O que são xenarthros? #
Os xenarthros são um grupo (superordem) fascinante de mamíferos que inclui os tamanduás, tatus e bichos-preguiça. Eles possuem características únicas, como articulações especiais na coluna e metabolismo lento.
Os xenarthros (do grego xenos = estranho + arthron = articulação) formam uma superordem de mamíferos placentários nativos da América. Eles se destacam por sua coluna vertebral diferenciada, que possui articulações extras chamadas xenartria. Essas articulações aumentam a estabilidade da coluna, ajudando na escavação, no suporte de peso, bem como na locomoção em árvores.
Atualmente, os xenarthros são representados por três grupos principais:
- Tamanduás (família Myrmecophagidae)
- Tatus (família Dasypodidae)
- Preguiças (famílias Bradypodidae e Megalonychidae)
Esses mamíferos são encontrados principalmente na América do Sul e Central e apresentam hábitos diversos, como escavação, vida arborícola e alimentação especializada. Mas de onde vêm esses animais? Como evoluíram? E quais são suas adaptações para a sobrevivência?
Neste artigo, vamos explorar o que são os xenarthros, suas principais características, sua evolução e os animais que fazem parte desse grupo.
Características dos xenarthros #
Os xenarthros compartilham características anatômicas e fisiológicas exclusivas, que os diferenciam de outros mamíferos placentários. Entre elas, destacam-se:
- Coluna com articulações extras: Permite maior estabilidade e resistência para cavar, subir em árvores ou carregar peso.
- Metabolismo lento: A taxa metabólica dos xenarthros é muito baixa em comparação com outros mamíferos, ou seja, os torna menos dependentes de grandes quantidades de alimento.
- Patas com garras fortes: Tanto os tamanduás quanto as preguiças e tatus possuem garras afiadas para cavar, escalar ou se defender.
- Dieta especializada: Muitos xenarthros se alimentam de insetos, folhas ou pequenos invertebrados, adaptando-se assim a nichos ecológicos específicos.
- Baixa temperatura corporal: Enquanto a maioria dos mamíferos mantém a temperatura corporal em torno de 36-39°C, os xenarthros podem ter temperaturas entre 30 e 34°C, economizando energia.
Pois bem, agora que já conhecemos suas principais características, vamos entender como os xenarthros evoluíram ao longo do tempo.
Evolução dos xenarthros #
Os xenarthros têm uma origem muito antiga e evoluíram exclusivamente na América do Sul, onde surgiram há cerca de 60 milhões de anos, no Paleoceno. Durante esse período, a América do Sul era um continente isolado, sem conexão com a América do Norte. Como resultado, esses mamíferos evoluíram sem a concorrência de predadores ou herbívoros mais avançados e, por isso, desenvolveram características únicas.
No passado, os xenarthros eram muito mais diversificados e incluíam espécies gigantes, como:
- Megatério (Megatherium) – Uma preguiça gigante que chegava a 6 metros de altura e pesava cerca de 4 toneladas.
- Gliptodonte (Glyptodon) – Um parente extinto dos tatus, que tinha uma carapaça enorme e podia atingir 3 metros de comprimento.
Há cerca de 3 milhões de anos, com o surgimento do Istmo do Panamá, ocorreu o Grande Intercâmbio Biótico Americano. Esse evento permitiu que os xenarthros migrassem para a América do Norte, ao mesmo tempo em que carnívoros e outros mamíferos norte-americanos chegaram ao sul.
Infelizmente, muitos dos xenarthros gigantes se tornaram extintos no final da Era do Gelo, há cerca de 10 mil anos. Acredita-se que a combinação das mudanças climáticas e a caça por humanos primitivos tenha levado essas espécies ao desaparecimento.
Hoje, os xenarthros sobreviventes incluem os tamanduás, preguiças e tatus, que são versões menores e assim altamente adaptadas aos diferentes ambientes da América.
Curioso, né? Você sabia que o Megatério era tão grande que podia se apoiar sobre as patas traseiras e alcançar folhas no topo das árvores, como um urso gigante?
Quais são os xenarthros? #
Atualmente, os xenarthros são representados por 31 espécies vivas, divididas em três ordens principais:
Bichos-preguiça (Subordem Folivora) #
As preguiças são mamíferos arborícolas conhecidos por sua movimentação lenta e dieta baseada em folhas. Existem dois grupos principais:
- Preguiças-de-três-dedos (família Bradypodidae) – Exemplo: Bradypus variegatus (preguiça-comum).
- Preguiças-de-dois-dedos (família Megalonychidae) – Exemplo: Choloepus hoffmanni (preguiça-de-Hoffmann).
As preguiças vivem em florestas tropicais da América do Sul e Central, passando a maior parte do tempo penduradas em galhos.
Tamanduás (Subordem Vermilingua) #
Os tamanduás são mamíferos especializados na alimentação de formigas e cupins. São divididos em três gêneros principais:
- Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) – O maior dos tamanduás, terrestre e encontrado em campos e florestas.
- Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla e Tamandua mexicana) – De médio porte, semiarborícola e encontrado na América do Sul e Central.
- Tamanduá-anão (Cyclopes didactylus) – O menor da família, totalmente arborícola e com pelagem dourada.
Os tamanduás possuem uma língua longa e pegajosa, bem como garras fortes para abrir cupinzeiros.
Tatus (Ordem Cingulata) #
Os tatus são mamíferos protegidos por uma carapaça óssea e adaptados para cavar. Atualmente, existem 21 espécies, divididas em diferentes gêneros, como:
- Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) – O mais comum e encontrado em grande parte das Américas.
- Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) – Capaz de se enrolar completamente como defesa.
- Tatu-canastra (Priodontes maximus) – O maior de todos, podendo chegar a 1,5 metro de comprimento.
- Tatu-peba (Euphractus sexcinctus) é um dos tatus mais comuns e adaptáveis do Brasil.
Pricinpais ameaças #
Destruição e Fragmentação do Habitat: Esta é a maior ameaça para a maioria dos xenartros. O avanço da agricultura, a expansão da pecuária, o desmatamento e as queimadas destroem as áreas de mata e cerrado onde esses animais vivem, caçam e se abrigam. A perda de habitat leva ao isolamento de populações, tornando-as mais vulneráveis.
Atropelamentos: Com a expansão da malha rodoviária, os animais, em especial os tamanduás-bandeira, são frequentemente atropelados. Isso acontece porque as estradas cruzam seus territórios e eles são lentos, o que dificulta a fuga de veículos.
Caça e Perseguição: A caça, seja para consumo da carne, para venda como animais de estimação ou por superstições, é uma ameaça significativa. Alguns animais, como o tatu-bola, são particularmente visados, o que contribuiu para sua categorização em um grau de ameaça mais elevado. Além disso, tamanduás e tatus podem ser atacados por cães domésticos ou agredidos por humanos, especialmente quando se aproximam de áreas urbanas.
Incêndios Florestais: Incêndios, muitas vezes provocados por ação humana, são um grande perigo para a fauna, incluindo os xenartros, que podem ter dificuldade para fugir do fogo.
Falta de Dados e Pesquisas: A carência de informações sobre a biologia e a reprodução de muitas espécies dificulta a criação de estratégias de conservação eficazes. Esse conhecimento é crucial para entender como proteger e principalmente recuperar as populações.
Curiosidades incríveis sobre os xenarthros #
1- São um dos grupos mais antigos de mamíferos placentários das Américas.
2- A preguiça tem um sistema digestivo extremamente lento, levando até um mês para digerir uma única refeição.
3- O Megatério, uma preguiça gigante extinta, era do tamanho de um elefante.
4- Os tamanduás não têm dentes, mas usam a língua pegajosa para capturar milhares de formigas por dia.
5- O tatu-bola é o único tatu capaz de se enrolar completamente dentro de sua carapaça.
Órgão público de controle e fiscalização da espécie #
No Brasil, o órgão federal responsável pela proteção dessa e de outras espécies da fauna silvestre é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O IBAMA atua na fiscalização contra caça ilegal, tráfico de animais silvestres e destruição de habitats naturais, além de coordenar programas de conservação. Outra instituição importante é o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que gerencia unidades de conservação, bem como projetos de proteção de espécies ameaçadas, como os tamanduás-bandeira.
Como ajudar na conservação a superordem dos xenarthros? #
Os xenarthros enfrentam diversas ameaças, como desmatamento, caça ilegal e atropelamentos. Algumas maneiras de ajudar incluem:
- Preservar habitats naturais, evitando assim o desmatamento.
- Dirigir com atenção em áreas onde esses animais vivem, para evitar atropelamentos.
- Divulgar informações sobre os xenarthros, conscientizando mais pessoas sobre sua importância.
O que fazer ao encontrar um animal selvagem na natureza? #
O ideal é não se aproximar e não tentar tocá-lo. Principalmente, se ele estiver ferido, acione órgãos ambientais, como o IBAMA, pelo telefone Linha Verde: 0800 61 8080 ou procure a Polícia Ambiental local.
Perguntas e Respostas #
Os xenarthros são uma superordem de mamíferos placentários nativos da América do Sul e Central. Esse grupo inclui tamanduás, tatus e bichos-preguiça, que compartilham características únicas, por exemplo, articulações extras na coluna, metabolismo lento e garras fortes.
Atualmente, os xenarthros são representados por três grupos principais: Tamanduás (como o tamanduá-bandeira e o tamanduá-mirim). Tatus (como o tatu-bola e o tatu-canastra). Preguiças (como por exemplo a preguiça-de-três-dedos e a preguiça-de-dois-dedos).
Os xenarthros surgiram na América do Sul há cerca de 60 milhões de anos e evoluíram sem a concorrência de outros mamíferos, já que o continente estava isolado. Com a formação do Istmo do Panamá, algumas espécies migraram para a América do Norte.
Os xenarthros possuem um metabolismo muito mais lento do que outros mamíferos, o que significa que consomem menos energia e precisam de menos comida para sobreviver. Isso é principalmente importante para as preguiças, que vivem em árvores e se alimentam de folhas, um alimento de digestão difícil e pouco nutritivo.
Sim, algumas espécies de xenarthros enfrentam sérios riscos devido à destruição do habitat, caça e atropelamentos. Por exemplo, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra, por exemplo, são considerados vulneráveis à extinção. Em conclusão, a preservação dos ambientes naturais e a conscientização sobre sua importância no ecossistema são fundamentais para sua sobrevivência.
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Agora que você conhece esse grupo fascinante, que tal compartilhar esse conhecimento e ajudar na preservação desses incríveis mamíferos?
