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Bacia do Rio São Francisco – Características, ameaças e soluções

Imagem do rio Velho Chico na Bacia hidrográfica do São Francisco

“Bacia Hidrográfica do São Francisco – Velho Chico, espelho d’água que carrega as histórias de um povo e as cicatrizes de um país que precisa se reconciliar com a natureza.” A Bacia do Rio São Francisco é um elemento vital nessa narrativa.

“A saúde da bacia do São Francisco é o termômetro da sustentabilidade hídrica do semiárido brasileiro.”
Mercedes Bustamante, ecóloga e membro da Academia Brasileira de Ciências.


O que é a Bacia do Rio São Francisco?

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é o conjunto de rios, córregos, nascentes, solos, vegetações e comunidades humanas. Ou seja, estes elementos estão interligados pelo fluxo de água que deságua no Rio São Francisco, o mais importante curso de água totalmente brasileiro.

Com cerca de 639 mil km² de extensão, essa bacia abrange territórios de sete estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e o Distrito Federal. Considerada a quarta maior bacia hidrográfica do Brasil. Ainda, é uma das mais estratégicas do ponto de vista ambiental, econômico e social.

Seu rio principal, o São Francisco, nasce na Serra da Canastra (MG) e percorre 2.863 km até desaguar no Oceano Atlântico, entre os estados de Alagoas e Sergipe. Por sua grande extensão e presença marcante no semiárido, o rio é chamado carinhosamente de “Velho Chico”. Sem dúvida, ele é fonte de vida, cultura e subsistência para milhões de brasileiros.

A bacia é dividida em quatro regiões fisiográficas:

  1. Alto São Francisco – Minas Gerais, onde nascem as principais cabeceiras;
  2. Médio São Francisco – entre MG e BA, com planícies, assim como a presença de grandes usinas hidrelétricas;
  3. Submédio São Francisco – fortemente afetado pela transposição e polo agrícola irrigado;
  4. Baixo São Francisco – em AL e SE, com forte influência marinha e ecossistemas estuarinos.

Além do rio principal, a bacia possui mais de 160 afluentes, sendo os principais: Rio Paracatu, Rio Verde Grande, Rio das Velhas, Rio Corrente e Rio Grande.

Mapa da Bacia do São Francisco

Importância da Bacia do Rio São Francisco

Como vimos acima, a Bacia do Rio São Francisco é uma das mais importantes do Brasil. Ela abrange sete unidades federativas (MG, BA, PE, SE, AL, GO e DF) e 12% do território nacional. O rio nasce na Serra da Canastra (MG) e percorre quase 3.000 km. Ele deságua entre Alagoas e Sergipe.

Essa bacia fornece água para mais de 18 milhões de pessoas, sustenta atividades agrícolas, industriais, geração de energia elétrica e comunidades ribeirinhas. Contudo, esse ecossistema está em estado crítico.

A Bacia do Rio São Francisco representa um ponto de encontro entre desenvolvimento e conservação. Ela é vital para a segurança hídrica, energética e segurança alimentar do Brasil, principalmente no semiárido. Contudo, a falta de conscientização da espécie humana vem ameaçando essa preciosidade. Vejamos:


Principais ameaças à Bacia do Rio São Francisco

1. Desmatamento e degradação da vegetação nativa: segundo o MapBiomas (2024), mais de 45% da vegetação original da bacia já foi suprimida, afetando assim a infiltração de água e o equilíbrio hidrológico. Áreas de Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica vêm sendo substituídas por pastagens e monoculturas.

2. Poluição e esgoto doméstico: De acordo com a ANA (2023), 60% das cidades da bacia não tratam adequadamente seus efluentes. Afinal, elas lançam esgoto diretamente nos afluentes do rio.

3. Uso intensivo para irrigação: A agricultura irrigada representa mais de 70% do uso da água na bacia. A irrigação sem controle afeta o volume do rio, principalmente em períodos de estiagem.

4. Transposição do Rio São Francisco: Apesar de levar água para regiões críticas do Nordeste, o projeto de transposição gera impactos ecológicos, sociais e hídricos profundos. Afinal, o desvio do curso natural afeta comunidades ribeirinhas, a biodiversidade, bem como o volume do rio.

5. Mudanças climáticas: As chuvas irregulares e o aumento das temperaturas reduzem o volume dos rios, assim como elevam a evaporação. Estudos da Revista FAPESP (2025) apontam que o São Francisco perdeu quase 35% da vazão média nos últimos 50 anos.


O projeto de transposição: solução ou problema?

A transposição, iniciada em 2007, visava garantir abastecimento em regiões secas. No entanto:

  • Beneficia principalmente grandes polos urbanos e agrícolas.
  • Impacta negativamente comunidades tradicionais que vivem do rio.
  • Não veio acompanhada de revitalização plena da bacia.

Segundo o biólogo José Galizia Tundisi, “Sem recuperar as nascentes e conter o desmatamento, a transposição será um paliativo de curto prazo”.


Soluções sustentáveis e regenerativas para o Velho Chico

1. Revitalização das nascentes e matas ciliares: Projetos como o “Refloresta São Francisco”, do WWF Brasil, já restauraram mais de 4.500 hectares de mata ciliar. A meta é alcançar 1 milhão de hectares até 2030.

2. Agricultura regenerativa: Adotar técnicas de plantio direto, agrofloresta, rotação de culturas e uso racional da água reduz impactos sobre a bacia. Por isso, o incentivos a agricultores familiares são fundamentais.

3. Gestão participativa da água: Comitês de bacia, formados por usuários, ONGs ambientais e poder público, devem ter mais autonomia para aplicar recursos e, principalmente, definir políticas locais.

4. Educação ambiental e empoderamento comunitário: Projetos como o “Velho Chico Vive”, da Articulação do Semiárido (ASA), sem dúvida, promovem educação ambiental em escolas ribeirinhas, criando redes de jovens defensores da água.

5. Pagamento por serviços ambientais (PSA): Iniciativas de PSA remuneram agricultores e comunidades que preservam áreas de recarga hídrica e vegetação nativa, como, por exemplo, o projeto-piloto em Minas Gerais com apoio do BNDES.


Dados atualizados da Bacia Hidrpgráfica do Rio São Francisco (2024)

IndicadorDado
Extensão do rio2.863 km
Área da bacia639.219 km²
População beneficiada18,2 milhões
Vegetação nativa remanescente~55%
Volume médio atual1.800 m³/s
Municípios atendidos pela transposição477
Unidades de conservação na bacia133

Como a preservação do Velho Chico contribui para a sustentabilidade global?

Manter a saúde do Rio São Francisco:

  • Garante segurança hídrica no semiárido.
  • Preserva espécies endêmicas e ameaçadas.
  • Reduz as emissões de carbono com recuperação de vegetação.
  • Promove justiça social e sobrevivência de comunidades vulneráveis.
  • Estimula economias sustentáveis de base local.

A Bacia do São Francisco é um laboratório vivo para implementar soluções adaptativas frente às mudanças climáticas. Além disso, é também um símbolo da necessidade de reconciliação entre sociedade e natureza.


Recomendações práticas para fortalecer a sustentabilidade da Bacia Hidrográfica do São Francisco

  • Apoiar produtos com certificação agroecológica vindos da bacia.
  • Cobrar políticas públicas voltadas à revitalização e tratamento de esgoto.
  • Participar ou apoiar ONGs que atuam na região.
  • Divulgar informações corretas e combater desinformação sobre a transposição.
  • Incentivar a adoção de tecnologias de reuso e eficiência hídrica.

Perguntas e Respostas para reflexão crítica sobre a Bacia do São Francisco

A transposição do Rio São Francisco é sustentável a longo prazo?

Não, se não for acompanhada de revitalização da bacia e, principalmente, o uso racional da água.

Os grandes irrigadores estão contribuindo para o esgotamento do rio São Francisco?

Sim, principalmente devido ao uso excessivo sem contrapartidas ambientais adequadas.

As políticas atuais priorizam comunidades tradicionais da Bacia Hidrográfica do São Francisco?

Não. A maioria dos projetos beneficia grandes cidades, bem como os setores agrícolas de larga escala.

O que podemos fazer como consumidores para preservar o Velho Chico?

Consumir produtos agroecológicos, apoiar ONGs e, sem dúvida, pressionar por políticas ambientais brasileiras efetivas.

A recuperação da vegetação nativa pode salvar o rio?

Sim, mas precisa ser acompanhada de políticas de gestão hídrica, educação ambiental e fiscalização.


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Veja Também


Fontes confiáveis utilizadas para pesquisa

  • Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
  • WWF Brasil
  • Revista FAPESP
  • ICMBio / Ministério do Meio Ambiente
  • Plataforma MapBiomas 2024
  • Jornal da USP
  • Fundação Joaquim Nabuco
  • Articulação do Semiárido (ASA)

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