos objetivos do produtor e do perfil das espécies envolvidas. A seguir, veja os tipos mais comuns:

Policultivo de peixes complementar

Esse tipo associa espécies que não competem por alimento ou espaço. Por exemplo, tilápia com tambaqui. Enquanto uma espécie se alimenta mais na coluna d’água, a outra aproveita melhor o fundo do viveiro.

Policultivo de peixes com filtradores

Esse modelo inclui organismos que ajudam a limpar a água, como mexilhões ou carpas, que se alimentam de partículas em suspensão. Assim, o sistema se mantém mais equilibrado e saudável.

Policultivo de peixes com vegetais aquáticos

Aqui, o produtor combina peixes com plantas como alface-d’água ou aguapés. As plantas absorvem os nutrientes da água, principalmente aqueles provenientes dos dejetos dos peixes, funcionando como filtros naturais.

Policultivo de peixes multitrófico

Nesse sistema, cada espécie ocupa um nível trófico diferente. Uma se alimenta de ração, outra de restos orgânicos, e outra filtra o ambiente. Esse modelo imita um ecossistema natural e reduz a poluição da água.

Alguns exemplos práticos:

  • Tilápia + carpa + camarão
  • Tambaqui + curimatã + jundiá
  • Robalo +  algas + ostras em maricultura
  • Tilápia + hortaliças em sistemas de aquaponia

Depois de conhecer os tipos, vale explorar por que o policultivo de peixes está se tornando uma prática tão valorizada no campo.

Vantagens do policultivo de peixes para a produção, o meio ambiente e a economia

O policultivo de peixes oferece uma série de benefícios que explicam seu crescimento entre produtores preocupados com eficiência e sustentabilidade. Por exemplo:

  • Melhor aproveitamento dos recursos: cada espécie utiliza uma parte diferente do ambiente, o que reduz sobras de ração e matéria orgânica.
  • Aumento da produtividade: o cultivo combinado rende mais por metro quadrado, sem exigir aumento de área ou água.
  • Redução de doenças: sistemas com mais diversidade biológica tendem a ser mais resistentes a surtos de enfermidades.
  • Menor impacto ambiental: os resíduos de uma espécie servem de alimento ou nutriente para outra, o que diminui a poluição da água.
  • Diversificação da produção: o produtor pode comercializar diferentes produtos, o que reduz o risco econômico e melhora a renda.
  • Eficiência alimentar: ao combinar espécies com dietas diferentes, evita-se a competição, bem como o desperdício de ração.

Essas vantagens fazem do policultivo de peixes uma excelente opção para pequenos, médios e grandes produtores. No entanto, o sistema também exige atenção especial para funcionar bem. Vamos ver agora quais são os desafios.

Desafios do policultivo de peixes e cuidados necessários para manter o equilíbrio entre as espécies

Embora o policultivo traga muitos benefícios, ele também apresenta dificuldades que precisam ser enfrentadas com planejamento. Um dos primeiros pontos a considerar é a escolha correta das espécies. Elas devem ser compatíveis em termos de temperatura, pH, oxigênio e outros fatores do ambiente.

Além disso, é importante observar o comportamento alimentar e reprodutivo de cada uma. Algumas espécies podem se tornar agressivas ou predadoras em determinadas fases do ciclo, prejudicando as outras.

Outro desafio está na distribuição adequada de ração, principalmente quando as espécies têm hábitos alimentares diferentes. Sem esse cuidado, uma delas pode se alimentar demais e a outra de menos, causando desequilíbrios.

O monitoramento constante da qualidade da água também é essencial. Mesmo que o sistema tenda ao equilíbrio, a alta densidade ou o acúmulo de matéria orgânica pode gerar problemas como falta de oxigênio ou excesso de amônia.

Com esses cuidados, o policultivo de peixes pode oferecer bons resultados. Pois bem, agora, vamos conhecer casos reais onde essa técnica está dando certo.

Exemplos práticos de policultivo de peixes aplicados à aquicultura brasileira

No Brasil, o policultivo vem ganhando espaço em projetos de agricultura familiar, cooperativas e pequenas fazendas. Em algumas regiões, produtores de tilápia estão combinando a espécie com carpas e camarões para aproveitar melhor o espaço e os nutrientes da água.

No Amazonas e no Acre, o tambaqui é frequentemente criado com curimatã e jundiá, formando um sistema equilibrado que simula o ambiente natural da Amazônia. Sem dúvida, isso favorece o crescimento das espécies e reduz os custos de produção.

Outro exemplo interessante aparece nos sistemas de aquaponia, onde produtores cultivam tilápia em tanques e utilizam a água rica em nutrientes para irrigar e nutrir hortaliças como alface, rúcula e manjericão. O resultado é uma produção dupla, com baixo consumo de água e alta eficiência.

Esses casos mostram que, com conhecimento técnico e manejo adequado, o policultivo de peixes pode ser aplicado em diferentes escalas e contextos.

Agora, para fixar as informações principais, veja as perguntas e respostas mais comuns sobre o tema.

Resumo – Perguntas e respostas

O que é policultivo de peixes?

É a criação de duas ou mais espécies diferentes em um mesmo sistema de produção, com o objetivo de aumentar a eficiência e principalmente reduzir impactos ambientais.

Quais são os principais tipos de policultivo de peixes?

Complementar, com filtradores, com vegetais aquáticos e multitrófico, ou seja, cada um adaptado a diferentes necessidades e ambientes.

Quais espécies podem ser cultivadas juntas?

Tilápia com carpa, tambaqui com curimatã, robalo com ostras e algas, entre outras combinações compatíveis.

Quais os benefícios do policultivo de peixes?

Maior produtividade, melhor aproveitamento dos recursos, menos poluição, diversificação da renda e principalmente mais equilíbrio ambiental.

Quais cuidados são necessários?

Escolher espécies compatíveis, controlar a alimentação, monitorar a qualidade da água e assim evitar o predatismo entre as espécies.



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