Enquanto o mundo tenta frear a crise climática, a descarbonização da economia surge como o passo decisivo rumo à sobrevivência coletiva. Assim: “Enquanto o carbono escurece os céus, a descarbonização clareia os caminhos do amanhã.”
Sendo assim: “Descarbonizar a economia não é apenas técnica, é política. É decidir que o planeta vale mais do que o lucro imediato.” — Antonio Guterres, Secretário-Geral da ONU (2024).
O que é descarbonização da economia?
A descarbonização da economia é o processo de reduzir ou eliminar a emissão de gases de efeito estufa (principalmente o CO₂) das atividades humanas, especialmente dos setores mais poluentes: energia, transporte, indústria, agropecuária e construção civil.
A descarbonização da economia está no centro das estratégias globais de enfrentamento à crise climática, ao lado de ações como por exemplo:
- Transição para fontes de energia renováveis
- Substituição de combustíveis fósseis
- Reflorestamento e recuperação de biomas
- Estímulo à economia circular e verde
- Inovação tecnológica com baixo impacto ambiental
O objetivo final é construir uma economia de baixo carbono, resiliente e inclusiva — sem repetir os erros sociais do passado.
Por que descarbonizar é urgente?
Em 2023, o mundo atingiu o recorde de emissões globais de CO₂, ou seja, com mais de 37 bilhões de toneladas lançadas na atmosfera (IEA, 2024). No Brasil, os maiores emissores são:
- Mudança do uso da terra e desmatamento ilegal (49%)
- Agropecuária intensiva (25%)
- Setor energético (15%)
- Indústria e transporte (11%)
Então, se nada for feito, o aumento da temperatura global ultrapassará 2 °C até 2050, o que resultaria em, principalmente:
- Perda irreversível de biodiversidade
- Colapso de safras agrícolas
- Migrações forçadas por seca e calor
- Aumento de eventos extremos (enchentes, ciclones, queimadas)
A descarbonização é uma das únicas rotas reais para frear esse colapso.
Descarbonização no Brasil: avanços e entraves (2025)
Avanços recentes:
- Reativação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)
- Compromissos com neutralidade de carbono até 2050
- Crescimento acelerado da energia solar (ou seja, 19% da matriz energética)
- Lançamento do programa Transição Ecológica Justa, com foco em bioeconomia, reflorestamento e inovação.
Entraves ainda persistentes:
- Aumento no desmatamento no Cerrado e na Caatinga
- Expansão de obras de infraestrutura com alto impacto
- Incentivos fiscais ainda favorecem combustíveis fósseis
- Pouca regulamentação para mercado de carbono voluntário e créditos verdes.
Como descarbonizar a economia: eixos centrais
1. Energia limpa e descentralizada
Apostar em solar, eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, priorizando assim a geração distribuída e comunitária.
2. Transportes verdes na descarbonização da economia
Expansão do transporte público elétrico, incentivo ao transporte não motorizado e logística de baixo carbono.
3. Agricultura regenerativa
Substituir a agropecuária intensiva por sistemas agroecológicos, com rotação de culturas, restauração do solo e bioinsumos agrícolas.
4. Economia circular
Reduzir o consumo de matérias-primas virgens, promover o reuso, reciclagem e redesign de produtos. Ver: Economia Circular no Brasil – Avanços e perspectivas em números
5. Biotecnologia industrial para a descarbonização da economia
Utilizar microrganismos e enzimas para substituir processos industriais poluentes (por exemplo, os plásticos, os combustíveis, os produtos químicos). Ver: Biotecnologia Industrial: a força que está redefinindo a produção
6. Florestas em pé
Valorização de povos indígenas, quilombolas e extrativistas como guardiões dos biomas, com políticas de pagamento por serviços ambientais e demarcação de territórios.
Quem paga pela descarbonização da economia? A questão da justiça climática
A descarbonização só será eficaz se for justa e inclusiva.
- Países do Sul Global, como o Brasil, devem receber financiamento climático internacional
- Populações vulneráveis não podem arcar com o custo da transição, que deve ser financiado pelos maiores emissores e beneficiários da economia fóssil
- Trabalhadores de setores em transição precisam de reciclagem profissional, empregos verdes e proteção social
Por isso, o conceito de justiça climática deve orientar todas as políticas de descarbonização.
Descarbonização da economia e oportunidades econômicas
A transição pode gerar crescimento econômico sustentável, com principalmente:
Novos empregos em energia limpa, engenharia verde, reflorestamento, biotecnologia e logística sustentável. Além disso, precisamos atrair investimentos para infraestrutura ecológica e termos cidades resilientes.
Por fim, geração de renda a partir de créditos de carbono bem regulamentados.
Estima-se que, no Brasil, a transição ecológica possa criar 8 milhões de empregos até 2035, de acordo com o PNUMA (Programa da ONU para o Meio Ambiente).
Perguntas e respostas para reflexão crítica
Sim, se for orientada por inovação, inclusão, bem como diversificação produtiva.
Não necessariamente. Mas exige reformar práticas insustentáveis e respeitar os limites ecológicos.
Depende da regulamentação. Afinal, sem controle público e transparência, pode ser usado para “maquiar” emissões.
Não. Porque ainda é necessário mudar padrões de produção, consumo e governança.
Em parte. Uma vez que, muitos exportam suas emissões para países pobres, mantendo estilos de vida intensivos em carbono.
Em conclusão
Descarbonizar a economia não é apenas uma escolha técnica — é uma decisão civilizatória. Reduzir emissões é urgente, mas a forma como fazemos isso definirá quem vive, quem paga e quem lucra com a transição.
O Brasil tem potencial imenso para liderar a transição ecológica global, mas precisa investir em ciência, justiça ambiental, participação social e soberania ambiental sobre seus biomas.
Como lembram os movimentos por justiça climática: “Não há economia viva num planeta morto. Sendo assim, descarbonizar a economia é plantar futuro.”