Tempo estimado de leitura: 9 minutos
Segurança Alimentar e Nutricional: Uma Questão de Direitos Humanos e Saúde
A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é um dos principais temas relacionados à sustentabilidade, tanto para o Brasil quanto para o mundo. Afinal, você sabia que garantir que todas as pessoas tenham acesso a uma alimentação saudável e nutritiva é fundamental para promover a saúde, o bem-estar e a igualdade social?
Pois é. E é por isso que a SAN e a sustentabilidade estão intimamente relacionadas, já que precisamos encontrar formas de prover alimento para as pessoas sem prejudicar nosso planeta.
Então, a partir de agora vamos descobrir as razões por trás da insegurança alimentar, como ela afeta indivíduos no Brasil e ao redor do mundo, e o que podemos fazer para enfrentar a fome e criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Vamos lá?
O que é Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)?
Em princípio, a segurança alimentar e nutricional pode ser definida como o direito de todos os indivíduos de ter acesso aos alimentos e nutrição adequados, em quantidade e qualidade suficientes, independentemente de sua localização geográfica.
Tamanha importância, o tema faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 2 da ONU, um conjunto de desafios que devem ser superados por 169 países até 2030.
Lançado em 2015, o programa busca erradicar a pobreza, acabar com a fome, promover agricultura sustentável, saúde, bem-estar, educação, proteger o meio ambiente e várias outras ações para garantir que as pessoas desfrutem dos seus direitos humanos.
Mas, será que esses objetivos vêm sendo alcançados?
Dados sobre a fome e desnutrição no Brasil e no mundo
Quando um país falha com a segurança alimentar e nutricional da sua população, então dizemos que existe fome e desnutrição. Ou seja, ao menos uma parcela de seus habitantes sofre com insegurança alimentar e nutricional.
Segundo o relatório da ONU The State of Food Security and Nutrition in the World de 2022, em 2021 cerca de 828 milhões de pessoas sofreram com o problema em todo o mundo.
Apesar dos inúmeros esforços de instituições públicas, privadas e sem fins lucrativos para resolver os problemas de fome no planeta, houve um aumento considerável nos índices de insegurança alimentar e nutrição inadequada da população mundial quando comparados aos anos anteriores.
Com relação a 2020, por exemplo, foi registrado um aumento de 46 milhões de pessoas afetadas pela fome. Já com relação a 2019, os dados se tornam ainda mais alarmantes: o aumento foi de 150 milhões.
Segurança alimenta no Brasil
Em relação ao Brasil, quando falamos de segurança alimentar e nutricional, os números são preocupantes.
Segundo pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN), em 2022 mais de 33 milhões de pessoas se encontravam em situação de fome e mais de 58% dos brasileiros estavam convivendo com a má alimentação.
Dessa forma, os dados revelam que houve um grande retrocesso nos esforços de erradicar a fome no país. Por isso, o que vêm sendo feito nos últimos anos ainda se mostra insuficiente para garantir alimentação digna a todos os brasileiros.
Principais causas da insegurança alimentar e nutricional
A falta de alimentos e a desnutrição são resultados de uma série de fatores. Ainda de acordo com a pesquisa da Rede PENSSAN, são apontados como causas principais para estes problemas:
- Baixo poder aquisitivo;
- Falta de políticas públicas adequadas, principalmente de apoio às pessoas que moram no campo;
- Alta volatilidade dos preços dos alimentos;
- Diferenças de raça e gênero;
- Alto índice de desemprego (principalmente no contexto da pandemia da COVID-19);
- Baixa escolaridade;
- Escassez de água;
- Endividamento.
Mas afinal, o que o Brasil está fazendo para tentar reverter esta situação grave de insegurança alimentar e nutricional?
Exemplos de Políticas Públicas voltadas para a SAN
No Brasil, algumas políticas públicas buscam garantir a segurança alimentar e nutricional da população. A Lei nº 11.346/2006, por exemplo, instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), um conjunto de princípios, diretrizes e objetivos que buscam assegurar o direito humano à alimentação adequada.
Concomitantemente, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece alimentação aos alunos matriculados na educação básica pública – escolas municipais, estaduais e federais. O programa beneficia alunos da educação infantil, do ensino fundamental, do ensino médio e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) com o oferecimento de mais de 50 milhões de refeições por dia em toda a rede conveniada.
A importância do Bolsa Família na segurança alimentar
O Bolsa Família, por sua vez, é um programa federal de transferência de renda que busca assegurar o direito das famílias carentes à alimentação, saúde e educação.
Atualizado pela Medida Provisória nº 1.164/2023, o programa tem como requisito a inscrição no Cadastro Único e renda máxima para cada membro da família de R$ 218 por mês.
Então existem ações e iniciativas para buscar soluções. Mas muito ainda precisa ser feito. E sabe por quê? Porque a sustentabilidade do Brasil e do nosso planeta depende da segurança alimentar e nutricional. Vou te explicar melhor no próximo tópico.
Relação entre Segurança Alimentar e Nutricional e Sustentabilidade
A SAN e a sustentabilidade são dois conceitos que estão diretamente ligados. Ou seja, a SAN permite que a gente cuide do nosso planeta enquanto suprimos as necessidades alimentares da população.
Dessa forma, é preciso garantir que a capacidade de renovação dos recursos naturais seja maior do que a demanda crescente por comida. Caso contrário, haverá escassez de alimentos e aumento da fome.
Por outro lado, não basta apenas garantir o acesso da população aos alimentos. É preciso que tenham qualidade nutricional e que ofereçam o menor risco possível ao meio ambiente em suas etapas produtivas.
Isso inclui a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como cultivo sem agrotóxicos, tecnologias de reutilização de água para fins não potáveis, reflorestamento, rotação de culturas e uso de energia limpa e renovável.
Assim, ao mesmo tempo em que estamos combatendo a fome e promovendo a saúde e a igualdade social, também estamos protegendo o meio ambiente e contribuindo para um futuro mais verde e justo para todos.
Respondendo perguntas polêmicas sobre segurança alimentar.
Até que ponto o uso de agrotóxicos e pesticidas representa um risco à saúde humana?
Como garantir a segurança alimentar em um sistema que depende de grandes quantidades de agrotóxicos?
Qual o impacto do consumo de alimentos com agrotóxicos na saúde das pessoas, especialmente em longo prazo?
Leia:
Agrotóxicos e pesticidas: um risco à saúde humana
E como você pode fazer a sua parte para ajudar a combater a fome no mundo?
Além das políticas públicas de combate à fome, você também pode fazer a sua parte adotando algumas medidas no seu dia a dia. Entre as muitas possibilidades, cito três exemplos:
- Evitar o desperdício de alimentos. Ou seja, compre apenas o que é necessário e procure aproveitar o ingrediente por inteiro;
- Apoiar a agricultura familiar, comprando de produtores locais;
- Optar, sempre que possível, por produtos orgânicos, pois são produzidos de maneira sustentável.
Simples, não é mesmo? E te garanto que essas pequenas ações já vão fazer diferença na vida de muitas pessoas.
Então, lembre-se sempre de que cada um de nós pode fazer a diferença, seja evitando o desperdício de alimentos, apoiando a agricultura familiar ou optando por produtos sustentáveis. Juntos, podemos construir um mundo melhor e mais equilibrado para as futuras gerações.
[helpie_faq group_id=’1301’/]
Referências de pesquisa sobre segurança alimentar no Brasil
1. Órgãos Governamentais
- Ministério da Cidadania
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
2. Instituições de Pesquisa:
- Embrapa
- Universidade de Brasília (UnB): Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (NEPA)
- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): Centro de Estudos em Alimentação e Nutrição (CEAN)
3. Organizações Não Governamentais (ONGs):
- ActionAid Brasil
- AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa)
- Fundação Banco do Brasil
4. Revistas Acadêmicas
- Ciência & Saúde Coletiva:
- Revista Brasileira de Nutrição
- Cadernos de Saúde Pública
Respostas