Mercado Global de Carbono – Como funciona, benefícios e desafios

Mercado Global de Carbono

O que é o mercado global de carbono?

O mercado global de carbono é um sistema criado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao permitir que países e empresas negociem créditos de carbono. Esses créditos representam a redução ou remoção de uma determinada quantidade de CO₂ equivalente (geralmente uma tonelada) e podem ser comprados por organizações que precisam compensar suas próprias emissões. Assim, o mercado busca incentivar financeiramente a diminuição das emissões e promover um desenvolvimento mais sustentável.

Esse sistema surgiu como parte dos esforços globais para combater o aquecimento global e dar suporte aos objetivos da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e do Acordo de Paris. Portanto, ao criar um valor financeiro para a redução de emissões, o mercado global de carbono torna as iniciativas de mitigação economicamente atraentes, ajudando a acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.

Neste artigo, vamos entender como funciona o mercado global de carbono, os diferentes tipos de mercados existentes e os principais desafios para sua implementação.

Como Funciona o Mercado Global de Carbono?

O mercado de carbono funciona por meio de um sistema de comércio de emissões, onde empresas, países e outras entidades compram e vendem permissões para emitir uma certa quantidade de gases de efeito estufa. O conceito central é que aqueles que conseguem reduzir suas emissões abaixo de suas metas podem vender o excedente comoCréditos de Carbono para aqueles que não conseguiram cumprir suas metas.

O mercado global de carbono é uma ferramenta crucial para mitigar as mudanças climáticas, e os números recentes mostram sua crescente importância e desafios.

Segundo a Stanford Doerr School of Sustainability, em 2023, as emissões globais de dióxido de carbono atingiram um recorde de mais de 40 bilhões de toneladas, com 37 bilhões provenientes de combustíveis fósseis. Isso representa um aumento de 1,1% em comparação a 2022 e 1,5% em relação aos níveis pré-pandemia​.

Além disso, a agricultura, o uso da terra e o desmatamento contribuíram com cerca de 22% das emissões globais em 2019. O setor de transportes se tornou responsável por 15% das emissões globais de gases de efeito estufa ​(fonte: US EPA). No entanto, a taxa de crescimento anual das emissões do setor de energia e indústria diminuiu entre 2010 e 2019, indicando assim uma mudança gradual para tecnologias mais limpas​.

Tipos principais de mercados globais de carbono

1. Mercados Regulatórios (Cap-and-Trade)

Os mercados regulatórios são estabelecidos por governos que definem um limite (ou “cap”) para as emissões de uma região ou setor específico. As empresas recebem permissões para emitir uma quantidade específica de CO₂ e, se conseguirem reduzir suas emissões, podem vender as permissões excedentes para outras empresas. Esse sistema cria um incentivo financeiro para a redução de emissões, já que as permissões podem ser comercializadas como créditos de carbono.

Um exemplo é o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS), o maior mercado regulatório de carbono do mundo. Ele cobre setores como energia e indústrias pesadas e tem como objetivo reduzir as emissões de GEE em 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990.

2. Mercados Voluntários de Carbono

Nos mercados voluntários, empresas e indivíduos compram créditos de carbono para compensar suas emissões, mesmo que não estejam legalmente obrigados a fazê-lo. Esses créditos geralmente vêm de projetos que removem CO₂ da atmosfera, como o plantio de árvores ou a instalação de tecnologias de captura e armazenamento de carbono.

O mercado voluntário é utilizado por empresas que desejam fortalecer suas metas de sustentabilidade, como as metas de zero emissões líquidas. Plataformas como a Verra e o Gold Standard certificam esses créditos, garantindo que os projetos sejam reais e tenham um impacto positivo no meio ambiente.

Benefícios do Mercado Global de Carbono

1. Incentivo Financeiro para a Redução de Emissões

O mercado de carbono cria um valor econômico para a redução de emissões, incentivando empresas a investir em tecnologias limpas e em práticas sustentáveis. Ao atribuir um preço às emissões, as empresas que adotam soluções sustentáveis se beneficiam financeiramente, enquanto aquelas que continuam poluindo pagam pelo excesso de emissões.

2. Eficiência Econômica

Ao permitir a negociação de créditos, o mercado de carbono garante que as reduções de emissões ocorram onde os custos são mais baixos. Isso gera eficiência econômica, pois países e empresas podem escolher entre reduzir suas próprias emissões ou comprar créditos mais baratos de outros que já fizeram investimentos em tecnologias limpas.

3. Financiamento para Projetos Sustentáveis

Os créditos de carbono comprados em mercados voluntários são frequentemente usados para financiar projetos sustentáveis, como reflorestamento, preservação de áreas naturais e desenvolvimento de tecnologias de energia renovável. Isso ajuda a direcionar recursos financeiros para iniciativas ambientais que, de outra forma, não teriam apoio econômico.

4. Promoção de Inovações Tecnológicas

Com a demanda por reduções de emissões e a pressão para cumprir metas, o mercado global de carbono incentiva a inovação. Isso inclui o desenvolvimento de tecnologias de captura de carbono, agricultura regenerativa e novos métodos para gerar energia limpa e sustentável.

Desafios e Críticas ao Mercado Global de Carbono

Apesar dos benefícios, o mercado global de carbono enfrenta vários desafios. Por exemplo:

1. Risco de “Dupla Contagem”

A “dupla contagem” ocorre quando um mesmo crédito de carbono é contabilizado por duas entidades, o que compromete a integridade do mercado. Esse problema é principalmente relevante nas negociações internacionais, pois países querem garantir que as reduções vendidas como créditos não sejam computadas em suas próprias metas nacionais.

2. Baixa Transparência e Credibilidade

Muitos mercados voluntários de carbono enfrentam problemas de transparência e falta de padrões consistentes. Isso pode levar a situações em que os créditos vendidos não correspondem a reduções reais de emissões. Para resolver isso, organizações como o Gold Standard e a Climate Action Reserve trabalham para criar padrões rigorosos e melhorar a credibilidade do mercado.

3. Falta de Compromisso Político Global

Embora existam iniciativas bem-sucedidas, como o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia, a falta de um compromisso político global para regulamentar o mercado de carbono dificulta a criação de um sistema unificado. Disputas sobre como regular o mercado de carbono no contexto do Acordo de Paris foram um dos principais pontos de desacordo na COP 25 e continuam sem solução.

4. Injustiça Climática

Alguns críticos argumentam que o mercado de carbono pode agravar as desigualdades, permitindo assim que países ricos comprem créditos de carbono de países mais pobres, em vez de reduzir suas próprias emissões. Ou seja, isso cria um sistema em que nações em desenvolvimento são usadas como “depósitos” de emissões, sem que isso traga benefícios reais para suas populações.

Futuro do Mercado Global de Carbono

O futuro do mercado global de carbono depende de regulamentações mais robustas e de um consenso global sobre como gerenciar e monitorar as transações de créditos. Por isso, a expectativa é que, com a crescente urgência de combater as mudanças climáticas, haja um fortalecimento das normas e um aumento na demanda por créditos de carbono.

Assim, com o apoio de iniciativas como o Artigo 6 do Acordo de Paris, que busca regulamentar o mercado internacional de carbono, espera-se que o sistema evolua para um modelo mais transparente e inclusivo, capaz de promover reduções de emissões em escala global e apoiar o desenvolvimento sustentável.

Em conclusão, o mercado global de carbono é uma ferramenta poderosa para combater as mudanças climáticas, ao permitir que países e empresas negociem reduções de emissões de maneira eficiente. No entanto, para que ele atinja todo o seu potencial, é necessário resolver questões de transparência, credibilidade e justiça climática. Com regulamentações mais robustas e um compromisso global, o mercado de carbono pode desempenhar um papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono.

Créditos de carbono – definição, história, tipos e como funcionam

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Resumo- Perguntas e Respostas sobre o Mercado Global de Carbono

O que é o mercado global de carbono?

É um sistema que permite a negociação de créditos de carbono para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Como funciona o mercado de carbono?

Empresas e países negociam créditos de carbono, com cada crédito representando a redução de uma tonelada de CO₂ equivalente.

Quais são os tipos de mercados de carbono?

Há mercados regulatórios (cap-and-trade) e mercados voluntários, que incentivam reduções de emissões além das exigidas por lei.

Quais são os benefícios do mercado de carbono?

Ele incentiva a redução de emissões, promove eficiência econômica e principalmente financia projetos sustentáveis.

Quais são os desafios do mercado de carbono?

Riscos de dupla contagem, falta de transparência, bem como compromisso político global, são os principais desafios.


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