A algicultura é o cultivo de algas para diferentes usos comerciais, industriais e ambientais. Ela pode ocorrer em ambientes marinhos, em água doce ou em sistemas fechados e controlados. Essa prática tem ganhado destaque no mundo todo por ser uma forma de produção sustentável, versátil e com grande potencial econômico.
Neste artigo, vamos entender o que é a algicultura, como ela funciona na prática, quais tipos de algas são mais cultivadas, para que elas servem, quais são as vantagens dessa atividade, seus principais desafios e como anda a produção no Brasil.
De acordo com a FAO – Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, mais de 35 milhões de toneladas de algas foram produzidas globalmente em 2022, principalmente na Ásia. No entanto, países da América Latina, incluindo o Brasil, vêm despertando para as oportunidades desse setor, que pode beneficiar desde a indústria de alimentos até a produção de energia limpa.
Mas afinal, o que faz da algicultura uma atividade tão inovadora?
O que é algicultura e como funciona o cultivo de algas
Algicultura é o nome dado à prática de cultivar algas com objetivos comerciais, alimentares, medicinais, energéticos ou ambientais. Diferente de plantas terrestres, as algas se desenvolvem na água e não possuem raízes, folhas ou flores. Elas crescem rapidamente, absorvem nutrientes diretamente do meio líquido e precisam apenas de luz, gás carbônico e minerais para se multiplicar.
O cultivo pode ocorrer de forma natural, em tanques escavados, lagos, represas ou diretamente no mar, por meio de estruturas como cordas, redes e bandejas flutuantes. Também existem sistemas fechados e controlados, como fotobiorreatores, usados principalmente para microalgas.
As algas podem ser divididas em dois grandes grupos:
- Macroalgas: visíveis a olho nu, como as algas marinhas (ex: nori, kombu, wakame).
- Microalgas: organismos microscópicos, como spirulina e chlorella.
Cada tipo de alga tem uma aplicação diferente, e o sistema de cultivo depende de fatores como a espécie, o clima da região, a disponibilidade de água e os objetivos do produtor.
Agora que sabemos como o cultivo acontece, vamos conhecer os tipos de algas mais utilizados.
Tipos de algas cultivadas na algicultura e principais aplicações
As algas são extremamente versáteis e podem ser usadas em diversos setores. Por isso, é importante saber quais espécies são mais comuns e para que servem. Por exemplo:
Macroalgas marinhas
- Nori (Porphyra spp.): usada na culinária japonesa, especialmente no preparo de sushis.
- Kombu (Saccharina japonica) e wakame (Undaria pinnatifida): populares em sopas, caldos e pratos orientais.
- Gracilaria e Kappaphycus: utilizadas para extração de carragena, uma substância usada como espessante na indústria de alimentos.
Microalgas
- Spirulina: rica em proteínas, vitaminas e antioxidantes, usada como suplemento alimentar.
- Chlorella: conhecida pelo alto teor de clorofila, utilizada na alimentação saudável e na cosmética.
- Dunaliella: fonte natural de betacaroteno, com aplicação em suplementos e alimentos funcionais.
Além disso, algumas microalgas também são usadas na produção de biocombustíveis, tintas, cosméticos, fertilizantes e até na purificação da água e na captura de carbono.
Agora que os tipos estão claros, chegou a hora de entender os benefícios que a algicultura oferece.
Vantagens da algicultura para o meio ambiente, a economia e a alimentação humana
A algicultura traz diversas vantagens que explicam seu crescimento nos últimos anos. A primeira delas é o baixo impacto ambiental. As algas não precisam de solos férteis, não competem com culturas agrícolas e ainda ajudam a purificar a água e principalmente a capturar dióxido de carbono da atmosfera. Além disso, o cultivo de algas não exige agrotóxicos nem fertilizantes químicos, o que torna a produção mais limpa e saudável para o consumidor e para o planeta.
Do ponto de vista nutricional, as algas oferecem proteínas, fibras, minerais e vitaminas em grandes quantidades. Por isso, elas são consideradas superalimentos e ganham espaço em dietas vegetarianas, veganas e funcionais.
Outro benefício importante é a possibilidade de geração de biocombustíveis a partir de microalgas, o que abre caminho para fontes de energia renovável em larga escala.
A algicultura também favorece a economia de comunidades costeiras, gerando empregos em áreas que muitas vezes têm poucas opções de renda. Sem dúvida, isso contribui para o desenvolvimento regional e para a valorização dos recursos naturais.
Mesmo com tantas vantagens, a atividade ainda enfrenta desafios importantes. Vamos ver quais são eles.
Desafios da algicultura e cuidados necessários para garantir bons resultados
Embora o cultivo de algas tenha futuro, ele ainda enfrenta obstáculos a superar. Um dos principais desafios está na falta de conhecimento técnico. Como essa prática ainda é recente em muitos países, os produtores nem sempre têm acesso a informações, capacitação ou assistência especializada.
Outro ponto é a infraestrutura limitada. Em alguns lugares, faltam equipamentos adequados para o cultivo, a colheita e o processamento das algas, o que reduz a produtividade e dificulta o acesso ao mercado.
Além disso, o controle da qualidade da água e da luz solar é fundamental para o sucesso do cultivo, principalmente em sistemas fechados. Sem esses cuidados, as algas podem se desenvolver mal ou se contaminar por microrganismos indesejados.
A comercialização também representa um desafio. Ou seja, apesar da alta demanda global, muitos consumidores ainda conhecem pouco sobre o uso de algas na alimentação, na saúde e na indústria.
Mesmo com esses obstáculos, iniciativas públicas e privadas vêm promovendo pesquisas, incentivos e novos modelos de produção para tornar a algicultura mais acessível e produtiva.
Vamos ver como o Brasil está nesse cenário.
Algicultura no Brasil – como está?
No Brasil, a algicultura ainda está em fase de desenvolvimento, mas já existem projetos promissores em várias regiões. O cultivo de macroalgas marinhas ocorre principalmente no litoral da Bahia, do Espírito Santo e de Santa Catarina, onde comunidades tradicionais e pequenos produtores estão começando a explorar essa atividade.
Além disso, centros de pesquisa em biotecnologia vêm investindo no estudo de microalgas para produção de suplementos alimentares, cosméticos e biocombustíveis. Algumas universidades e startups já trabalham com fotobiorreatores em escala experimental, especialmente no Sudeste.
O país possui clima, litoral e biodiversidade favoráveis ao crescimento da algicultura. Com mais investimento em tecnologia, capacitação e políticas públicas, o Brasil pode se tornar um grande produtor de algas nos próximos anos.
Agora, vamos revisar as principais dúvidas sobre esse tema.
Resumo – Perguntas e respostas
É o cultivo controlado de algas, seja em água doce, salgada ou em sistemas fechados, com finalidades alimentares, energéticas, medicinais ou ambientais.
Macroalgas como nori, kombu e gracilaria, e microalgas como spirulina, chlorella e dunaliella.
Produção de alimentos, suplementos, cosméticos, biocombustíveis, fertilizantes, medicamentos e purificação da água.
Baixo impacto ambiental, alta produtividade, benefícios nutricionais e uso em múltiplos setores da economia.
Sim, embora em menor escala. Ela ocorre principalmente em comunidades costeiras e centros de pesquisa, com potencial de expansão em todo o país.