O que é a degradação de pastagens?
A degradação de pastagens ocorre quando práticas inadequadas de manejo comprometem a capacidade produtiva do solo, provocando impactos como a redução da cobertura vegetal, a perda de nutrientes e a limitação do alimento disponível para o gado. Com o tempo, a vegetação desaparece, o solo se torna infértil e a produtividade diminui, gerando prejuízos tanto para a produção rural quanto para o meio ambiente.
Desse modo, esse cenário impacta diretamente a pecuária, a agricultura e o equilíbrio ecológico. Atualmente, mais da metade das áreas de pasto no Brasil apresentam algum nível de degradação, especialmente nas regiões do Cerrado e da Amazônia Legal, segundo dados da Embrapa (2023).
Portanto, ao longo deste texto, vamos entender o que leva a esse processo, os danos que ele causa e como é possível reverter a situação por meio de práticas sustentáveis e técnicas eficientes de recuperação.
Veja uma das soluções mais eficientes em: Pastoreio Rotacionado – O que é, benefícios, desafios e importância
Causas da degradação de pastagens
A perda da qualidade das pastagens geralmente ocorre por uma soma de fatores, ligados principalmente ao manejo inadequado e à falta de planejamento. Por exemplo:
- Sobrepastoreio: ocorre quando há excesso de animais em áreas pequenas, sem tempo para a vegetação se regenerar. A cobertura do solo diminui, expondo-o à erosão e à perda de nutrientes essenciais.
- Compactação: o pisoteio intenso dos animais torna o solo mais duro, dificultando a infiltração de água e o desenvolvimento das raízes. Isso reduz a capacidade de regeneração da área e prejudica o crescimento das plantas.
- Ausência de correção e adubação: sem análise e reposição de nutrientes, o solo se acidifica e se torna infértil com o tempo, prejudicando o desenvolvimento das forrageiras e reduzindo o rendimento da pastagem.
- Espécies forrageiras mal adaptadas: a escolha inadequada de gramíneas ou leguminosas compromete a resistência do pasto. Plantas que não se adaptam ao clima ou ao tipo de solo tendem a se degradar mais rapidamente.
Dica de leitura: Recuperação de áreas degradadas – por que isso é tão importante para o planeta?
Como resultado, essas ações, isoladas ou combinadas, aceleram o processo de degradação. Mas quais são, na prática, os impactos disso?
Impactos da degradação de pastagens
Os danos vão muito além da produtividade. A perda de qualidade das áreas de pasto afeta a economia, o meio ambiente e até a sociedade. Por exemplo:
- Aumento das emissões de gases: solos mal manejados emitem mais dióxido de carbono (CO₂) e óxido nitroso (N₂O), agravando o efeito estufa e acelerando as mudanças climáticas.
- Redução no desempenho da produção: pastagens empobrecidas oferecem menos alimento ao rebanho, exigindo suplementação e elevando os custos. A atividade pode se tornar inviável economicamente.
- Erosão e empobrecimento do solo: sem cobertura vegetal, o solo fica vulnerável à ação da chuva e do vento, que carregam a camada mais fértil. Isso dificulta ainda mais a recuperação da área.
- Menor disponibilidade e qualidade da água: a compactação e a erosão dificultam a infiltração da água no solo e contribuem para o assoreamento de rios. Isso compromete os recursos hídricos e prejudica comunidades e ecossistemas.
- Perda de biodiversidade: áreas degradadas deixam de sustentar a fauna e flora locais, criando desequilíbrios ecológicos e aumentando a presença de pragas e doenças.
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Soluções para recuperar pastagens degradadas e restaurar a produtividade do solo
A boa notícia é que é possível recuperar áreas degradadas com ações bem planejadas. Por exemplo:
- Análise e correção do solo (calagem): identificar deficiências químicas e físicas é o primeiro passo. A aplicação de calcário e adubos permite restaurar a fertilidade e estimular o crescimento das forrageiras.
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): esse sistema diversificado melhora a estrutura do solo, promove cobertura vegetal constante, reduz a erosão e ainda proporciona conforto térmico aos animais.
- Rotação e descanso das áreas de pasto: a divisão em piquetes e o revezamento do uso permitem que o solo e a vegetação se recuperem, evitando o sobrepastoreio e prolongando a vida útil da pastagem.
- Uso de espécies forrageiras resistentes: a introdução de variedades adaptadas à realidade local — como braquiária, panicum ou estilosantes — ajuda na recuperação do solo e garante alimento de qualidade para o rebanho.
- Controle de invasoras e pragas: plantas como capim-gordura e capim-navalha precisam ser controladas para que não comprometam a área. Isso pode ser feito de forma mecânica, química ou biológica.
- Reflorestamento e proteção de áreas críticas: em regiões muito degradadas, o plantio de árvores e a instalação de barreiras vegetais ajudam a reter água, melhorar a matéria orgânica do solo e restaurar a biodiversidade.
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A importância de recuperar pastagens degradadas em vez de desmatar novas áreas
Recuperar áreas já utilizadas é mais vantajoso do que abrir novas terras. Entre os motivos, destacam-se:
- Proteção ambiental: evita o desmatamento de florestas nativas, preserva a biodiversidade e mantém os ciclos naturais do solo e da água.
- Mais eficiência com menos área: com a recuperação, é possível dobrar ou triplicar a produtividade sem precisar expandir a propriedade, reduzindo os custos e o impacto ambiental.
- Acesso a políticas públicas: programas como o Plano ABC+ incentivam práticas sustentáveis e oferecem crédito e assistência técnica para produtores comprometidos com a recuperação de áreas degradadas.
- Valorização no mercado: produtores que investem em sustentabilidade ganham mais reconhecimento, acessam mercados diferenciados e podem obter preços melhores por produtos certificados.
Conclusão
A degradação das pastagens tem causas associadas principalmente ao manejo inadequado e à negligência com a saúde do solo. Esse processo gera impactos profundos que comprometem a produtividade pecuária, a preservação ambiental e a sustentabilidade do setor. No entanto, esse cenário é reversível.
Com práticas bem planejadas, baseadas em conhecimento técnico e guiadas por um compromisso real com a sustentabilidade, é possível recuperar áreas improdutivas. Isso inclui restaurar a fertilidade do solo e devolver vida aos ecossistemas. Ao adotar essas ações, abrimos caminho para uma pecuária mais eficiente, resiliente e alinhada com as demandas atuais.
Investir na recuperação das pastagens vai além de uma medida técnica. Afinal, trata-se de uma estratégia inteligente para garantir o futuro da produção de alimentos, proteger os recursos naturais e deixar um legado positivo para as próximas gerações.
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Resumo com perguntas frequentes
É a perda da capacidade produtiva da pastagem, marcada por redução da cobertura vegetal, presença de plantas invasoras, empobrecimento do solo e menor disponibilidade de alimento para os animais.
As causas mais comuns da degradação de pastagens envolvem sobrepastoreio, ausência de rotação de piquetes, além do manejo inadequado, da compactação do solo e do uso de espécies forrageiras pouco adaptadas à região.
Entre os impactos da degradação de pastagens estão a queda na produtividade animal, o aumento da erosão, a perda da fertilidade do solo, além disso, a redução da biodiversidade e a maior pressão por abertura de novas áreas.
Ela contribui ao intensificar a emissão de gases de efeito estufa, diminuir o sequestro de carbono pelo solo e aumentar o risco de queimadas e desertificação em algumas regiões.
Entre as principais soluções, destacam-se a rotação de áreas, a adubação e correção do solo. Além disso, o uso de espécies forrageiras adaptadas, o plantio direto, a integração lavoura-pecuária e outras práticas de manejo sustentável também são fundamentais.
O Plano ABC+, o PRAD e linhas de crédito do BNDES são algumas das principais iniciativas nacionais.