A agricultura enfrenta um grande desafio: controlar doenças nas plantas de maneira eficaz, sem prejudicar o meio ambiente – Nesse contexto, os biofungicidas e seus tipos surgem como uma alternativa poderosa. Produzidos a partir de microorganismos e substâncias naturais, os biofungicidas ajudam a combater fungos patogênicos que atacam as plantas, evitando danos às culturas e ao solo.
Para os agricultores e pesquisadores, os biofungicidas representam uma solução sustentável e segura que está ganhando espaço rapidamente no mercado. Por exemplo:
Segundo a Fortune Business Insights, o uso de produtos biológicos na agricultura, como os biofungicidas, tem crescido e, em 2023, o mercado global de biopesticidas (incluindo biofungicidas) foi estimado em cerca de US$ 7,54 bilhões, com uma previsão de crescimento anual de quase 16% até 2032
A seguir, vamos entender como os biofungicidas funcionam, quais são seus tipos e vantagens, além de analisar seu impacto no meio ambiente.
O que são biofungicidas?
Os biofungicidas são produtos biológicos (um tipo de biodefensivo) que utilizam microorganismos, como bactérias e fungos benéficos, ou extratos de plantas para combater fungos que causam doenças nas culturas. Eles são aplicados diretamente nas plantas, no solo ou nas sementes para proteger contra fungos patogênicos, como o Fusarium, Phytophthora e Botrytis, que podem comprometer a produtividade e a qualidade das colheitas.
Por serem de origem natural, os biofungicidas não deixam resíduos tóxicos no solo nem nos alimentos. Eles também ajudam a preservar o ecossistema local, sendo uma opção cada vez mais recomendada para práticas de cultivo sustentável e agricultura orgânica.
Como os biofungicidas funcionam?
Os biofungicidas funcionam de diferentes formas para proteger as plantas de doenças causadas por fungos. Por exemplo:
- Competição por espaço e nutrientes: Microorganismos benéficos presentes nos biofungicidas competem com os fungos patogênicos, ocupando o mesmo espaço e utilizando os nutrientes disponíveis. Assim, reduzem as chances de os fungos prejudiciais se desenvolverem.
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- Produção de substâncias antifúngicas: Alguns biofungicidas liberam compostos naturais que inibem ou eliminam os fungos patogênicos, atuando de forma similar a um fungicida químico, mas de maneira mais segura para o ambiente.
- Estimulação do sistema de defesa da planta: Certos tipos induzem uma resposta de defesa nas plantas, tornando-as mais resistentes ao ataque de fungos. Então, isso fortalece a planta, que se torna menos suscetível a doenças.
- Parasitismo direto: Alguns microrganismos nos biofungicidas atacam diretamente o fungo patogênico, penetrando suas células e principalmente impedindo que causem danos à planta.
Tipos de biofungicidas
Existem vários tipos disponíveis, dependendo do microrganismo ou composto natural usado em sua formulação. Por exemplo:
1- Fungos benéficos: Um dos fungos mais utilizados é o Trichoderma spp., que atua como um poderoso biofungicida contra outros fungos patogênicos. Ele se instala nas raízes das plantas e compete diretamente com fungos prejudiciais, criando assim uma barreira de proteção.
2- Bactérias benéficas: Bactérias como Bacillus subtilis e Pseudomonas fluorescens se tornaram amplamente usadas. Elas produzem substâncias antifúngicas e também estimulam a defesa das plantas, ajudando, portanto, a prevenir infecções fúngicas.
3- Extratos de plantas: Alguns tipos de biofungicidas são feitos a partir de extratos de plantas que têm ação antifúngica natural. Óleos essenciais e extratos de alho, por exemplo, são eficazes contra uma variedade de fungos patogênicos.
4- Microrganismos simbióticos: Esses utilizam organismos que formam uma relação simbiótica com as plantas. Por exemplo: o uso de micorrizas, que ajudam as plantas a absorver melhor nutrientes e a resistir a doenças causadas por fungos.
Vantagens dos biofungicidas na agricultura
O uso na agricultura oferece uma série de vantagens. Por exemplo:
1- Redução do impacto ambiental: Por serem naturais, se decompõem rapidamente ou seja, não contaminam o solo, água ou alimentos com resíduos tóxicos.
2- Segurança para a saúde humana e animal: Diferente dos fungicidas químicos, os biofungicidas não são tóxicos para quem aplica o produto nem para quem consome os alimentos.
3- Preservação da biodiversidade: Atuam de forma seletiva contra fungos patogênicos, preservando outros microrganismos benéficos presentes no solo e assim mantendo o equilíbrio ecológico.
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4- Baixo risco de resistência: Utilizam microrganismos vivos ou compostos naturais, a chance de os fungos patogênicos desenvolverem resistência é menor em comparação aos fungicidas químicos.
5- Aplicação em agricultura orgânica: Os biofungicidas são permitidos na agricultura orgânica, oferecendo assim uma opção segura e eficaz para produtores que seguem esse método de cultivo.
Mas será que esses produtos também têm alguma desvantagem ou desafio?
Desafios e limitações dos biofungicidas
Embora tragam muitos benefícios, eles também apresentam alguns desafios. Por exemplo:
- Tempo de ação mais lento: Comparados aos fungicidas químicos, os biofungicidas podem demorar mais para mostrar resultados, exigindo planejamento adequado.
- Armazenamento e condições de aplicação: Muitos biofungicidas são sensíveis ao calor e à umidade, o que pode dificultar seu transporte e armazenamento, especialmente em climas quentes.
- Custo inicial: O preço de alguns biofungicidas ainda é alto para pequenos produtores, embora possa ser compensado com a redução de perdas nas culturas e com menor aplicação de produtos químicos.
Com essas limitações, será que os biofungicidas têm impacto positivo no meio ambiente?
Impacto no meio ambiente
Os biofungicidas são uma opção sustentável para o controle de fungos nas plantas e têm impacto positivo no ambiente. Confira alguns dos principais impactos:
- Proteção dos recursos hídricos: Como não contaminam os rios e lençóis freáticos, os biofungicidas ajudam a preservar a qualidade da água e reduzir a poluição por agroquímicos.
- Manutenção da saúde do solo: Diferente dos produtos químicos, os biofungicidas não afetam os microrganismos benéficos do solo, preservando sua fertilidade e qualidade a longo prazo.
- Redução da pegada de carbono: A produção de biofungicidas utiliza menos energia e recursos em comparação aos químicos, reduzindo a emissão de carbono e contribuindo para a sustentabilidade agrícola.
- Suporte à biodiversidade: Com uma atuação seletiva, os biofungicidas preservam as espécies não-alvo e promovem a biodiversidade, que é essencial para um ecossistema agrícola equilibrado.
Resumo com perguntas e respostas
São produtos naturais utilizados para combater fungos que causam doenças nas plantas, sem deixar resíduos tóxicos no ambiente.
Eles podem competir por nutrientes com fungos, liberar substâncias antifúngicas, estimular as defesas da planta e atacar diretamente os fungos patogênicos.
Os mais usados incluem fungos benéficos como Trichoderma spp., bactérias como Bacillus subtilis, e extratos de plantas com ação antifúngica.
Eles não poluem o ambiente, são seguros para a saúde, ajudam a manter a biodiversidade e são aceitos na agricultura orgânica.
Sim, eles podem ser mais lentos para agir, exigem armazenamento específico e podem ter um custo inicial mais alto.
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