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Maricultura – O que é, como funciona, tipos e espécies

Maricultura

A maricultura é uma forma de aquicultura que ocorre diretamente no ambiente marinho. Ou seja, é a criação de organismos aquáticos como peixes, moluscos, crustáceos e algas, feita no mar ou em áreas costeiras salobras, com estrutura planejada e manejo técnico.

Neste artigo, você vai entender o que define a maricultura, como ela funciona na prática, quais são os tipos mais comuns, quais espécies podem ser cultivadas, os benefícios que essa atividade oferece para o meio ambiente e para a economia, além dos desafios enfrentados pelos maricultores, bem como o panorama atual no Brasil.

De acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), a maricultura brasileira produziu mais de 20 mil toneladas em 2023, com destaque para o cultivo de ostras, mexilhões e algas no Sul e Sudeste. Esse crescimento mostra que o mar também é uma fonte importante de produção de alimentos.

Mas para começar a entender a maricultura, é preciso saber exatamente o que caracteriza essa atividade. Então, vamnos lá!

O que é maricultura e como ela se diferencia de outras formas de aquicultura

A maricultura é a criação de organismos aquáticos em ambientes marinhos, com o objetivo de produzir alimentos, matéria-prima ou insumos para a indústria. Diferente da piscicultura, que geralmente acontece em água doce, ou da carcinicultura, que pode usar água salobra, a maricultura se concentra exclusivamente em águas costeiras ou oceânicas.

Essa atividade pode acontecer em diferentes profundidades, usando estruturas como cercados, gaiolas flutuantes, long-lines (linhas suspensas para moluscos) ou tanques escavados abastecidos com água do mar. A escolha da técnica depende da espécie cultivada, das condições do mar e da estrutura disponível.

Além disso, o cultivo pode ser extensivo, semi-intensivo ou intensivo, dependendo do nível de intervenção humana. Em alguns casos, o produtor apenas fornece suporte físico, como cordas ou bandejas, para que os organismos cresçam. Em outros, há controle de alimentação, qualidade da água e ciclo produtivo completo.

Agora que já sabemos o conceito, vamos entender melhor os principais tipos de maricultura praticados.

Tipos de maricultura e sistemas utilizados no cultivo marinho

A maricultura pode assumir várias formas, dependendo do organismo criado e do ambiente marinho disponível. Entre os sistemas mais usados estão:

  • Long-line: linhas flutuantes onde se fixam cordas ou redes para o crescimento de moluscos como ostras e mexilhões.
  • Gaiolas flutuantes (tanques-rede no mar): usadas para a criação de peixes marinhos como robalo, garoupa e pargo. As gaiolas são colocadas no mar e fixadas com boias e âncoras.
  • Cultivo de algas: estruturas suspensas ou flutuantes permitem o crescimento de algas marinhas, usadas tanto na alimentação quanto na indústria cosmética e farmacêutica.
  • Tanques abastecidos com água do mar: mais comuns em ambientes controlados, como laboratórios e fazendas costeiras. Usados para a produção de camarões ou a fase inicial do cultivo de moluscos.

Cada tipo de estrutura oferece vantagens específicas, e o produtor escolhe conforme o investimento, a logística, a demanda do mercado e as características ambientais do local.

Mas afinal, quais espécies são mais comuns nesse tipo de criação?

Espécies cultivadas na maricultura e suas aplicações no mercado

A maricultura permite o cultivo de diversos organismos marinhos com alto valor comercial. As espécies mais comuns no Brasil incluem:

  • Mexilhões (Perna perna): muito cultivados no Sul do país, especialmente em Santa Catarina, por causa das águas frias e ricas em nutrientes.
  • Ostras (Crassostrea gigas e Crassostrea brasiliana): também populares no Sul e Sudeste, são bastante valorizadas por restaurantes e mercados gourmet.
  • Robalo e garoupa: peixes nobres criados em gaiolas no mar, especialmente no Sudeste e Nordeste.
  • Algas marinhas (Kappaphycus e Gracilaria): utilizadas na indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.
  • Camarões marinhos: criados em tanques abastecidos com água do mar, especialmente na região Nordeste.

Essas espécies se destacam pela aceitação no mercado, pelo valor agregado e pela capacidade de adaptação a cultivos controlados.

Mas o que leva tantas pessoas a investir na maricultura?

Vantagens da maricultura para o produtor, a economia e o meio ambiente

A maricultura apresenta vários benefícios. Um dos principais está no uso direto dos recursos naturais do mar, o que reduz os custos com água, estrutura e alimentação em alguns cultivos, como o de moluscos e algas.

Além disso, ela oferece grande potencial de geração de renda para comunidades costeiras, pois pode ser realizada em pequena escala, com apoio de cooperativas, ou em projetos maiores, voltados para exportação e mercado interno de alto padrão.

A atividade também é considerada sustentável em muitos casos. O cultivo de moluscos, por exemplo, não exige alimentação artificial, pois os animais se alimentam do plâncton presente na água. Além disso, eles ajudam a filtrar a água, melhorando a qualidade do ambiente.

Outro ponto positivo é a diversificação da produção aquícola. Em vez de depender apenas da piscicultura, o produtor pode explorar novas espécies e nichos de mercado com produtos diferenciados.

Porém, nem tudo é simples. Vamos entender agora os principais obstáculos que a maricultura enfrenta no Brasil.

Desafios da maricultura e os cuidados essenciais para o sucesso da atividade

A maricultura, apesar de promissora, ainda enfrenta desafios importantes. O primeiro deles está na regularização fundiária e ambiental. Muitos produtores têm dificuldade para obter licenças, principalmente em áreas costeiras protegidas por legislação ambiental.

Outro desafio é a infraestrutura limitada em algumas regiões, como falta de acesso à energia elétrica, estradas para escoamento da produção ou centros de distribuição próximos.

Além disso, o cultivo no mar está sujeito a variações climáticas e eventos extremos, como ressacas, marés altas, chuvas intensas ou mudanças bruscas de temperatura. Tudo isso pode afetar a produtividade e até causar perdas totais.

O controle de doenças e bioinvasores, como cracas e algas indesejadas, também exige atenção constante. Manter a limpeza das estruturas e o monitoramento da saúde dos organismos é essencial para garantir a qualidade da produção.

Mesmo assim, com planejamento, assistência técnica e apoio de políticas públicas, a maricultura pode se tornar um setor ainda mais competitivo e sustentável.

Panorama da maricultura no Brasil e as regiões com maior destaque

O Brasil tem um extenso litoral, com mais de 7 mil quilômetros de costa, o que oferece grande potencial para a maricultura. As regiões Sul e Sudeste se destacam na produção de moluscos, principalmente Santa Catarina, que lidera o cultivo de mexilhões e ostras.

No Nordeste, o cultivo de camarões marinhos também se fortalece, principalmente em fazendas abastecidas com água do mar ou salobra. Estados como Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia já apresentam projetos estruturados nessa área.

A produção de algas ainda é pequena, mas vem crescendo, com iniciativas no litoral da Bahia e do Espírito Santo. Já a criação de peixes marinhos, como robalo, ainda está em desenvolvimento, com testes em algumas fazendas-piloto no Sudeste.

Com incentivos certos, capacitação e acesso a crédito, o setor pode avançar e ocupar um espaço maior na economia do mar.

Vamos agora revisar as dúvidas mais frequentes sobre maricultura.

Resumo- Perguntas e respostas

O que é maricultura?

É o cultivo de organismos aquáticos no ambiente marinho, como peixes, moluscos, crustáceos e algas.

Quais espécies são mais cultivadas?

Mexilhões, ostras, robalo, garoupa, camarões marinhos e algas como Kappaphycus e Gracilaria.

Quais são os principais benefícios da maricultura?

Uso direto da água do mar, baixo custo em alguns cultivos, geração de renda para comunidades costeiras e sustentabilidade.

Quais são os maiores desafios?

Obtenção de licenças, variações climáticas, controle de doenças e falta de infraestrutura em algumas regiões.

Onde a maricultura mais cresce no Brasil?

Santa Catarina, litoral paulista, sul da Bahia e algumas áreas do Nordeste, como Ceará e Rio Grande do Norte.



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