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Piscicultura semi-intensiva – O que é e quando vale à pena

Muitos peixes esperam a ração que está em uma mão da piscicultura semi-intensiva

O que é piscicultura semi-intensiva?

A piscicultura semi-intensiva é um tipo de piscicultura que representa uma forma de criação de peixes que une práticas naturais com o uso controlado de ração. Esse sistema é considerado intermediário entre a piscicultura extensiva e a intensiva, pois equilibra: baixo custo, produtividade razoável e controle ambiental. Ele costuma ocorrer em tanques escavados ou viveiros abastecidos com água corrente, ou de açudes, com suporte técnico simples, mas eficaz.

A piscicultura semi-intensiva é uma opção bastante popular no Brasil, sendo a mais utilizada para a criação de espécies como a tilápia e o tambaqui. De acordo com dados da Embrapa, esse modelo já representa uma boa parte da piscicultura nacional, principalmente entre produtores familiares e cooperativas. Isso acontece porque o sistema permite escalar a produção sem exigir um investimento alto.

Características da piscicultura semi-intensiva

  • Densidade de Estocagem: A densidade de peixes por área de viveiro é maior que no sistema extensivo, mas menor que no intensivo. Geralmente, fica entre 10.000 a 30.000 peixes por hectare, dependendo da espécie.
  • Manejo da Água: O controle de qualidade da água é feito de forma parcial. A renovação de água é regular, mas não constante como em sistemas intensivos. A qualidade é mantida principalmente por meio da aeração e da renovação parcial da água.
  • Alimentação: A alimentação é mista. Os peixes se alimentam da ração suplementar fornecida pelo produtor, mas também aproveitam o alimento natural disponível no viveiro (fitoplâncton, zooplâncton e insetos). A ração balanceada é o principal insumo para garantir o crescimento adequado.
  • Adubação: Para aumentar a oferta de alimento natural, é comum a fertilização dos viveiros com adubos orgânicos (esterco) ou inorgânicos. Isso estimula o crescimento de fitoplâncton e zooplâncton, que servem de alimento complementar para os peixes.
  • Produtividade: A produtividade é maior que no sistema extensivo, mas menor que no intensivo. Geralmente, a produção por hectare varia de 3 a 10 toneladas por ano.
  • Infraestrutura: A infraestrutura é mais simples que a do sistema intensivo. Consiste em viveiros de terra, com sistemas de entrada e saída de água, e, em alguns casos, aeradores para manter os níveis de oxigênio. Não requer a mesma tecnologia de filtros ou biofiltros.
  • Custo: Os custos de implementação e operação são moderados, sendo mais elevados que o sistema extensivo devido ao uso de ração e adubação, mas consideravelmente menores que os do sistema intensivo, que exige equipamentos mais caros e maior consumo de energia.

Como funciona a piscicultura semi-intensiva?

Principais Etapas do Funcionamento

1. Preparação dos Viveiros

A primeira etapa é preparar o viveiro. Os viveiros, geralmente de terra, são drenados e secos para eliminar predadores e microrganismos indesejados. Depois, a área é corrigida com cal para ajustar o pH do solo, e a adubação inicial é feita com fertilizantes orgânicos (esterco) ou inorgânicos (uréia, superfosfato).

2. Adubação da Água

Após encher o viveiro com água, a adubação continua. O objetivo é estimular a proliferação de fitoplâncton e zooplâncton, sendo a base da cadeia alimentar aquática. Esses organismos servem como alimento natural para os peixes, complementando a ração. A água fica com uma coloração esverdeada devido à alta concentração de algas, o que é um bom sinal de produtividade.

3. Estocagem

Nesta fase, os alevinos (filhotes de peixe) são soltos no viveiro. A densidade de estocagem é intermediária: maior que em sistemas extensivos, mas menor que em intensivos. Isso permite que os peixes aproveitem tanto o alimento natural disponível quanto a ração que será fornecida.

4. Alimentação e Manejo

A alimentação dos peixes é o ponto central do sistema semi-intensivo. Uma ração balanceada é fornecida regularmente, mas em menor quantidade do que seria em um sistema intensivo. O manejo da água é crucial: o oxigênio dissolvido é monitorado e, quando necessário, aeradores podem ser usados para garantir que os níveis de oxigênio fiquem ideais para os peixes.

5. Despesca

Após o período de engorda, os peixes atingem o peso de abate. A água do viveiro drenada e os peixes coletados para a comercialização.


Vantagens da piscicultura semi-intensiva

Maior Produção: A produtividade é significativamente maior que no sistema extensivo.

Sustentabilidade: Depende menos de insumos e tecnologias caras.

Custos Reduzidos: Menor custo de investimento inicial e de manutenção comparado ao intensivo.


Desvantagens e limitações da piscicultura semi-intensiva

Dependência: A produção ainda é dependente de fatores climáticos e da qualidade do solo.

Manejo: Exige um manejo mais cuidadoso que o sistema extensivo, principalmente no que se refere à qualidade da água.

Produtividade Limitada: A produtividade por área é menor que a do sistema intensivo.


Principais espécies para o sistema de piscicultura semi-intensivo no Brasil

Tilápia (Oreochromis niloticus)

A tilápia é, de longe, a espécie mais cultivada no Brasil e a mais indicada para o sistema semi-intensivo. Suas vantagens incluem:

  • Crescimento Rápido: Atinge o peso ideal para o abate em cerca de 6 a 8 meses.
  • Resistência: Tolera variações de temperatura, pH e níveis de oxigênio na água.
  • Alimentação: É onívora, ou seja, come de tudo. Aproveita a ração, mas também se alimenta de algas e pequenos invertebrados presentes no viveiro, o que otimiza os custos.

Tambaqui (Colossoma macropomum)

O tambaqui é um peixe nativo da bacia amazônica e uma excelente escolha para o cultivo semi-intensivo, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Ele tem como principais características:

  • Valor de Mercado: Muito apreciado pelo sabor da carne e pela ausência de espinhas intramusculares.
  • Crescimento: Possui um crescimento acelerado e atinge grande porte.
  • Adaptação: Resiste bem a baixos níveis de oxigênio e altas temperaturas, comuns em viveiros de terra.

Tambacu e Tambatinga

Essas são espécies híbridas, resultado do cruzamento do tambaqui com o pacu e com a pirapitinga, respectivamente. Elas combinam as melhores características das espécies originais:

  • Tambacu: Cresce mais rápido que o pacu, com maior resistência. É uma das espécies mais utilizadas na piscicultura brasileira.
  • Tambatinga: Possui um crescimento similar ao tambaqui, mas com melhor conformação do corpo e maior rendimento de filé.

Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella)

A carpa capim é uma espécie herbívora, sendo frequentemente usada em consórcio com outras espécies (como a tilápia ou o tambaqui) para controlar o excesso de vegetação no viveiro. Isso reduz os custos de manejo e melhora a qualidade da água.


A escolha da espécie também pode depender de fatores como a disponibilidade de alevinos, o clima da região e a demanda do mercado local.


Resumo – Perguntas e respostas sobre a piscicultura semi-intensiva

O que é piscicultura semi-intensiva?

É um sistema de criação de peixes que combina alimentação natural com ração suplementar, em tanques escavados e com controle simples da água.

Quais são os benefícios desse modelo?

Custo reduzido, crescimento mais rápido dos peixes, sustentabilidade ambiental e facilidade de adaptação em diferentes propriedades.

Quais as espécies são na piscicultura semi-intensiva?

Tilápia, tambaqui, pacu, curimatã e jundiá são as mais indicadas por sua adaptação ao sistema e bom desempenho alimentar.

Esse sistema exige muitos equipamentos?

Não. A piscicultura semi-intensiva opera com estrutura básica, desde que com controle da água e alimentação adequada.

Vale a pena investir nesse tipo de piscicultura?

Sim, principalmente para pequenos e médios produtores que buscam boa produtividade com custo acessível e práticas sustentáveis.


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