O que é a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES)?
A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) é um órgão intergovernamental independente atuante em todo o mundo e no Brasil. Estabelecido em 2012, visa avaliar o estado da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos do planeta. Além disso, fornecer conhecimento científico para políticas públicas eficazes para a sua conservação e uso sustentável.
Breve História do IPBES
A história da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) teve início em meados da década de 2000, quando a comunidade internacional reconheceu a necessidade urgente de um mecanismo global para avaliar a saúde da biodiversidade e fornecer subsídios científicos para políticas públicas eficazes para a sua conservação.
Conferência sobre Biodiversidade: Um Ponto de Virada:
Em 2005, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade em Curitiba, Brasil, a ideia de criar a IPBES ganhou força. Governos, cientistas e representantes da sociedade civil se uniram em torno da necessidade de um fórum global para discutir a crise da biodiversidade e buscar soluções.
Mecanismo Internacional de Especialistas em Biodiversidade (IMoSEB)
Em resposta a essa necessidade, a UNESCO organizou a primeira reunião do Mecanismo Internacional de Especialistas em Biodiversidade (IMoSEB) em janeiro de 2006. Este grupo independente, formado por aproximadamente 30 cientistas de renome, teve a tarefa de avaliar a condição da biodiversidade mundial e sugerir mecanismos para aprimorar a ciência da biodiversidade.
Números interessantes apresentados nos relatórios do IPBES
Através de relatórios e publicações, a IPBES fornece números alarmantes que evidenciam a urgente necessidade de ações para proteger a natureza e garantir o bem-estar das gerações presentes e futuras. Por exemplo:
1. Declínio da Biodiversidade segundo o IPBES
1 milhão de espécies: Entre 2010 e 2020, estima-se que até 1 milhão de espécies de plantas e animais podem ter sido extintas em escala global.
Taxa de extinção: A taxa de extinção das espécies é dezenas a centenas de vezes maior do que a taxa natural de extinção.
Perda de habitat: A perda de habitat natural é a principal causa da perda de biodiversidade, responsável por 80% das extinções de espécies.
2. Impactos para a Sociedade:
8 bilhões de pessoas: A biodiversidade sustenta a vida de 8 bilhões de pessoas no planeta. Fornecendo assim alimentos, água potável, ar puro e outros serviços essenciais para todos.
Perda de serviços ecossistêmicos: O declínio da biodiversidade está colocando em risco a prestação de serviços ecossistêmicos como a polinização de plantas, a regulação do clima e a purificação da água.
Impactos socioeconômicos: A perda de biodiversidade pode levar à perda de meios de subsistência, à pobreza extrema e à intensificação dos conflitos por recursos.
3. Ameaças à Biodiversidade:
Mudanças climáticas: As mudanças climáticas são uma das principais ameaças à biodiversidade, causando o aquecimento global, a elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos.
Exploração excessiva: A exploração excessiva de recursos naturais como água, madeira e minerais está levando à degradação ambiental e à perda de biodiversidade.
Poluição: A poluição por produtos químicos, plásticos e outros poluentes está contaminando o meio ambiente e prejudicando a saúde das espécies.
4. Ações Urgentes para a Conservação:
Ação imediata: É fundamental tomar medidas urgentes para reduzir a perda de biodiversidade e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Transição para uma economia verde: Adoção de modelos de produção e consumo mais sustentáveis que minimizem o impacto ambiental e preservem a biodiversidade.
Proteção de áreas naturais: Criação e gestão eficaz de áreas protegidas para conservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
Restauração de habitats degradados: Investimento em ações de restauração florestal, recuperação de áreas úmidas e outras iniciativas para recuperar habitats degradados.
Cooperação internacional: Fortalecimento da cooperação global para enfrentar os desafios da perda de biodiversidade, bem como das mudanças climáticas.
5. O Papel da IPBES:
Avaliação científica: A IPBES fornece avaliações científicas robustas sobre o estado da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.
Subsídios para políticas públicas: A IPBES fornece subsídios científicos para políticas públicas em diferentes níveis, desde o local até o global.
Conscientização da sociedade: A IPBES trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância da biodiversidade e para mobilizar ações para a sua conservação.
Objetivos da IPBES
Avaliar o estado da biodiversidade: A IPBES realiza avaliações globais e regionais abrangentes da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Por isso, utiliza o conhecimento de diversas áreas, como a biologia, a ecologia, a economia e as ciências sociais.
Identificar as principais causas da perda de biodiversidade: A IPBES investiga os fatores que estão levando à perda de biodiversidade, como mudanças no uso da terra, exploração excessiva de recursos, mudanças climáticas e poluição.
Avaliar os impactos da perda de biodiversidade: A IPBES analisa os impactos da perda de biodiversidade para o bem-estar humano, a economia e o desenvolvimento sustentável.
Fornecer conhecimento científico para políticas públicas: A IPBES fornece subsídios científicos para políticas públicas em diferentes níveis, desde o local até o global, visando a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos serviços ecossistêmicos.
Funcionamento da IPBES
A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) possui uma estrutura organizacional robusta e abrangente, composta por diversos órgãos e mecanismos que trabalham em conjunto para alcançar os seus objetivos. Essa estrutura garante a participação ativa de diferentes países, especialistas e setores da sociedade, possibilitando a produção de conhecimento científico de alta qualidade e a sua aplicação em políticas públicas eficazes para a conservação da biodiversidade.
Órgãos principais:
Plenário: Órgão supremo da IPBES, composto por representantes dos seus países membros. Reúne-se a cada dois anos para tomar decisões sobre o trabalho da Plataforma, eleger membros do Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP) e aprovar relatórios e produtos científicos.
Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP): Órgão científico independente da IPBES, composto por cerca de 150 especialistas de todo o mundo. É responsável por realizar as avaliações globais e regionais da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, e por fornecer subsídios científicos para o Plenário.
Políticas e Meios de Implementação: Órgão composto por representantes de governos, organizações intergovernamentais, sociedade civil e setor privado. É responsável por identificar e analisar as políticas e mecanismos necessários para implementar as conclusões das avaliações da IPBES.
Painel de Avaliação e Síntese: Órgão responsável por avaliar e sintetizar o conhecimento científico disponível sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. É composto por especialistas do MEP e de outros órgãos da IPBES.
O paisnel de Capacitação e Divulgação: Órgão responsável por fortalecer as capacidades dos países membros da IPBES para realizar avaliações da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, e por divulgar o conhecimento científico gerado pela Plataforma para o público em geral.
Órgãos de apoio:
Secretariado: Administra o dia a dia da IPBES, fornece apoio técnico aos seus órgãos e facilita a comunicação entre os países membros e outras partes interessadas.
Grupo de Apoio Científico e Técnico (STA): Fornece aconselhamento científico e técnico ao Plenário e aos outros órgãos da IPBES.
Grupo de Apoio de Comunicação e Divulgação: Auxilia na comunicação do trabalho da IPBES para o público em geral.
Apoio de Finanças e Administração: Supervisiona as finanças e a administração da IPBES.
Processo de Avaliação:
A IPBES realiza avaliações globais e regionais da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos através de um processo rigoroso e participativo que envolve especialistas de todo o mundo. O processo de avaliação da IPBES se baseia em cinco etapas principais:
Definição do escopo e das metodologias: O Plenário da IPBES define o escopo da avaliação, as metodologias a serem utilizadas e os recursos necessários.
Preparação da avaliação: O MEP prepara a avaliação, com base em uma ampla revisão da literatura científica, na consulta a especialistas e em outras fontes de informação.
Revisão e aprovação da avaliação: A avaliação é revisada por um grupo de especialistas independentes e pelo Plenário da IPBES.
Publicação da avaliação: A avaliação é publicada em um relatório científico e em outros produtos, como sínteses e resumos para o público em geral.
Implementação das conclusões da avaliação: O Painel de Políticas e Meios de Implementação trabalha com os países membros e outras partes interessadas para implementar as conclusões da avaliação em políticas públicas e ações concretas.
Atuação da IPBES no Brasil
O Brasil é um dos membros fundadores da IPBES e participa ativamente das suas atividades.
Cientistas brasileiros contribuem para as avaliações da IPBES e para o desenvolvimento de conhecimento científico sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos no país.
A IPBES tem colaborado com o governo brasileiro na definição de políticas públicas para a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais.
Participação Ativa do Brasil na IPBES
O Brasil foi um dos países fundadores da IPBES em 2012, demonstrando seu compromisso com a conservação da biodiversidade global. Por isso, diversos cientistas brasileiros contribuem ativamente para o trabalho da IPBES, participando das avaliações globais e regionais, e fornecendo conhecimento científico sobre a biodiversidade brasileira.
Além disso, o Brasil utiliza os subsídios científicos da IPBES para formular políticas públicas para a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais. Principalmente, o Brasil criou a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) como um mecanismo nacional para articular e fortalecer a participação do país na IPBES.
Exemplos da Atuação da IPBES no Brasil:
Avaliação da Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do Brasil: A IPBES, em parceria com o governo brasileiro, realizou uma avaliação abrangente da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos do Brasil, que forneceu subsídios científicos valiosos para a definição de metas e estratégias nacionais para a conservação da natureza.
Plano Nacional de Biodiversidade: O Brasil utilizou os resultados da avaliação da IPBES para elaborar o Plano Nacional de Biodiversidade (PNB), que define as ações prioritárias para a conservação da biodiversidade no país.
Política Nacional de Biodiversidade: A IPBES também contribuiu para a formulação da Política Nacional de Biodiversidade (PNB), que estabelece os princípios e diretrizes para a gestão da biodiversidade no Brasil.
Restauração da Mata Atlântica: A IPBES apoia o Brasil em seus esforços para restaurar a Mata Atlântica, um dos biomas mais importantes do planeta e que está altamente ameaçado.
Desafios e Perspectivas no Brasil
Apesar dos avanços significativos, o Brasil ainda enfrenta diversos desafios para a conservação da sua biodiversidade, como o desmatamento, a exploração excessiva de recursos naturais e a poluição. A IPBES continuará a fornecer subsídios científicos para o Brasil, auxiliando na busca por soluções para esses desafios e na construção de um futuro mais verde e sustentável.
Importância da IPBES:
A IPBES é um importante fórum global para a discussão sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
A Plataforma fornece conhecimento científico crucial para a tomada de decisões sobre a conservação da natureza e o uso sustentável dos recursos naturais.
O trabalho da IPBES é fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, especialmente a meta 15, que visa “proteger, conservar e restaurar os ecossistemas terrestres e aquáticos”.
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