O que são eventos climáticos extremos?
Os eventos climáticos extremos são condições meteorológicas severas influenciadas principalmente pelas mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas. Esses eventos excedem os padrões normais de tempestades intensas, ondas de calor ou frio extremo, secas prolongadas, furacões e ciclones, ou enchentes severas. Mas como vem a acontecer esses fenômenos? Quais são as causas que contribuem para o aumento da aparição dos eventos climáticos extremos?
As principais causas do aumento dos eventos climáticos extremos
Além de serem causados por mudanças naturais nos padrões climáticos, como El Niño e La Niña ou ciclos solares, as causas do aumento dos eventos climáticos extremos são provenientes principalmente das atividades humanas, com muito mais intensidade desde a primeira revolução industrial. Portanto, isso inclui o aumento das emissões de gases de efeito estufa, o desmatamento e a alteração no uso do solo, impactando diretamente nas mudanças climáticas. Veja abaixo uma lista mais detalhada dos principais fatores que explicam esse aumento:
1. Aquecimento Global
O aumento da concentração de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), resultante da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras atividades humanas, está aquecendo assim a atmosfera e os oceanos.
As temperaturas mais altas aumentam a frequência e a intensidade das ondas de calor. Assim, o derretimento das calotas polares e das geleiras que contribui para a elevação do nível do mar, resultando em inundações costeiras e tempestades mais severas.
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2. Alterações nos Padrões de Precipitação
As mudanças climáticas estão alterando os padrões de precipitação, fazendo com que algumas regiões experimentem mais chuvas intensas e outras, secas prolongadas.
As precipitações intensas podem causar inundações e deslizamentos de terra, especialmente em áreas urbanas mal planejadas. Por outro lado, a falta de precipitação prolongada contribui para secas severas, que podem levar a incêndios florestais devastadores.
3. Aumento da Energia nos Sistemas Atmosféricos e Oceânicos
O aquecimento global fornece mais energia para sistemas atmosféricos e oceânicos, intensificando assim os eventos climáticos extremos como tempestades e furacões.
Com mais energia térmica nos oceanos, as tempestades tropicais e os furacões se tornam mais intensos, com ventos mais fortes e chuvas mais pesadas. Além disso, semelhante aos furacões, ciclones e tufões também estão se tornando mais severos em várias partes do mundo.
4. Acidificação dos Oceanos
A absorção de CO2 pelos oceanos está causando a acidificação das águas, o que pode impactar os ecossistemas marinhos e a vida aquática. A acidificação afeta corais, moluscos, bem como outras formas de vida marinha, o que pode perturbar os ecossistemas e a pesca.
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5. Desmatamento e Uso do Solo
O desmatamento, a agricultura intensiva e a urbanização contribuem para a degradação dos ecossistemas naturais, alterando os ciclos hidrológicos e aumentando a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos (ou desastres naturais extremos) ou desastres naturais.
Em consequência, o desmatamento aumenta a erosão do solo, contribuindo assim para deslizamentos de terra. Principalmente, a urbanização e a pavimentação de áreas naturais reduzem a capacidade do solo de absorver água, aumentando o risco de inundações.
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6. Fenômenos Climáticos Naturais
Fenômenos climáticos naturais, como El Niño e La Niña, afetam temporariamente o clima global, exacerbando as condições climáticas extremas. Esses fenômenos climáticos podem causar variações significativas nas temperaturas e, principalmente, nos padrões de precipitação global, aumentando a ocorrência de eventos climáticos extremos.
Quais os tipos de eventos climáticos extremos?
Os eventos climáticos extremos, também conhecidos como desastres naturais, são fenômenos que fogem dos padrões históricos, causando assim impactos socioeconômicos e ambientais severos. Para compreendê-los melhor, o Observatório de Clima e Saúde da FioCruz propõe uma classificação detalhada com base na sua origem, dividindo-os em quatro categorias principais:
1. Eventos climáticos extremos de Origem Hidrológica
- Inundações Bruscas e Graduais: Causadas por chuvas fortes, derretimento de neve ou falhas em infraestrutura, provocando alagamentos repentinos ou graduais, com impactos como desabrigados, danos à infraestrutura e contaminação da água.
- Alagamentos e Enchentes: Ocorrem quando a água toma conta de áreas normalmente secas, geralmente em áreas baixas ou próximas a cursos d’água, causando danos à propriedade, perda de safras e risco de doenças.
- Deslizamentos: Provocados pela saturação do solo com água, encostas íngremes ou terremotos, os deslizamentos podem ser extremamente perigosos, causando destruição, mortes e ferimentos.
2. Eventos climáticos extremos de Origem Geológica ou Geofísica
A erosão acelerada do solo, intensificada por chuvas fortes e atividades humanas, leva à degradação do solo, perda de fertilidade e desertificação. Além disso, encostas íngremes, saturação do solo com água ou terremotos podem desencadear o deslocamento de grandes massas de terra, causando, por exemplo, deslizamentos, destruição e risco de morte.
Sendo assim, terremotos, vulcões e tsunamis, embora não sejam eventos climáticos extremos em si, podem desencadear outros desastres, como inundações, deslizamentos e incêndios.
3. De Origem Meteorológica
Os furacões, ou ciclones tropicais e extratropicais, trazem tempestades rotativas com ventos fortes, chuvas intensas e ondas altas, que podem provocar devastação, inundações, erosão costeira e perda de vidas. Outro fenômeno são os tornados, que formam vórtices de vento extremamente intensos e localizados e causam destruição generalizada, risco de morte e ferimentos. Assim, ventos fortes (vendavais) e súbitos causam danos danos à propriedade, queda de árvores e postes, e interrupções no fornecimento de energia.
4. De Origem Climatológica
Períodos prolongados com pouca ou nenhuma precipitação (estiagem), que podem levar à escassez de água, perda de safras, fome, racionamento de água, bem como conflitos por recursos hídricos. Outra origem, são as queimadas e incêndios florestais, provocados por raios, atividades humanas ou secas prolongadas. Essas queimadas devastam áreas naturais, liberam gases poluentes e causam problemas respiratórios.
Outra origem bem frequente são as quedas de pedras de gelo (granizo) de grande tamanho durante tempestades, que podem causar danos à agricultura, à propriedade e até mesmo ferimentos.
Mais um exemplo é o congelamento da água na superfície terrestre ou nas plantas, geralmente durante a noite, que pode causar danos à agricultura, à pecuária e à infraestrutura.
Por fim, as ondas frio e calor com períodos com temperaturas extremas, acima ou abaixo da média, que podem causar desidratação, doenças relacionadas ao calor, hipotermia, perda de safras e sobrecarga nos sistemas de saúde.
Lembre-se: A compreensão da origem dos eventos climáticos extremos é fundamental para a sua melhor prevenção e mitigação dos seus impactos. Afinal, através do conhecimento e da ação conjunta, podemos construir um futuro mais resiliente e seguro para todos.
Consequências dos eventos climáticos extremos no Brasil
O Brasil, devido à sua vasta extensão territorial e diversidade climática, é frequentemente afetado pelos eventos climáticos extremos e desastres naturais. Sendo assim, os eventos climáticos extremos no Brasil resultam em uma variedade de consequências, incluindo perdas de vidas, danos à infraestrutura, impactos econômicos e deslocamento populacional. Por exemplo, no ano de 2020 em São Paulo, as enchentes resultaram em mais de 4.000 pessoas desalojadas e aproximadamente 150 desabrigadas, com prejuízos financeiros estimados em milhões de reais. Além disso, várias rodovias e vias urbanas ficaram intransitáveis, interrompendo o transporte e o comércio.
Houve diversos outros desastres naturais extremos no Brasil que tiveram um impacto significativo, como por exemplo:
Seca no Nordeste (2012-2017):
A seca prolongada no nordeste resultou em uma crise de abastecimento de água, afetando milhões de pessoas e levando a um êxodo rural significativo. A agricultura foi severamente impactada, resultando em perdas de bilhões de reais.
Enchentes em Santa Catarina (2008):
A enchente afetou mais de 1,5 milhão de pessoas, causando destruição em larga escala e exigindo um grande esforço de reconstrução. Os danos foram estimados em mais de R$ 4 bilhões.
Inundações no Acre (2021):
Aproximadamente 130.000 pessoas foram afetadas pelas enchentes, com milhares desalojadas. A crise resultou em desafios significativos para abrigar e fornecer assistência às pessoas afetadas.
Deslizamento de Terra em Teresópolis (2011):
Mais de 20.000 pessoas ficaram desalojadas devido aos deslizamentos causados por chuvas intensas. O desastre natural resultou em uma das maiores operações de resgate e assistência humanitária no Brasil.
O Deslizamento de Terra em Brumadinho (2019)
Em Brumadinho, a lama tóxica liberada pela barragem afetou uma área de aproximadamente 290 hectares. Esse desastre natural causou 270 mortes e deixou 11 pessoas desaparecidas até os dias de hoje. O Corpo de Bombeiros e equipes de resgate trabalharam incansavelmente na busca por corpos e sobreviventes. Até agosto de 2021, os trabalhos de busca ainda continuavam.
A Vale S.A. foi obrigada a pagar indenizações e a financiar projetos de recuperação ambiental e social. Em fevereiro de 2021, a empresa chegou a um acordo de R$ 37,68 bilhões com o governo de Minas Gerais para reparação dos danos causados.
Em conclusão:
Os eventos climáticos extremos, como secas, inundações, tempestades e furacões, estão se tornando cada vez mais frequentes e severos em todo o mundo. As mudanças climáticas são um dos principais fatores que contribuem para a intensificação desses eventos, e a ação humana, como o desmatamento e a urbanização inadequada, também pode agravar a situação.
É fundamental tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Investir em energias renováveis, reduzir o consumo de combustíveis fósseis e promover o reflorestamento são algumas ações importantes que podem ser tomadas.
Ao mesmo tempo, é necessário adaptar-se aos impactos das mudanças climáticas que já estão acontecendo. As autoridades devem implementar políticas públicas de gestão de riscos, melhorar a infraestrutura e conscientizar a população sobre os riscos e medidas de precaução para reduzir a vulnerabilidade das populações aos eventos climáticos extremos.
A proteção do meio ambiente e a gestão sustentável dos recursos naturais são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das pessoas em um contexto de mudanças climáticas. Por isso, é fundamental que governos, empresas e indivíduos assumam a responsabilidade de agir para enfrentar este desafio global.
Resumo sobre eventos climáticos extremos e Perguntas Frequentes
Em resumo, os eventos climáticos extremos, ou desastres naturais, são condições meteorológicas severas influenciadas principalmente pelas mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas. Exemplos incluem furacões, tempestades, ondas de calor, secas e enchentes. Esses eventos podem causar destruição significativa e representam um risco elevado para a vida humana e a infraestrutura.
Os eventos climáticos extremos são de causas naturais ou induzidos por atividades humanas:
Causas Naturais: Incluem variações atmosféricas e oceânicas, como El Niño e La Niña, além de mudanças sazonais e ciclos climáticos naturais.
Humanas: Atividades como desmatamento, urbanização e emissão de gases de efeito estufa aumentam a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos devido às mudanças climáticas.
As mudanças climáticas, resultantes do aquecimento global, intensificam e aumentam a frequência de eventos climáticos extremos. O aumento das temperaturas globais altera os padrões de precipitação, intensifica as ondas de calor e aumenta a energia disponível para tempestades e furacões mais severos.
Inundações e enchentes, deslizamento de terra, furacões, ciclones ou tornados, estiagem e seca, e ondas de calor e frio extremos.
Os eventos climáticos extremos no Brasil resultam, em resumo, em uma variedade de consequências, incluindo perdas de vidas, danos à infraestrutura, impactos econômicos e deslocamento populacional.
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