A COP 21, ou 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), foi realizada em Paris, França, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro de 2015. Esse evento foi um marco nas negociações climáticas globais, pois resultou na adoção do Acordo de Paris, o tratado climático mais abrangente já firmado. Em resumo, o Acordo de Paris definiu um novo quadro para que todos os países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento, adotassem metas ambiciosas para limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e se esforçassem para manter esse aumento em 1,5°C.
A COP 21 destacou a necessidade urgente de ações climáticas coordenadas e trouxe pela primeira vez metas de redução de emissões para todos os países, com o compromisso de revisar periodicamente essas metas para garantir que fossem aumentadas ao longo do tempo. A conferência também estabeleceu mecanismos de financiamento climático, transparência e monitoramento para assegurar que os compromissos fossem implementados de maneira eficaz.
Neste artigo, vamos explorar o que foi a COP 21, os principais resultados alcançados, como o Acordo de Paris foi negociado e sua importância para o futuro das políticas climáticas globais.
O Que Foi a COP 21?
A COP 21 foi realizada em Paris, no contexto de uma crescente preocupação global com as mudanças climáticas e suas consequências devastadoras. A conferência reuniu mais de 195 países e mais de 40.000 participantes, incluindo líderes mundiais, negociadores, ONGs e representantes do setor privado. O objetivo principal era finalizar um novo acordo climático global, que substituísse o Protocolo de Kyoto e incorporasse compromissos de mitigação de todas as nações.
A urgência para um novo pacto climático se intensificou nos anos anteriores, à medida que as evidências científicas, especialmente os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), mostravam um cenário cada vez mais alarmante: elevação do nível do mar, derretimento das geleiras e aumento de eventos climáticos extremos.
A COP 21 conseguiu unir nações em torno de um consenso: era necessário agir de maneira coordenada e urgente para evitar um aquecimento catastrófico e garantir um futuro sustentável para todos.
Principais Resultados e Decisões da COP 21
1. Adoção do Acordo de Paris
O principal resultado da COP 21 foi a adoção do Acordo de Paris, um pacto global que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global. O acordo foi considerado um marco por ser o primeiro tratado climático verdadeiramente universal, com metas para todos os países, independentemente de seu nível de desenvolvimento.
Elementos centrais do Acordo de Paris:
Metas de Temperatura: Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e envidar esforços para limitá-lo a 1,5°C.
Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs): Cada país deve apresentar suas NDCs, que são metas de redução de emissões e planos de ação climática. A propósito, as NDCs precisam de revisão e atualização a cada cinco anos, com um nível de ambição crescente.
Neutralidade de Carbono: Os países se comprometeram a alcançar a neutralidade de carbono na segunda metade do século, o que significa que as emissões líquidas de gases de efeito estufa devem ser zero.
Adaptação e Financiamento Climático: O acordo reconhece a necessidade de apoiar países vulneráveis em suas ações de adaptação e estabelece mecanismos de financiamento climático, com o compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para assim poder ajudar nações em desenvolvimento.
Detalhes sobre: Acordo de Paris – O que é, metas, desafios e resultados no Brasil
2. Reconhecimento de Perdas e Danos
Uma conquista importante da COP 21 foi o reconhecimento formal das perdas e danos relacionados às mudanças climáticas, por meio do Mecanismo Internacional de Varsóvia para Perdas e Danos. Esse mecanismo aborda questões como migração climática, deslocamento forçado e destruição de ecossistemas, e, portanto, um avanço significativo para garantir apoio a países que já enfrentam os impactos mais severos do aquecimento global.
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3. Financiamento Climático
O financiamento climático foi um dos pontos centrais de negociação na COP 21. O Acordo de Paris reafirmou a meta de mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar países em desenvolvimento em suas ações de mitigação e adaptação. Decidiu-se que, a partir de 2025, essa meta será revisada para definir novos compromissos financeiros.
O financiamento é essencial para que os países em desenvolvimento possam implementar suas NDCs, proteger suas populações e promover o “desenvolvimento sustentável“.
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4. Estabelecimento de Regras de Transparência e Monitoramento
Outro ponto fundamental do Acordo de Paris foi a criação de um sistema de transparência e monitoramento que permita acompanhar o progresso de cada país em relação às suas metas. Isso inclui relatórios periódicos sobre as emissões e as políticas adotadas, além de um processo de revisão global para avaliar se o mundo está no caminho certo para alcançar os objetivos climáticos.
Esse sistema de transparência é essencial para garantir a responsabilização e a confiança entre os países, facilitando a cooperação internacional.
A Participação do Brasil na COP 21
O Brasil teve uma atuação destacada durante a COP 21, apresentando sua Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) com metas ambiciosas. O país se comprometeu a reduzir suas emissões em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025 e em 43% até 2030. Além disso, o Brasil destacou seus esforços para reduzir o desmatamento na Amazônia, aumentar o uso de energias renováveis e restaurar 12 milhões de hectares de florestas.
O Brasil também defendeu a inclusão do princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, enfatizando que os países desenvolvidos devem assumir a liderança na redução de emissões e no fornecimento de financiamento climático para as nações em desenvolvimento.
COP 21 – influencia nas decisões atuais sobre a sustentabilidade
A COP 21 e o Acordo de Paris tiveram um impacto duradouro nas políticas climáticas e decisões sobre sustentabilidade. Estabeleceram um novo modelo para o combate às mudanças climáticas. O Acordo de Paris foi o primeiro tratado climático a unir praticamente todos os países do mundo em torno de um compromisso comum. Ou seja, limitar o aquecimento global a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para mantê-lo abaixo de 1,5°C. Esse objetivo orienta as ações de sustentabilidade em vários níveis, influenciando políticas governamentais, estratégias corporativas e iniciativas da sociedade civil.
Impacto da COP 21 nas Políticas de Sustentabilidade
1- Estabelecimento das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas)
Um dos maiores legados da COP 21 foi a criação das NDCs, que são compromissos nacionais de cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. As NDCs permitem que cada nação desenvolva suas próprias metas com base em suas capacidades e contextos, promovendo uma abordagem inclusiva e flexível para a sustentabilidade. Desde então, as NDCs têm servido como instrumentos-chave para medir e ajustar o progresso das nações em direção aos objetivos climáticos.
Leia mais sobre: Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – O que é?
2- Fomento de Ações Corporativas e Sustentabilidade Empresarial
O Acordo de Paris e o compromisso com as metas de temperatura motivaram muitas empresas a adotar práticas mais sustentáveis. Companhias de diversos setores passaram a integrar os objetivos climáticos em suas estratégias, investindo em tecnologias limpas, eficiência energética e neutralidade de carbono. Muitas grandes empresas, como Microsoft e Google, estabeleceram metas de emissão zero líquida e compromissos para alcançar a neutralidade de carbono nas próximas décadas, inspiradas pela urgência e direcionamento do Acordo de Paris.
3- Fortalecimento de Políticas Climáticas Locais e Internacionais
O Acordo de Paris também influenciou a formulação de políticas climáticas nacionais e locais. Países têm revisado suas legislações ambientais e estabelecido planos de ação mais robustos para garantir que as metas de redução sejam cumpridas. A COP 21 serviu de base para que muitos governos implementassem estratégias de longo prazo. Por exemplo, a União Europeia, que estabeleceu o objetivo de se tornar neutra em carbono até 2050.
4- Integração dos Objetivos de Sustentabilidade no Setor Financeiro
Outro impacto importante foi no setor financeiro, com o crescimento das finanças sustentáveis e dos fundos verdes. Instituições financeiras passaram a exigir maior transparência sobre o risco climático e o impacto ambiental das operações. Como resultado, muitas empresas estão buscando certificação de sustentabilidade para atrair investidores preocupados com o meio ambiente, incentivando um fluxo de capital para projetos sustentáveis.
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5- Reconhecimento de Perdas e Danos
A inclusão de um mecanismo para perdas e danos no Acordo de Paris foi uma vitória para os países mais vulneráveis. Ou seja, os que já enfrentam impactos severos das mudanças climáticas. Isso tem levado a um foco maior em resiliência climática e adaptações sustentáveis, especialmente para comunidades que enfrentam eventos extremos, como inundações e secas. Governos e ONGs têm redirecionado recursos para proteger essas populações e minimizar perdas ambientais e econômicas.
Legado e Desafios da COP 21
O legado da COP 21 é refletido na maneira como o Acordo de Paris se tornou a referência principal para ações climáticas globais. As revisões periódicas das NDCs e o sistema de transparência incentivam uma melhoria contínua. Portanto, promovem a cooperação internacional e o aumento da ambição climática ao longo do tempo.
No entanto, um dos maiores desafios enfrentados desde a COP 21 é a implementação efetiva dos compromissos assumidos. Muitos países ainda não estão no caminho para cumprir suas NDCs. Enfim, há uma lacuna significativa entre as promessas e as ações concretas necessárias para alcançar as metas de 1,5°C. Além disso, questões como o financiamento climático e a responsabilidade de grandes emissores permanecem como obstáculos para uma transição global equilibrada e justa.
Um Marco para a Sustentabilidade Global
O Acordo de Paris, firmado na COP 21, não apenas moldou as políticas climáticas globais. Mas, também criou uma nova mentalidade sobre como governos, empresas e a sociedade. Ou seja, que todos devem se unir para enfrentar os desafios ambientais. A partir de 2015, a sustentabilidade se tornou um elemento central nas decisões econômicas e sociais. Principalmente, com o Acordo de Paris servindo como guia estratégico para um futuro de crescimento econômico sustentável, neutralidade de carbono e proteção ambiental.
A influência da COP 21 continua a moldar as decisões globais, e o sucesso do Acordo de Paris depende de uma colaboração contínua e do aumento da ambição climática nos próximos anos para garantir que o mundo consiga evitar os impactos mais graves das mudanças climáticas.
Resumo – Perguntas e Respostas sobre a COP 21
21ª Conferência das Partes da UNFCCC, realizada em Paris, França, em 2015, onde adotou-se o Acordo de Paris para combater as mudanças climáticas.
O principal resultado: a adoção do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C e buscar esforços para limitá-lo a 1,5°C.
Um tratado climático global que estabelece metas para a redução de emissões de todos os países. Por isso, promove ações de adaptação e financiamento climático.
O reconhecimento de perdas e danos garantiu que os países mais vulneráveis recebessem suporte financeiro, bem como técnico, para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.
Pois bem, o Brasil apresentou metas ambiciosas de redução de emissões e defendeu o princípio das responsabilidades diferenciadas. Ou seja, destacou seu compromisso com a proteção ambiental e a sustentabilidade.
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