A ranicultura oferece várias vantagens para quem deseja trabalhar com produção animal alternativa. Uma das maiores é o aproveitamento eficiente do espaço. Em pequenas áreas, o produtor pode manter centenas de rãs, desde que o manejo seja bem feito.
Outra vantagem está na qualidade da carne, que é considerada leve, nutritiva e com alto teor de proteína. Além disso, a carne de rã tem baixo teor de gordura, o que atrai consumidores que buscam alimentação mais saudável.
A criação também apresenta rápido retorno econômico. As rãs atingem o peso ideal para abate em cerca de cinco a seis meses, o que permite mais de um ciclo de produção por ano.
Além disso, a demanda pelo produto tem crescido, tanto em restaurantes quanto em mercados especializados. A carne de rã se tornou valorizada na gastronomia e possui espaço em nichos específicos, como o de carnes exóticas. Além disso, a criação pode se integrar a outros sistemas, como a aquaponia, aproveitando a água dos tanques para irrigação e cultivo de plantas.
Porém, mesmo com todos esses benefícios, a ranicultura ainda exige cuidados e planejamento. Vamos ver agora quais são os principais desafios.
Desafios da ranicultura
- Um dos principais desafios da ranicultura está no controle da qualidade da água, já que as rãs são extremamente sensíveis a variações de temperatura, oxigênio e acúmulo de resíduos. Por isso, o produtor precisa monitorar os tanques diariamente e manter a água sempre limpa e em condições ideais.
- Outro ponto importante é o controle de doenças e parasitas, que podem se espalhar rapidamente em ambientes com muitas rãs. A biossegurança deve ser prioridade desde a fase de girino até a engorda. A limpeza, o uso de equipamentos adequados e o isolamento de rãs doentes se tornaram medidas essenciais.
- O manejo alimentar também exige atenção, pois a ração deve ser rica em proteínas e vitaminas para garantir o bom desenvolvimento dos animais. Além disso, o excesso de alimento pode poluir a água e gerar desequilíbrios no sistema.
- A estrutura de comercialização é outro desafio, já que muitos produtores ainda enfrentam dificuldades para acessar mercados regulares. A criação de cooperativas e parcerias com restaurantes pode facilitar esse processo.
Contudo, apesar dessas dificuldades, o Brasil tem condições ideais para expandir a produção. Veja a seguir como a ranicultura vem evoluindo no país.
Ranicultura no Brasil
A ranicultura brasileira começou a se desenvolver nas décadas de 1970 e 1980, mas só nas últimas décadas voltou a ganhar força com foco em nichos de mercado e sistemas mais sustentáveis.
Hoje, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná concentram a maior parte dos criadores. Nessas regiões, o clima favorece o desenvolvimento das rãs e há mais acesso a tecnologia, mercados e apoio técnico.
Além disso, projetos de incentivo e capacitação têm ajudado pequenos produtores a iniciarem a atividade com sucesso. Muitos deles atuam em áreas de agricultura familiar, onde a criação de rãs se torna uma fonte extra de renda.
A exportação ainda continua limitada, mas existem iniciativas voltadas para ampliar o alcance da carne de rã em feiras internacionais, especialmente em países da Europa e da Ásia, onde esse produto tem tradicional consumo. Contudo, com mais investimento, organização e divulgação, a ranicultura pode ocupar um espaço importante no mercado de proteínas alternativas.
Dados de pesquisa e curiosidades sobre a ranicultura
Produção mundial
- A carne de rã é consumida principalmente na Ásia e na Europa, com destaque para China, Vietnã, Indonésia, França e Bélgica.
- Segundo a FAO, mais de 80% da carne de rã comercializada no mundo vem de países asiáticos, sendo o Vietnã um dos maiores exportadores.
- Estima-se que o mercado global de carne de rã movimenta mais de 150 milhões de dólares por ano, considerando tanto a produção legal quanto a extração silvestre.
Produção brasileira
- No Brasil, a produção de carne de rã é modesta em escala, mas possui grande potencial de crescimento, especialmente com foco em mercados de nicho.
- Dados da EMBRAPA (2023) indicam que o Brasil produz aproximadamente 150 toneladas de carne de rã por ano.
- A maioria da produção está concentrada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.
- A espécie predominante criada em cativeiro no Brasil é a rã-touro (Rana catesbeiana).
Custo e retorno econômico
- Um ranário de médio porte, com cerca de 5 mil rãs por ciclo, pode alcançar lucro líquido entre R$ 30 mil e R$ 60 mil por ano, dependendo da estrutura, manejo e acesso ao mercado.
- A carne de rã pode ser vendida por valores que variam entre R$ 45 e R$ 70 o quilo, especialmente em restaurantes especializados e mercados gourmet.
- O tempo médio para o abate é de 5 a 6 meses, o que permite duas ou mais safras por ano.
Consumo e mercado
- O consumo de carne de rã no Brasil ainda é baixo em comparação com outras carnes, mas está em expansão nas capitais e em cidades turísticas.
- A carne é valorizada por ser rica em proteína, com baixo teor de gordura e textura semelhante ao frango.
- A pele das rãs também tem valor comercial na indústria de couro exótico, embora seu uso seja menos frequente.
Sustentabilidade
- A ranicultura é considerada uma atividade de baixo impacto ambiental, quando bem manejada.
- O uso de sistemas fechados e o reaproveitamento da água ajudam a preservar recursos naturais.
- Com técnicas adequadas de biossegurança, é possível evitar doenças e manter alta produtividade com bem-estar animal.
Resumo – Perguntas e respostas
É a criação de rãs em cativeiro com fins comerciais, geralmente para a produção de carne e subprodutos como pele.
A rã-touro (Rana catesbeiana), por crescer rápido e ter carne de excelente qualidade.
Alta produtividade em pequenas áreas, retorno rápido, carne saudável e boa aceitação no mercado gastronômico.
Controle da qualidade da água, prevenção de doenças, manejo alimentar e acesso ao mercado consumidor.
Nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, onde há clima favorável e maior estrutura para a atividade.