Transição verde: o caminho entre o colapso e a regeneração
“Entre a zona de conforto e o abismo climático, há uma ponte verde — feita de escolhas corajosas, tecnologias limpas e justiça socioambiental.” — “A transição verde será justa ou simplesmente não acontecerá. Ou incluímos todos, ou não chegaremos a tempo.” — Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O que é transição verde?
A transição verde é o processo de transformação dos modelos de produção, consumo e infraestrutura econômica para torná-los mais sustentáveis, justos e resilientes, em resposta às emergências climática, ambiental e social.
Esse processo envolve, principalmente:
- Descarbonização (redução das emissões de gases de efeito estufa);
- Substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis;
- Economia circular e regenerativa, em vez do modelo linear (extrair-produzir-descartar);
- Preservação e restauração dos ecossistemas naturais;
- Justiça social e econômica, com inclusão de trabalhadores, povos tradicionais e populações vulneráveis.
Portanto, a transição verde não é apenas tecnológica — é estrutural, ética e coletiva.
Por que a transição verde é urgente?
Os relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, 2023) e do PNUMA (2024) mostram que:
- A janela para limitar o aquecimento global a 1,5 °C está se fechando rapidamente;
- Precisamos reduzir 45% das emissões globais até 2030 para evitar colapsos irreversíveis;
- O mundo já sofre com eventos climáticos extremos, escassez hídrica, perda de biodiversidade, insegurança alimentar e deslocamentos forçados.
Além disso, a economia fóssil — baseada em carvão, petróleo e gás — representa riscos sistêmicos: instabilidade de preços, dependência externa, conflitos geopolíticos e degradação ambiental.
Portanto, a transição verde é a única rota viável para um futuro possível.
Transformações da transição verde
1. Energia: Substituição de térmicas fósseis por energia solar, eólica, biomassa e hidrogênio verde; Democratização do acesso à energia limpa, com geração descentralizada.
2. Agricultura: Adoção de práticas agroecológicas, regenerativas e orgânicas. Além disso, recuperação de áreas degradadas e uso racional da água.
3. Indústria: Implementação de processos de produção mais limpa, com redução de resíduos e economia circular; Descarbonização de cadeias produtivas e uso de materiais recicláveis.
4. Mobilidade: Transição para transportes coletivos, não motorizados e eletrificados; Incentivo à infraestrutura urbana verde e inclusiva.
5. Emprego e formação: Capacitação para empregos verdes (energia limpa, gestão ambiental, reciclagem, reflorestamento). Além disso, requalificação profissional para setores em declínio (como, por exemplo, o carvão, o petróleo, etc.).
Dados atualizados sobre a transição verde (2025)
Indicador | Valor |
---|---|
Investimentos globais em energia renovável (2024) | US$ 1,8 trilhão |
Crescimento de empregos verdes no Brasil (últimos 3 anos) | +23% |
Áreas degradadas a serem restauradas até 2030 (meta nacional) | 12 milhões de hectares |
Participação de renováveis na matriz elétrica brasileira | 89% (em 2025) |
Emissões da agropecuária brasileira | 27% do total nacional (em queda com práticas regenerativas) |
Quais são os desafios da transição verde?
Apesar dos avanços, ainda enfrentamos diversos obstáculos, principalmente:
- Financiamento insuficiente para países e comunidades do Sul Global;
- Falta de políticas públicas integradas e consistentes;
- Conflitos de interesse com setores fósseis e do agronegócio intensivo;
- Risco de injustiça climática, com populações mais pobres arcando com os maiores custos;
- Greenwashing: discursos sustentáveis sem mudanças reais.
Além disso, é necessário garantir que a transição não agrave desigualdades existentes, mas gere oportunidades inclusivas e distribua os benefícios.
Transição verde e justiça social: dois lados da mesma moeda
Uma transição verde excludente ou elitista é um fracasso anunciado. Por isso, ela deve ser justa, garantindo assim:
- Direitos trabalhistas e transição justa para trabalhadores afetados (por exemplo: mineração, petróleo, grandes monoculturas);
- Participação ativa de mulheres, jovens, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais;
- Acesso equitativo a tecnologias, educação ambiental e energia limpa;
- Proteção dos direitos territoriais e da biodiversidade, com reconhecimento do papel dos guardiões da floresta.
O que podemos fazer para acelerar a transição verde?
Governos
- Criar planos nacionais de transição ecológica com metas claras, financiamento e participação social;
- Redirecionar subsídios fósseis para energias limpas e agricultura sustentável;
- Investir em educação técnica e científica voltada para a sustentabilidade.
Empresas
- Descarbonizar cadeias de produção com base em métricas científicas;
- Evitar o greenwashing e implementar práticas ESG autênticas;
- Priorizar inovação ecológica e economia circular.
Sociedade civil e consumidores
- Apoiar políticas públicas de transição verde;
- Reduzir consumo de carbono (como, por exemplo na alimentação, no transporte, e na energia);
- Valorizar produtos sustentáveis, cooperativas e economia solidária.
Exemplos inspiradores de transição verde no Brasil e no mundo
- Alemanha: plano de transição energética até 2035 com foco em justiça social e empregos verdes;
- Brasil: expansão de cooperativas de energia solar no Semiárido;
- Quênia: distribuição de fogões sustentáveis e energia solar em vilarejos rurais;
- Amazonas: manejo florestal comunitário e cadeias de bioeconomia (por exemplo: o açaí, a andiroba, o copaíba);
- São Paulo: ônibus elétricos e metas de emissão zero no transporte público.
Resumo final
A transição verde é o maior desafio — e a maior chance — da nossa geração. Afinal, ela exige coragem para abandonar velhos modelos destrutivos e construir novas economias que respeitam a vida, distribuem riqueza e regeneram o planeta. Em conclusão, não há tempo a perder: o futuro será verde, ou não será possível.
Perguntas e respostas para reflexão crítica
Não. Quando bem planejada, ela gera novos empregos, reduz riscos e, por isso, atrai investimentos sustentáveis.
Não. Porque as transições excludentes aumentam desigualdades e resistências. De fato, sem inclusão, não há transição real.
Tem potencial único, mas precisa alinhar políticas públicas, investimentos e proteção dos territórios tradicionais.
Não. Uma vez que ela exige compromisso de todos os setores: empresas, sociedade civil, cidadãos e comunidades.
Energia, agropecuária, indústria pesada, transporte e construção — mas todos os setores têm um papel a cumprir.