ECOCOMUNIDADE

Produtos florestais não madeireiros – Quais são e exemplos

Mãos segurando guaraná e açaí significando a produção de produtos florestais não madeireiros - PFNM

Produtos Florestais Não Madeireiros – PFNM – quando a floresta viva alimenta o presente e semeia o futuro

“Entre galhos e raízes, a floresta oferece tudo — menos silêncio. Ela fala em óleos, frutos, sementes e saberes.” — “Os produtos florestais não madeireiros – PFNM, são a base de uma economia de futuro, que valoriza o que se conserva, não o que se destrói.” — Carlos Nobre, cientista climático e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)


O que são produtos florestais não madeireiros (PFNM)?

Produtos florestais não madeireiros (PFNM) são bens de origem vegetal ou animal coletados em ecossistemas naturais ou manejados, excluindo a madeira destinada à serraria ou à indústria. Ou seja, são os recursos florestais que podem ser explorados sem derrubar a floresta, como:

  • Frutos (açaí, castanha-do-pará, bacaba, buriti);
  • Sementes (cumaru, andiroba, baru);
  • Óleos vegetais e essenciais (copaíba, andiroba, babaçu);
  • Fibras, cipós, cascas e resinas (jatobá, cipó-titica, breu-branco);
  • Produtos de origem animal, como mel, cera e artesanato com penas (em comunidades autorizadas).

Esses produtos são fundamentais para a economia de comunidades tradicionais, como povos indígenas, extrativistas, quilombolas e ribeirinhos, e também para a conservação da biodiversidade.


Por que os PFNM são importantes para a sustentabilidade?

Os PFNM têm um papel estratégico na bioeconomia de baixo carbono, pois:

  • Geram renda sem desmatamento;
  • Fortalecem cadeias produtivas de base comunitária;
  • Preservam a floresta e os saberes associados a ela;
  • Contribuem para a segurança alimentar, nutricional e cultural;
  • Reduzem a dependência de monoculturas e mineração predatória.

Além disso, eles têm alto valor agregado quando transformados em cosméticos, fitoterápicos, alimentos gourmet, biojoias ou insumos para a indústria farmacêutica.


Exemplos de produtos florestais não madeireiros no Brasil

ProdutoOrigemUsos
AçaíAmazôniaAlimento, bebida, cosmético
Castanha-do-paráAmazôniaNutrição, exportação, farinha
CopaíbaAmazôniaÓleo medicinal e cosmético
BabaçuNorte/NordesteÓleo, sabão, carvão vegetal
BuritiCerrado/AmazôniaPolpa, óleo, biojoia
CumaruAmazôniaPerfumes e cosméticos de luxo
BaruCerradoCastanha nutritiva e valorizada
CarnaúbaNordesteCera usada em alimentos e cosméticos
JatobáDiversos biomasMedicinal, farinha rica em ferro

Esses produtos, quando coletados de forma tradicional, respeitam o ciclo de regeneração da natureza e envolvem técnicas passadas entre gerações.


Quais são as ameaças aos PFNM e seus territórios?

Apesar do enorme potencial, os PFNM e seus sistemas extrativistas enfrentam diversas ameaças:

  • Desmatamentoqueimadas, que destroem os habitats das espécies exploradas;
  • Expansão do agronegócio e da mineração, que pressionam os territórios coletivos;
  • Falta de políticas públicas estruturantes, como, por exemplo, a assistência técnica, a infraestrutura e o acesso a mercados;
  • Baixo valor pago ao produtor, que compromete a permanência das famílias no extrativismo;
  • Apropriação do conhecimento tradicional, sem retorno justo às comunidades (biopirataria).

Por isso, é fundamental promover valorização econômica e cultural dos produtos florestais não madeireiros – PFNM sem abrir mão da conservação e da justiça social.


O papel dos PFNM na bioeconomia da floresta em pé

De acordo com o relatório “Bioeconomia da Amazônia Legal” (Imazon/2024):

  • Os PFNM movimentaram cerca de R$ 2,8 bilhões na economia da região;
  • No entanto, representam menos de 5% da produção florestal comercializada, o que revela potencial de expansão sustentável;
  • Famílias extrativistas recebem, em média, três vezes menos por quilo do produto do que o valor final no mercado;
  • Empreendimentos de base comunitária e cooperativas aumentam a renda das comunidades em até 60% quando conseguem acesso direto aos consumidores.

Assim, fortalecer os produtos florestais não madeireiros – PFNM é um passo decisivo para uma bioeconomia que respeite os limites ecológicos e os direitos dos povos da floresta.


Como fortalecer cadeias sustentáveis de produtos florestais não madeireiros PFNM?

  • Garantir direitos territoriais e proteger reservas extrativistas, terras indígenas e quilombolas;
  • Incentivar compras públicas e privadas de produtos da sociobiodiversidade (como, por exemplo, a via PNAE, o PAA e as parcerias com empresas sustentáveis);
  • Investir em infraestrutura comunitária, como, por exemplo, as casas de beneficiamento, a logística e o acesso à internet;
  • Oferecer crédito rural adaptado à realidade extrativista, com juros baixos e prazos estendidos;
  • Fomentar pesquisas participativas e, principalmente, as certificações que valorizem o trabalho das comunidades;
  • Educar o consumidor urbano sobre a origem e o valor desses produtos.

    Dados atualizados sobre PFNM no Brasil (2024–2025)

    IndicadorValor
    Espécies com potencial PFNM+1.200 catalogadas
    PFNM em cadeias estruturadas~150 produtos
    Famílias envolvidas no extrativismo+200 mil
    Participação dos PFNM no PIB florestal3%
    Exportações de açaí e castanha-do-paráR$ 580 milhões (2024)
    Reservas extrativistas que produzem PFNM90+ RESEX

    Recomendações práticas para consumidores e formuladores de políticas

    • Procure produtos certificados da sociobiodiversidade, como os selos Origens Brasil, FSC, Fair Trade ou de agricultura familiar;
    • Consuma alimentos nativos e regionais: castanha, baru, açaí, buriti, cumaru, entre outros;
    • Apoie cooperativas e organizações de base, comprando assim direto ou divulgando o trabalho delas;
    • Pressione por políticas públicas de bioeconomia inclusiva, com recursos para comunidades e reconhecimento dos saberes locais;
    • Evite produtos que desmatam ou exploram territórios tradicionais, como, por exemplo, a carne bovina de áreas griladas.

    Em conclusão, os produtos florestais não madeireiros são a expressão viva da floresta que gera vida sem precisar ser destruída. Ao combinarem conhecimento tradicional, biodiversidade e inovação, eles oferecem caminhos concretos para uma bioeconomia inclusiva, justa e regenerativa.

    Afinal, proteger e fortalecer esses produtos é semear um futuro onde floresta e sociedade floresçam juntas — com raízes firmes no respeito, na cultura e na sustentabilidade.


    Perguntas e respostas para reflexão crítica

    É possível viver apenas da coleta de produtos não madeireiros?

    Sim, principalmente quando há valorização justa e acesso a mercados éticos, o extrativismo pode garantir renda e dignidade.

    Os PFNM podem substituir o modelo do agronegócio?

    Não necessariamente. Mas são uma alternativa viável em territórios tradicionais e para fomentar uma bioeconomia regenerativa.

    Comunidades tradicionais sabem manejar esses recursos?

    Sim. Seus conhecimentos ancestrais são fundamentais para o manejo sustentável, assim como devem ser reconhecidos como ciência.

    PFNM são menos rentáveis do que madeira ou soja?

    A curto prazo, talvez. Mas a longo prazo, promovem desenvolvimento com conservação e menor custo ambiental.

    Comprar PFNM ajuda mesmo a preservar a floresta?

    Sim. Ao valorizar esses produtos, você apoia economias locais e, assim, reduz a pressão sobre os recursos naturais.


    Veja também

    ECOCOMUNIDADE - Qual a sua opinião?

    Publique gratuitamente no Ecofórum! Precisamos debater o futuro do planeta!
    Participe!

    Compartilhe

    Facebook
    Twitter
    LinkedIn
    Pinterest
    Relacionados
    Traduzir »
    Logo Ecocomunidade

    Juntos pela Sustentabilidade!

    Acesse conteúdos exclusivos, participe de debates e faça novos amigos. Junte-se à sua comunidade focada em sustentabilidade!

    Logomarca 123 ecos