Entre os contornos tranquilos da Lagoa Rodrigo de Freitas e as encostas verdes da Zona Sul do Rio de Janeiro, o Parque Natural Municipal da Catacumba surge como uma joia escondida em meio à cidade. Criado oficialmente em 19 de janeiro de 1979, por meio do Decreto Municipal nº 1.967, o parque contava originalmente com cerca de 27 hectares. Posteriormente, sua importância foi ampliada com a promulgação do Decreto Municipal nº 49.890, de 30 de novembro de 2021, que incorporou novas áreas e elevou sua extensão total para aproximadamente 97,65 hectares. Essa expansão estratégica não apenas aumentou sua relevância ecológica, mas também fortaleceu seu papel sociocultural na paisagem carioca.
Seu nome remete à antiga favela da Catacumba, desativada nos anos 1970 durante um polêmico processo de reurbanização que transformou profundamente a área. Desde então, o espaço foi ressignificado como um território de conservação, educação e lazer.
Embora esteja rodeado por bairros densamente habitados como Lagoa, Ipanema e Leblon, o parque oferece uma experiência que contrasta com o ritmo acelerado da cidade. Ao adentrar suas trilhas, o visitante se desconecta do cotidiano urbano e encontra um refúgio onde natureza, arte e consciência ambiental se entrelaçam com harmonia.
Arte em meio à vegetação nativa
Um dos grandes diferenciais do Parque da Catacumba é, sem dúvida, a presença do Espaço Arte na Lagoa, um circuito de esculturas ao ar livre que se espalha pelos caminhos. Desde a década de 1990, artistas como Franz Weissmann, Carlos Scliar, Mário Agostinelli e outros nomes consagrados das artes plásticas deixaram suas obras em exposição permanente no parque. Assim, essas esculturas, distribuídas entre árvores e clareiras, provocam a sensibilidade de quem passa, criando uma experiência imersiva em que a arte se funde com a Mata Atlântica.
Além disso, os visitantes são surpreendidos por mirantes estrategicamente posicionados ao longo das trilhas. Entre eles, destacam-se o Mirante do Sacopã e o Mirante do Urubu, ambos amplamente procurados por oferecerem vistas espetaculares da Lagoa Rodrigo de Freitas, do Morro Dois Irmãos, do Jardim Botânico e da faixa litorânea da Zona Sul. Em dias de céu limpo, portanto, a paisagem se revela como um verdadeiro espetáculo, combinando mar, montanhas e vegetação nativa de forma impressionante.
Um fragmento vital da Mata Atlântica
Apesar da localização central, o Parque da Catacumba conserva um importante remanescente da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do país. A vegetação inclui espécies como embaúba, pau-ferro, jacarandá e uma variedade de bromélias. Esse conjunto forma um habitat propício para a fauna local, que se mantém ativa mesmo em meio ao ambiente urbano.
Diversos animais habitam a área, entre eles preguiças, tatus, saguis, gambás e muitas aves. É comum ouvir o canto de bem-te-vis, sanhaços, tiês-sangue e observar a movimentação de corujas-buraqueiras. Essa biodiversidade contribui para o equilíbrio do ecossistema e serve como recurso fundamental nas atividades de educação ambiental desenvolvidas no local.
Em áreas de encosta, o parque investe em projetos de reflorestamento para conter a erosão e garantir a regeneração natural. Essas ações reforçam o papel da Catacumba como um modelo de gestão urbana sustentável.
Trilhas acessíveis com vistas deslumbrantes
Com percursos curtos e bem conservados, o parque atrai visitantes de diferentes perfis. Suas trilhas apresentam níveis de dificuldade variados, permitindo que crianças, idosos e pessoas com preparo físico moderado possam desfrutar da caminhada com segurança.
A Trilha do Mirante do Sacopã tem cerca de 600 metros e é uma das mais frequentadas. Ao longo do trajeto, o visitante encontra trechos com escadas de pedra, bancos para descanso e trechos cobertos por dossel vegetal. Já a Trilha do Mirante do Urubu apresenta maior inclinação, oferecendo uma experiência mais intensa e vistas ainda mais amplas do entorno.
Além das trilhas, o parque abriga atividades de aventura como rapel, tirolesa e arvorismo, sempre conduzidas por empresas credenciadas que seguem normas rigorosas de segurança e sustentabilidade.
Estrutura básica, mas eficiente
A infraestrutura do Parque da Catacumba atende bem às demandas do público. No local, há banheiros, bebedouros, centro de visitantes, circuito de ginástica, galeria de arte e um posto de monitoria ambiental. O acesso principal fica na Avenida Epitácio Pessoa, nº 3000, e o funcionamento ocorre de terça a domingo, das 8h às 17h.
O parque segue regras claras para garantir a conservação da área. Não é permitido acampar, alimentar os animais, transitar com bicicletas nas trilhas nem remover qualquer elemento da natureza. Tais orientações asseguram a integridade do ambiente e a segurança dos frequentadores.
Educação ambiental e consciência coletiva
O Parque da Catacumba também atua como polo de educação ambiental. Equipes especializadas promovem ações voltadas a escolas, grupos comunitários e turistas, incluindo trilhas interpretativas, palestras, oficinas e campanhas de reflorestamento com a participação da comunidade.
Essa abordagem estimula o senso de pertencimento e desperta a responsabilidade coletiva pela preservação da natureza. Ao oferecer acesso fácil e atividades educativas, o parque se firma como um elo entre o cotidiano urbano e os princípios da sustentabilidade.
Memória, arte e pertencimento
O passado do local ainda reverbera na identidade do parque. A antiga Favela da Catacumba, removida nas décadas de 1960 e 1970, deixou marcas que hoje são lembradas em debates sobre memória urbana e direito à moradia. Essa história confere à área um significado simbólico que ultrapassa seu valor ambiental, abrindo espaço para reflexões sobre inclusão, justiça social e políticas públicas.
Outro ponto singular é a maneira como a arte se entrelaça com o território. O conceito de museu a céu aberto transforma a visita em uma experiência sensorial e cultural, que vai além do lazer ou do contato com a natureza. A proposta amplia o valor do parque, conectando o visitante à paisagem de forma mais profunda.
Um modelo para as cidades
O Parque Natural Municipal da Catacumba representa um exemplo claro de como áreas naturais podem ser integradas aos centros urbanos de forma funcional e educativa. Sua existência mostra que a preservação ambiental não precisa se opor ao desenvolvimento da cidade, desde que haja planejamento, engajamento social e políticas eficazes de manejo.
Cada visita torna-se uma oportunidade para fortalecer essa visão. O cuidado com as trilhas, o respeito às espécies locais e a participação nos programas ambientais são atitudes que, somadas, ajudam a manter viva essa importante área verde do Rio de Janeiro.
Conclusão
Mais do que um parque, a Catacumba é um símbolo de transformação urbana, convivência com a biodiversidade e valorização da cultura ao ar livre. Em tempos de expansão desordenada e crescente desconexão com a natureza, espaços como esse lembram que é possível — e necessário — integrar preservação e qualidade de vida.
Ao visitar o Parque da Catacumba, o cidadão não apenas desfruta de uma bela paisagem, mas também assume o compromisso de defender o que ela representa. Afinal, o futuro das cidades depende da forma como escolhemos preservar seus espaços naturais no presente.
Resumo com perguntas frequentes
O Parque Natural Municipal da Catacumba é uma unidade de conservação ambiental voltada à proteção da Mata Atlântica, ao lazer sustentável e à valorização da arte e da paisagem natural.
O parque está situado na Avenida Epitácio Pessoa, nº 3000, no bairro da Lagoa, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, com acesso facilitado e vista privilegiada para a Lagoa Rodrigo de Freitas.
A Prefeitura do Rio de Janeiro criou oficialmente o parque em 19 de janeiro de 1979, por meio do Decreto Municipal nº 1.967. Desde então, tem passado por ações contínuas de requalificação ambiental e ampliação de sua área protegida.
Inicialmente, o parque possuía cerca de 27 hectares. No entanto, em 30 de novembro de 2021, sua área foi ampliada por meio do Decreto Rio nº 49.890, incorporando áreas vizinhas como os parques Fonte da Saudade e José Guilherme Merquior. Atualmente, o parque abrange 97,65 hectares, consolidando-se como uma das maiores áreas verdes protegidas da Zona Sul carioca.
Sim. A visitação é aberta ao público e gratuita. Além disso, o parque oferece trilhas ecológicas com mirantes, esculturas ao ar livre, atividades esportivas e contato direto com a natureza, sempre com foco na preservação ambiental.
Durante a visita, atitudes simples fazem diferença: respeitar as trilhas, evitar barulho excessivo, não alimentar os animais, e jamais descartar lixo no ambiente. Ademais, ao divulgar o parque e incentivar o turismo consciente, você ajuda a manter viva sua função ecológica e educativa.
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- Categoria: Parques Naturais do Rio de Janeiro