Pectinicultura – O que é, espécies, vantagens e como funciona

pectinicultura

O que é pectinicultura?

A pectinicultura é a atividade da aquicultura voltada para o cultivo de vieiras, moluscos bivalves da família Pectinidae, muito valorizados na culinária gourmet e na indústria alimentícia em geral. Essa prática faz parte da maricultura e vem crescendo como uma alternativa de produção de alto valor agregado, com baixo impacto ambiental e grande aceitação no mercado internacional.

Neste artigo, vamos entender o que é pectinicultura, como esse cultivo funciona na prática, quais são as principais espécies criadas, as vantagens econômicas e ambientais dessa atividade, os desafios que os produtores enfrentam e como está o cenário atual da produção no Brasil.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o cultivo de vieiras ultrapassou 2 milhões de toneladas em 2022, com destaque para a produção na China, Japão e outros países asiáticos. No Brasil, a pectinicultura ainda é incipiente, mas já existem iniciativas em expansão, especialmente no litoral do Sudeste.

Mas antes de conhecer os dados e os avanços, é importante entender como essa criação acontece.


Como funciona o cultivo de vieiras

A pectinicultura consiste na criação de vieiras em sistemas controlados, normalmente instalados em águas marinhas calmas, como baías, enseadas e áreas costeiras protegidas. As vieiras, assim como as ostras e mexilhões, são moluscos bivalves filtradores, ou seja, alimentam-se filtrando plâncton da água, sem necessidade de ração ou insumos químicos.

O cultivo pode ocorrer por meio de estruturas flutuantes, como lanternas, bandejas ou redes suspensas, onde os juvenis são fixados e se desenvolvem até atingir o tamanho ideal para o consumo. Em algumas fases, a coleta de sementes (larvas jovens) é feita diretamente do ambiente marinho, enquanto em outras, os produtores compram sementes de laboratórios especializados.

As vieiras crescem em colônias e não precisam de grandes espaços individuais. Seu ciclo de cultivo varia entre 12 e 24 meses, dependendo da espécie, da temperatura da água e das condições ambientais.

Esse tipo de cultivo exige monitoramento da qualidade da água, controle de bioincrustações (organismos que grudam nas estruturas) e cuidado com predadores naturais, como estrelas-do-mar e peixes.

Agora que o funcionamento está claro, vamos entender quais espécies são mais utilizadas na pectinicultura.


Espécies de vieiras cultivadas e suas principais características

Diversas espécies de vieiras são criadas comercialmente ao redor do mundo. As mais utilizadas se destacam pela boa taxa de crescimento, resistência ambiental e valorização no mercado gastronômico. Entre as principais, estão:

Nodipecten nodosus: É a principal espécie usada na pectinicultura brasileira. Conhecida como vieira-do-Atlântico, essa espécie é nativa da costa brasileira, especialmente do litoral Sudeste. Apresenta bom crescimento e carne saborosa, valorizada em restaurantes e hotéis.

Argopecten purpuratus: Muito cultivada na América do Sul, especialmente no Peru e no Chile. Essa espécie se adapta bem a sistemas de cultivo em lanternas e atinge bom tamanho comercial em menos de dois anos.

Placopecten magellanicus: Vieira típica da costa leste dos Estados Unidos e Canadá. Altamente valorizada no mercado internacional, mas exige águas frias e bem oxigenadas, o que limita sua produção em países tropicais.

Cada espécie possui exigências diferentes quanto à salinidade, temperatura e profundidade da água. Por isso, o produtor deve escolher aquela que melhor se adapta à sua região e estrutura.

Mas por que tantos países investem nesse tipo de maricultura?


Vantagens da pectinicultura para o produtor, o meio ambiente e o mercado consumidor

A pectinicultura oferece uma série de vantagens que a tornam uma excelente opção de cultivo marinho. A primeira delas é a valorização da carne de vieira, que possui alta demanda no mercado gourmet. Restaurantes, hotéis e exportadoras pagam bem por esse produto, que é considerado nobre e saudável.

Outro ponto positivo está na baixa exigência de insumos. Como as vieiras se alimentam de plâncton natural, não há necessidade de fornecer ração ou suplementos. Isso reduz os custos e o impacto ambiental da produção.

Além disso, o cultivo de vieiras ajuda a manter o equilíbrio do ambiente marinho, já que os moluscos filtradores limpam a água, removem partículas em suspensão e contribuem para a saúde do ecossistema.

A produção também se realiza por pequenos produtores ou cooperativas, em áreas costeiras onde existe dificuldade de desenvolver outras atividades econômicas. Isso favorece a geração de renda e o desenvolvimento sustentável de comunidades litorâneas.

Por fim, a vieira tem uma carne rica em proteínas, com baixo teor de gordura e alto valor nutricional, o que a torna atraente para consumidores que buscam alimentação saudável.

Mesmo com tantas vantagens, o cultivo de vieiras ainda apresenta desafios importantes.


Desafios da pectinicultura e os cuidados necessários para manter a produção eficiente

Entre os principais desafios da pectinicultura está o acesso a sementes de qualidade. Como o Brasil ainda tem poucos laboratórios especializados na produção de larvas de vieira, muitos produtores dependem da coleta natural ou da importação, o que pode limitar a escala da produção.

Além disso, o cultivo em mar aberto exige monitoramento constante da qualidade da água, da temperatura, da salinidade e da presença de micro-organismos patogênicos. Eventos climáticos extremos, como ressacas e chuvas intensas, também podem prejudicar a produção.

Outro ponto importante é o controle de bioincrustações, como algas e esponjas que se fixam nas estruturas de cultivo. A limpeza periódica das lanternas e bandejas é essencial para manter o fluxo de água e o crescimento saudável das vieiras.

A comercialização também exige planejamento. Por ser um produto de nicho, a carne de vieira precisa chegar fresca e com boa apresentação ao consumidor final. Isso exige logística eficiente e canais de venda bem definidos.

Mesmo com essas dificuldades, diversos projetos no Brasil já mostram que a pectinicultura pode se consolidar como uma atividade viável e sustentável.


Pectinicultura no Brasil – panorama atual e perspectivas para o futuro

A produção de vieiras no Brasil ainda é considerada pequena, mas cresce ano após ano. A maioria dos projetos está concentrada nos estados de Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo, onde as condições ambientais e o apoio técnico favorecem a expansão da atividade.

De acordo com um relatório técnico da EMBRAPA Aquicultura e Pesca, publicado em 2023, existem cerca de 20 projetos de pectinicultura em operação no Brasil, com produção média de 4 a 6 toneladas de carne de vieira por ano.

A mesma pesquisa mostra que, com investimentos em tecnologia e acesso a sementes de boa qualidade, o país poderia multiplicar essa produção e conquistar novos mercados.

Além disso, iniciativas de capacitação técnica e formação de cooperativas estão ajudando comunidades costeiras a iniciar o cultivo de vieiras com baixo investimento inicial.

O setor ainda precisa de incentivos, pesquisa científica e apoio logístico. Porém, o potencial é grande, tanto no mercado interno quanto na exportação para países que já consomem esse tipo de produto.


Resumo com perguntas e respostas sobre pectinicultura

O que é pectinicultura?

É o cultivo de vieiras, moluscos bivalves marinhos, com fins comerciais, alimentares e principalmente ambientais.

Quais espécies são mais usadas nesse cultivo?

No Brasil, a principal espécie é a Nodipecten nodosus. Também se destacam Argopecten purpuratus e Placopecten magellanicus em outros países.

Quais são as principais vantagens da atividade?

Produto valorizado, baixo custo de insumos, benefícios ambientais, assim como a possibilidade de geração de renda em áreas litorâneas.

Quais são os maiores desafios da pectinicultura?

Acesso a sementes, controle ambiental, limpeza das estruturas, bem como a organização da cadeia de comercialização.

A pectinicultura tem futuro no Brasil?

Sim, principalmente com investimentos em tecnologia, pesquisa e principalmente apoio a pequenos produtores nas regiões costeiras.


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