O policultivo é uma técnica de produção que associa diferentes espécies no mesmo espaço ou sistema, seja no campo, seja na água. Em vez de plantar ou criar apenas um tipo de organismo, como acontece no monocultivo, o policultivo trabalha com variedade, equilíbrio ecológico e melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis.
Neste artigo, vamos entender o conceito ampliado de policultivo, descobrir como ele é aplicado tanto na agricultura quanto na aquicultura, conhecer suas principais vantagens, os desafios que ele apresenta e ver exemplos que provam que é possível produzir mais e melhor com diversidade.
De acordo com a FAO – Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, os sistemas diversificados como o policultivo aumentam a produtividade geral, melhoram a resistência às mudanças climáticas e reduzem o uso de químicos no ambiente. Sem dúvida, isso mostra o quanto essa prática pode ser uma aliada do futuro sustentável da produção de alimentos.
Mas afinal, como esse modelo funciona na prática?
Policultivo – Aplicação em diferentes áreas de produção
Policultivo significa cultivar ou criar mais de uma espécie ao mesmo tempo no mesmo espaço físico. A ideia é usar as diferenças entre as espécies para tornar o ambiente mais produtivo, equilibrado e saudável. Ele pode ser adotado tanto por agricultores quanto por aquicultores.
Na agricultura, o policultivo se aplica ao plantio de diferentes vegetais em uma mesma lavoura. Um exemplo clássico é o sistema tradicional indígena chamado “milpa”, onde se planta milho, feijão e abóbora juntos. Cada planta ocupa um espaço diferente e contribui para a saúde do solo.
Na aquicultura, o policultivo ocorre quando o produtor cria peixes, camarões, moluscos ou até plantas aquáticas no mesmo viveiro. Por exemplo, enquanto uma espécie se alimenta de ração, outra consome os restos e ainda mantém a água limpa. Isso reduz resíduos e melhora a produtividade.
Além disso, o policultivo pode acontecer em sistemas integrados, como os que combinam peixes com hortaliças em tanques, como na aquaponia.
Agora que o conceito está claro, vamos ver os principais tipos dessa prática.
Tipos de policultivo e como cada um funciona
O policultivo pode ser feito de diversas maneiras, dependendo do ambiente, das espécies e dos objetivos do produtor. Por exemplo:
- Policultivo simultâneo: Nesse tipo, todas as espécies convivem ao mesmo tempo no mesmo espaço. É comum em hortas que misturam alface, cenoura e tomate ou em tanques com tilápia e carpas.
- Policultivo rotativo: Aqui, o produtor muda as espécies cultivadas ao longo do tempo. Isso ajuda a recuperar o solo e a evitar pragas. Um exemplo é plantar feijão após a colheita do milho, aproveitando assim os nutrientes deixados no solo.
- Policultivo consorciado: Esse modelo une espécies que se ajudam diretamente. Em lavouras, o produtor pode plantar girassóis entre fileiras de milho para atrair polinizadores. Em tanques, pode criar camarões junto com moluscos que filtram a água.
- Policultivo multitrófico:Esse tipo é muito usado na aquicultura. Cada espécie ocupa um nível diferente da cadeia alimentar. Enquanto os peixes consomem ração, algas e moluscos aproveitam os resíduos orgânicos para crescer.
Essas variações mostram como o policultivo pode ser adaptado a diferentes realidades. Mas por que ele é tão vantajoso?
Vantagens do policultivo para o ambiente, o produtor e a sociedade
A principal vantagem do policultivo está na eficiência do sistema. Quando diferentes espécies vivem juntas, cada uma usa o espaço, os nutrientes e a luz de forma única. Isso reduz a competição e aproveita melhor os recursos.
Outro benefício está na redução de pragas e doenças. A diversidade de plantas ou animais dificulta o avanço de organismos que atacam sistemas homogêneos, como acontece na monocultura.
Além disso, o policultivo ajuda a conservar o solo e a água. As raízes de diferentes profundidades protegem o solo da erosão, enquanto o uso equilibrado de nutrientes evita a contaminação.
Do ponto de vista econômico, esse sistema diversifica a produção, o que reduz os riscos do agricultor ou do aquicultor. Pois, se uma cultura tiver prejuízo, as outras podem compensar.
Por fim, ele promove uma produção mais sustentável, que respeita o meio ambiente e oferece alimentos variados e saudáveis para a população.
Mesmo com tantas vantagens, o policultivo apresenta desafios. Vamos entender quais são os mais comuns.
Desafios do policultivo e cuidados necessários para obter bons resultados
O policultivo exige planejamento e conhecimento técnico, pois cada espécie tem suas exigências de luz, água, nutrientes e espaço.
Na agricultura, o produtor precisa combinar plantas com ciclos e portes diferentes, para que uma não prejudique a outra. Também é necessário organizar o cronograma de plantio e colheita com cuidado.
Na aquicultura, o controle da alimentação e da qualidade da água é fundamental. Criar diferentes espécies em um mesmo tanque exige atenção redobrada para evitar desequilíbrios.
Outro desafio está na comercialização dos produtos. Produzir várias espécies ao mesmo tempo pode exigir diferentes estratégias de venda, além de cuidados com armazenamento e transporte.
Mesmo assim, com boas práticas e assistência técnica, é possível superar essas dificuldades e aproveitar os benefícios desse sistema. Veja agora exemplos práticos de policultivo no Brasil.
Exemplos reais de policultivo aplicados na agricultura e aquicultura brasileira
No campo, muitos agricultores familiares já usam o policultivo em suas hortas e lavouras. Plantam mandioca com milho e feijão ou consorciam banana com hortaliças e plantas medicinais.
Na Amazônia, sistemas agroflorestais combinam árvores frutíferas como açaí e cupuaçu com culturas como mandioca e pimenta-do-reino. Esse modelo ajuda a preservar a floresta e gera renda para as comunidades locais.
Na aquicultura, existem fazendas que criam tilápias com camarões ou que usam tanques com peixes e hortaliças no sistema de aquaponia. Sem dúvida, isso permite aproveitar a água rica em nutrientes para irrigar e adubar plantas sem uso de fertilizantes químicos.
Esses exemplos mostram que o policultivo é viável, adaptável e eficiente para quem busca produzir mais com menos impacto.
Para encerrar, veja as dúvidas mais comuns sobre esse sistema.
Resumo – Perguntas e respostas
É o cultivo ou criação de diferentes espécies no mesmo sistema, aproveitando melhor os recursos naturais e aumentando a eficiência da produção.
Na agricultura (plantas) e na aquicultura (organismos aquáticos), como peixes, camarões e algas.
Simultâneo, rotativo, consorciado e multitrófico, dependendo do tempo e da forma de convivência entre as espécies.
Redução de pragas, melhor aproveitamento do solo e da água, mais segurança econômica, bem como uma produção sustentável.
Escolher espécies compatíveis, planejar o manejo com atenção, monitorar o ambiente e principalmente buscar orientação técnica.