Fórum Social Mundial: quando a esperança se organiza em rede
“Enquanto o capitalismo monta cúpulas, os povos constroem pontes. Onde o lucro fecha portas, a solidariedade abre caminhos.” É nesse espírito que o Fórum Social Mundial (FSM) se apresenta como um espaço de esperança e transformação.
“Outro mundo é possível. E precisa ser sustentável, justo, solidário e construído por todos, com os de baixo no centro.” — Chico Whitaker, cofundador do Fórum Social Mundial
O que é o Fórum Social Mundial?
O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço internacional de encontro entre movimentos sociais, organizações populares, ONGs, coletivos, redes e ativistas que lutam por um mundo mais justo, sustentável, assim como democrático.
Criado em 2001, em Porto Alegre, como contraponto ao Fórum Econômico Mundial de Davos, o FSM propõe uma articulação horizontal, plural e não hierárquica entre diferentes lutas locais com impacto global. Seu lema é: “Outro mundo é possível.”
Ao longo dos anos, o Fórum Econômico Mundial se tornou um dos maiores espaços de diálogo político internacional entre movimentos populares, principalmente em:
- Justiça social e climática
- Reforma agrária e soberania alimentar
- Economia solidária
- Feminismo e antirracismo
- Defesa dos povos originários, bem como dos territórios tradicionais
- Paz e autodeterminação dos povos
Uma linha do tempo dos principais Fóruns
Ano | Local | Marcos importantes |
---|---|---|
2001 | Porto Alegre (Brasil) | 1º FSM, com mais de 20 mil participantes. Afirmação do lema “Outro mundo é possível”. |
2003–2005 | Porto Alegre | FSM se consolida como espaço de convergência de redes globais e temas transversais. |
2006 | Policêntrico (Caracas, Bamako e Karachi) | Reconhecimento da diversidade regional nas lutas globais. |
2009 | Belém (PA) | FSM da Amazônia: foco na crise climática, povos da floresta e justiça ambiental. |
2011–2018 | Dakar, Túnis, Montreal, Salvador | Expansão para África e América do Norte; debate sobre crise sistêmica do capitalismo. |
2022 | Cidade do México | Pauta da reconstrução pós-pandemia, saúde coletiva e transição ecológica. |
2024 | Katmandu (Nepal) | Fórum das montanhas e das águas: foco em mudanças climáticas e justiça hídrica. |
Como o Fórum Social Mundial se relaciona com a sustentabilidade?
1. Integra a luta ambiental com a justiça social
O FSM sempre destacou que a crise ambiental não é apenas ecológica, mas resultado de um modelo econômico excludente e predatório.
2. Fortalece saberes e soluções territoriais
Assentamentos agroecológicos, sistemas agroflorestais, bioconstruções e tecnologias sociais são valorizados como alternativas reais e replicáveis.
3. Denuncia o extrativismo e a financeirização da natureza
O FSM denuncia políticas como compensações de carbono, pagamento por serviços ambientais, além disso, megaprojetos “verdes” como formas de colonialismo climático.
4. Promove a economia solidária
Rede de cooperativas, bancos comunitários e cadeias alimentares sustentáveis são apresentados como modelos viáveis de transição justa.
5. Garante voz aos territórios mais afetados
O FSM abre espaço para indígenas, quilombolas, mulheres camponesas, juventudes periféricas e defensores do território, que geralmente são excluídos dos fóruns oficiais.
Principais temas do Fórum Social Mundial em 2025
- Transição ecológica justa: sem racismo, sem exclusão e, principalmente, com protagonismo popular
- Soberania alimentar e reforma agrária ecológica
- Desglobalização e relocalização das economias
- Racismo ambiental e justiça climática
- Tecnologia, controle de dados e colonialismo digital
- Democracia direta e participação popular nas decisões globais
Críticas e desafios do Fórum Social Mundial
Apesar de sua relevância, o FSM enfrenta críticas internas e externas:
- Fragmentação de pautas, com risco de dispersão política
- Falta de articulação com instâncias institucionais de decisão
- Desgaste organizativo por falta de recursos, assim como de infraestrutura verde
- Pouca renovação geracional em algumas edições
Entretanto, sua horizontalidade é também sua maior força, pois mantém a autonomia dos movimentos e permite intercâmbios reais entre povos e territórios diversos.
Legados e impactos do Fórum Social Mundial
- Contribuiu para a visibilidade de redes globais como a Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, Justiça Climática Agora, entre outras;
- Inspirou fóruns temáticos e regionais: Fórum Pan-Amazônico, Fórum Social de Resistência, Fórum Social Palestina Livre, entre outros;
- Alimentou campanhas transnacionais contra a OMC, o G20, megaprojetos, guerras e, principalmente, tratados econômicos injustos;
- Formou gerações de militantes e educadores populares, promovendo assim intercâmbio de estratégias e saberes.
Resumo final
O Fórum Social Mundial é um dos mais importantes espaços de articulação global por justiça social, ambiental e econômica. Em suma, em um mundo marcado por guerras, colapsos ecológicos e crescimento da extrema direita, o FSM resiste como laboratório de utopias possíveis, território de alianças concretas e ponte entre lutas que não querem mais esperar.
Se o poder se organiza no alto, a esperança se organiza no chão — em círculos, redes, feiras, plenárias, bem como assembleias. O FSM continua dizendo, com força renovada: “Outro mundo é possível — e necessário.”
Perguntas e respostas para reflexão crítica
Sim. Afinal, em tempos de crise climática, guerras e desigualdade, o FSM continua sendo um espaço único de convergência popular global.
O FSM não delibera como governos, mas articula soluções reais vindas dos territórios. enfim, muitas propostas nasceram e se fortaleceram nesse espaço.
Não compete, mas critica e pressiona. Porque ele atua como espaço contra-hegemônico, trazendo pautas e vozes que a ONU frequentemente ignora.
A ausência de chefias fortalece a horizontalidade e autonomia, embora exija maior articulação coletiva.
De fato, esse é um debate constante. Uma vez que, muitos defendem que seu valor está em permanecer livre, plural e popular, sem se tornar um “sindicato global”.